Um Outro Eu
POV Bella
Viajamos desde o pôr do sol até o amanhecer, vi o sol se pondo, o
crepúsculo. Emily falava comigo tentando me distrair e eu tentava manter um
diálogo com ela, mas em determinados momentos não conseguia manter a conversa.
Logo tudo me fazia lembrar o Dean, em todo o momento de nossa viagem eu o
imaginava aqui comigo e com isso a dor voltava me fazendo perder o foco da
conversa e a vontade de falar, eu me resumia em minha insignificância, encostando
minha cabeça no vidro da janela e me perco em pensamentos, lembranças de um
tempo não muito distante, onde eu fui feliz, lembrei da viagem que eu, Jacob e
Dean fizemos até Phoenix para ver minha mãe. Parecia que tinha sido há séculos
essa nossa felicidade, parecia que era um mundo paralelo, uma outra vida que eu
tive, será que foi real? Existiu mesmo um tempo em minha vida que eu pude saber
o que era o amor, em todos os seus aspectos, de amigo, de irmão, de homem e
mulher e o de mãe? Suspiro pesadamente, sim existiu, mas ele não vai voltar.
Dessa viagem com a Emily eu não sabia o que esperar, apenas contava que
algum milagre acontecesse e me fizesse acordar desse pesadelo que se tornou a
minha vida.
–Você vai adorar Makai, tenho certeza que minha mãe vai estar nos
esperando com a famosa torta de framboesa dela... Uma delícia, Bella. - Emily
sempre tentava me animar.
Depois de um tempo paramos em um posto de gasolina para esticar um pouco
as pernas.
–Vem, vamos comer alguma coisa.
–Não estou com fome. – eu disse, fazendo uma careta, não sentia fome há
dias, praticamente comia obrigada, Emily por sua vez não se convenceu da minha
falta de apetite.
–Ah não Bella! Isso pode até funcionar com o Jacob, mas comigo não cola,
vai comer sim, está na hora de alimentar esse corpo.
Ela praticamente saiu me empurrando em direção à lanchonete e logo
estávamos sentadas no capô do carro comendo nossos sanduíches, e posso dizer
uma coisa, estava uma delícia. Emily me olha com um sorriso, está feliz que
pelo menos tenha conseguido me fazer comer, nos últimos dias cada passo
adiante, pelo mínimo que seja, é uma vitória da vida sobre a dor, mas voltando
ao foco, e a questão do que é essa viagem e o que ela significa, eu a aceitei
numa tentativa desesperada como um pedido de socorro, e nem sequer sei direito
o que vamos fazer e nem o que é essa tal celebração que tanto fizeram questão
da nossa presença.
–Emily, como é essa celebração da sua tribo? É como a dos Quileutes?
Ela nega.
–Não. Essa somente as mulheres da tribo fazem parte, Makai tem sua
modernidade assim como os Quileutes, mas a maioria segue as tradições.
Ela me explicou, fiquei mais curiosa para saber sobre a celebração.
–Tá, mas e aí, o que rola?
Ela toma um gole do refrigerante, ficando séria como uma professora
pronta para explicar um assunto.
–Bom... Minha tribo e a única tribo indígena em que as mulheres são
guerreiras, no passado muitas empunhavam seus arcos e lutavam ao lado de seus
irmãos, pais, até mesmo com seus companheiros, sou descendente de uma grande
guerreira, que liderou as mulheres para lutarem contra os brancos, a filha do
grande chefe da tribo.
Ela para me olhando, vendo se estou prestando atenção ao que ela diz, e
isso me fascina.
–A celebração é para lembrar esse acontecimento e passá-lo, adiante aos
mais novos, a importância das mulheres de nossa tribo. Desde pequenas sempre
aprendemos que somos fortes tal qual os guerreiros e somos até mais
importantes, pois nós os geramos, para os Makai a mulher sempre está acima do homem,
pois ela gera os guerreiros de Makai.
Eu abaixo minha cabeça, triste, deixando meu pensamento escapar...
–Gostaria de ter essa força, poder erguer minha cabeça e seguir adiante,
mas não consigo, não mais sem meu filho, uma parte de mim foi morta pelo...
Viro o rosto, o nome dele engasga em minha garganta, fazendo o coração
doer, não consigo mais pronunciar o nome dele, antes dizer seu nome era tão
comum, tão doce, agora se torna amargo e faz meu estômago revirar.
–Todas temos uma guerreira dentro de nós Bella, e ela se mostra
justamente quando mais precisamos, quando achamos que não existe mais
esperança, força, eis que ela surge nos tornando capaz de enfrentar tudo e
todos, destruir qualquer monstro.
Emily dizia isso com uma altivez, uma confiança que é contagiante, me
lembrou de sua vida, de tudo que ela passou.
–Você... Não deve ter sido tão fácil o que você passou para ficar com o
Sam.
Ela sorri.
–Não, realmente não foi, por tudo o que eu passei, nada me doeu mais do
que ver o Sam sofrer pelo acidente, vê-lo ali se culpando, chorando, dizendo
que era o culpado de ter estragado a minha vida... Acredite Bella, não há dor
pior do que ver quem você ama sofrer, ele chegou a me dizer que faria o que eu
quisesse, até mesmo me perguntou se eu queria que ele se matasse...
Nesse momento Emily perece se perder em lembranças, seus olhos brilhando
por lágrimas, eu aperto sua mão a confortando, mas ela dá um leve sorriso e
continua...
–Algo explodiu dentro de mim, uma força, uma confiança, eu disse a ele:
Fica comigo! Apenas isso, e desde então estamos juntos, passamos por momentos
ruins, mas nos agarrávamos ao nosso amor, ao que sentimos um pelo outro, e
aprendemos a reverter às dificuldades a nosso favor. As dificuldades nos deixam
mais fortes.
Eu sorri, pensando no Jacob, no que sentimos, no nosso amor, ainda
haveria o nosso amor? Ainda nos amaríamos como antes? Sei o quanto é diferente
do que Emily e Sam viveram, eles não tiveram uma perda tão grande como a nossa.
Emily segurou minha mão carinhosamente, sorrindo.
–Você vai conseguir Bella, eu acredito que depois desse tempo em Makai
algo novo vai acontecer... Agora vamos ou não chegaremos a tempo para o café. -
ela ri e eu a acompanho com um sorriso tímido.
–Você falou como o Jared... - nós rimos. –Quer que eu dirija um pouco?
Ela me olhou pensativa e sorriu.
–Claro tartaruga.
Ela me joga as chaves rindo e eu faço uma cara de ofendida.
–Tartaruga.... Você vai se arrepender por isso.
Durante o caminho Emily não pregava o olho, ligou o rádio, parecia anos
desde a última vez que eu escutei alguma música.
O dia amanheceu e Emily voltou para o volante, não tínhamos sono, foi um
verdadeiro milagre Sam deixar a Emily vir com o carro dele, claro que depois de
milhares de recomendações e com a promessa, por tudo de mais sagrado, que ela
ligasse para ele assim que chegássemos.
–Já estamos chegando. - Emily anuncia.
Entramos por um caminho de terra, a floresta parecia que nos engoliria a
qualquer momento, árvores enormes nos cercavam pelas laterais, Emily ficou um
pouco mais calada, e como em um contos de fadas ela surgiu diante de nós...
Makai.
Prendi minha respiração por alguns segundos, expectativa, ansiedade,
tudo misturado dentro de mim, me surpreendendo com esse turbilhão de sentimentos
inexplicáveis, porque eu estou assim sentindo tudo isso, essa sensação de
necessidade de mudança, algo querendo sair de mim? Ainda não sei.
Era como nos livros de contos de fadas, onde eu de algum modo estava
nele, havia um curral enorme com cavalos soltos, malhados como vemos nos filmes
de cowboys, homens, senhores com cabelos compridos, uma vila de casas de
madeiras rústicas, algumas coloridas, com varandas, onde muros não existiam, o
ar era extremamente limpo, as crianças brincam livremente, e tudo isso em meio
a uma floresta, é realmente lindo.
Emily parou o carro em frente a uma casa grande de madeira, assim como
todas as outras, mas essa não estava pintada, tinha sua madeira tratada por um
verniz que a deixava com um aspecto de um rústico, desci do carro e um
maravilhoso cheiro de pinheiros veio me receber, misturado com o de pão
caseiro, o sol ainda não era o suficiente para nos aquecer, mas ele logo faria
seu trabalho. Um barulho me chama a atenção, olho para o telhado da casa e vejo
o que me parece ser um falcão, ele me olha atentamente, curioso, e eu me perco
olhando para ele... Simplesmente fascinante.
–Ele veio nos dar as boas-vindas!
Me volto e vejo Emily ao meu lado o olhando, ela esticou sua mão dando
um assovio leve, a ave veio de encontro a nós, e pousou em seu braço, me
causando surpresa, Emily o olhou sorrindo e acariciando sua cabeça.
–Olá Cajhi... Quanto tempo.
Eu estava olhando a Emily com aquela ave, o acariciando, ele é lindo.
–Bella, esse é Cajhi, diga oi a Bella, Cajhi.
Ela sorriu, não quis chegar perto dele apesar de estar fascinada, a ave
parecia muito dócil, abaixava sua cabeça enquanto Emily o acariciava, ele era
bem grande, nunca havia visto um falcão com aquele tamanho, apenas fiquei
olhando a cena, olhei para a Emily que ainda acariciava o falcão, me
surpreendendo, não consigo ver a Emily, é ela, mas ao mesmo tempo ela me parece
diferente, ela me olha e eu me assusto, seu rosto é sério, ela não tem mais a
cicatriz, seus cabelos estão mais longos e negros, fico tonta, sinto algo
forte, algo estranho, como se eu estivesse querendo dormir.
Coloquei a mão no meu rosto fechando os olhos, respirando com
dificuldade me encostei no carro, logo as mãos da Emily estavam me segurando,
junto a uma voz preocupada, abri meus olhos e a Emily ainda era a mesma Emily
minha amiga, Deus do céu! O que foi isso?
–Bella! Bella, você está bem?
Eu a olho tentando focalizar, respondo que sim com a cabeça, e logo uma
mulher sai da casa vindo em nossa direção.
–Ei, vocês chegaram... Aconteceu alguma coisa? Está passando mal?
A mulher vem até a mim.
–Estou bem, só fiquei um pouco tonta, só isso.
Emily me ampara.
–É o cansaço da viagem mãe, e ela não tem comido direito.
Emily explica a mãe dela, eu me ergo me sentindo melhor e sorrio
confirmando.
–Vamos entrar, o café já está quase pronto, vocês comem alguma coisa e
descansam, temos muito tempo.
Emily ainda me amparava quando entramos, minhas pernas estão tremendo um
pouco, mas já estou melhor, ela me levou até um quarto muito bem arrumado, onde
me sentei um pouco.
–Você está melhor Bella? - Emily me perguntou preocupada.
–Sim Emily, deve ter sido a viagem e também o fato de eu não estar me
alimentando bem esses tempos, já estou melhor.
Ela se sentou ao meu lado, sorrindo.
–Nesses tempos que vamos ficar aqui vou ficar de olho em você, não vou
te dar moleza Bella, prometi ao Jacob.
Jacob... Sua imagem aparece na minha mente de imediato, será que ele
está bem sem mim? Será que está sentindo a minha falta? Espero que esse tempo
em que eu esteja aqui sirva para ele também melhorar, entender que seu lobo não
é culpado de nada, que mesmo sem o imprinting é com ele que eu queria ficar, eu
o amo, sempre o amarei com ou sem imprinting.
Emily se levanta dizendo ir tomar um banho para podermos tomar um café e
descansar da viagem, assenti e assim que ela saiu do quarto fui até minha
mochila a abrindo e retirando uma camiseta do Jacob, sorri parecendo uma boba,
trouxe a camiseta dele comigo para a noite dormir agarrada a ela, sentir seu
cheiro.
(...)
Logo após o café e de eu ter sido apresentada agora de uma maneira mais
calma a sua mãe, eu e Emily decidimos caminhar um pouco antes de descansar,
Emily foi me mostrando tudo, me apresentando algumas pessoas da reserva que me
receberam muito bem, com sorrisos amáveis e abraços carinhosos e confortantes,
Emily me apresentava às mulheres da tribo que pareciam me conhecer a anos,
recebi muitos convites para conhecer suas residências, senhores que me
reverenciavam pareciam me respeitar muito.
Continuamos conhecendo tudo, o lugar era um sonho, eu imaginava como o
condado que Token descreveu no seu livro “O senhor dos Anéis”, Jacob adora esse
livro, e graças a ele eu também peguei gosto pela obra, Romeu e Julieta
definitivamente não faz mais meu estilo, me lembro de uma frase que o Jacob me
disse, enquanto víamos o filme, a princesa dos Elfos amava Aragon um humano,
mas ela precisava partir diante da ameaça eminente, seu destino seria escolher
entre a imortalidade dos Elfos ou a vida humana, sabendo-se que teria um fim...
Mesmo com o perigo eminente ela ficou...
“-Prefiro lutar por amor a morrer por amor... Por isso prefiro o Senhor
dos Anéis, Bells.”
Começamos a nos afastar um pouco mais, as casas começaram a diminuir e
logo existia só uma aqui e outra ali, até que restou apenas uma, era pequena,
com uma varanda onde nela tinha uma cadeira de balanço.
–Vamos conhecer a mulher mais importante da tribo, ela é a mais velha e
é o motivo de você estar aqui... Minha bisavó.
Eu olhei para Emily sem entender.
–Como assim o motivo de eu estar aqui? – perguntei.
–Ela disse que eu deveria trazer você para Makai.
Olhei para Emily ainda não entendendo porque minha presença era tão
importante ali, mas me calei, sei que logo que conhecesse a bisavó da Emily
saberia o por que.
Chegamos diante da casinha, Emily foi à frente enquanto eu ia meio sem
jeito logo atrás, a porta estava aberta e fomos entrando calmamente.
–Bisa, chegamos!
Emily anuncia nossa presença, já que estava tudo vazio, era simples, um
sofá com uma velha cadeira de balanço perto de uma lareira, no chão um tapete
indígena, algumas fotos antigas.
–Parece que não tem ninguém. - falei, mas mal me calei e escutamos uma
voz baixa e um arrastar de chinelos, e uma senhora aparece. Seus cabelos eram
bem brancos compridos em duas tranças, ela era forte, não chegava a ser gorda,
sua voz era calma, baixa e assim que nos viu sorriu levemente vindo em nossa
direção. Emily foi até ela a abraçando e falando em um dialeto que eu não
entendia.
Depois a senhora vem até a mim parando em minha frente, ela era um pouco
mais baixa do que eu, e ficou me olhando enquanto eu sorria levemente para ela.
–Bella essa é a minha bisa...
Eu digo um simples oi e ela pega em minhas mãos as segurando e me
olhando profundamente nos meus olhos, uma paz começou a me invadir, algo que
não sentia há muito tempo.
Ela diz algo e Emily me traduz.
–Ela disse que você é bem-vinda, e pediu para nos sentarmos, pois ela
irá buscar um chá para nós.
Fizemos o que ela nos pediu, Emily me explicou que ela não fala a nossa
língua apesar de saber falar, ela prefere manter a tradição.
Logo ela chegou com uma bandeja e nós a ajudamos, ela se sentou na
cadeira de balanço a nossa frente, acendeu um cachimbo de madeira, dele não
saía um aroma de fumo, mas era algo com um cheiro agradável, o que me deixou
curiosa, ela fechou seus olhos.
–A senhora tem uma bonita casa. - comecei a falar, mas ela me pediu
silêncio ainda com os olhos fechados.
–Shh... Aprenda a escutar. – ela disse agora em nosso idioma.
Me calei e olhei para Emily que assentiu, ficamos em silêncio bebendo
nosso chá, o silêncio se tornava perturbador para mim, enquanto Bisa e Emily
estavam quietas eu olhava tudo em volta, talvez tenha se passado meia hora até
que a Bisa abriu os olhos me olhando serena... Começando a falar em Makai
enquanto Emily traduzia...
–Você tem muito que aprender, sei que está se perguntando o porque de
estar aqui, suas perguntas serão respondidas com o tempo, mas primeiro você
precisa aprender e para isso terá que se conhecer, terá que aceitar seu
destino, sua culpa, aceitar os erros que você cometeu e levantar sua cabeça
para lutar.
Ela falava verdades que eu já sabia, eu era a culpada pela morte do meu
filho.
–Eu sei que sou culpada, confiei neles, em sua amizade, acreditei no
carinho que eles sentiam por mim.
–Sim, é verdade! Você sempre teve medo da velhice, tem medo do tempo,
das coisas da natureza, do destino, por isso se deixou ser enganada, ouviu
mentiras, mas que você transformou em verdades, e mesmo você convivendo com a
verdade ainda estava ligada ao mundo de mentiras que foi te apresentado, você
sabia das lendas, elas foram contadas a você, a verdadeira face dos frios lhe
foi mostrada várias vezes e você nunca acreditou.
Diante das verdades dela eu me calei, minhas lágrimas caíam, Emily
estava ao meu lado e me abraçou.
–Emily...
A velha senhora falou para Emily que me soltou falando com ela...
–Isso é demais para ela bisa, Bella se sente culpada, é preciso tirar
essa dor dela.
–Só se mata uma dor com outra Emily, não se pode calar a verdade, mas
ela deve aceitar e fazer com que isso mude, ela precisa matar as mentiras que
vivem dentro dela, deve aceitar a vida, o tempo e a morte.
Enxuguei minhas lágrimas, ela estava certa, eu tinha que aceitar.
–A senhora tem razão, mas o que eu devo fazer? A senhora falou que tenho
que aprender, mas o que? Devo aprender a conviver com a culpa? Com a morte do
meu filho?
Ela se levantou segurando minha mão.
–Você deve se preparar para seu nascimento.
Eu fiquei olhando-a, como assim meu nascimento? Eu não entendia nada.
–Emily, você deve ajudar Bella a se preparar para a noite da nossa
cerimônia.
Bisa me olhava intensamente, em seus olhos eu via um sinal de mudança...
Da minha mudança... E seja o que for eu aceitarei de bom grado, tudo que eu
mais quero é poder tirar de mim essa dor e apagar essas lembranças que tenho.
Depois de conversarmos mais um pouco com bisa, agora assuntos
irrelevantes, voltamos para a casa da mãe da Emily, onde fomos recebidas com
uma mesa farta.
–Sam ligou várias vezes filha, acho melhor você ligar para ele.
Emily e eu sorrimos, ele deveria estar preocupado e morrendo de saudades
dela, fomos ligar para ele que não precisou nem de três toques para atender.
Eles conversaram um pouco e foi hilário as expressões da Emily.
–Sam, o que significa essa merda? Sam, você não está cozinhando, não é?!
Ele falou alguma coisa.
–Sam que barulho é esse? Mas nós não temos gato! Sam Uley!
Ela para e me olha...
–Oi Jacob... Sim, estamos bem, ela está bem aqui.
Meu coração acelerou como um louco e não pude evitar um sorriso, Emily
me deu o telefone e logo pude ouvir sua voz, e há muito tempo não me fazia tão
bem escutá-la...
–Oi Bells....
Mas algo em mim ainda não estava preparado o suficiente para expressar
todo o meu amor para ele, eu ainda estava magoada pelo que ele disse por
preferir que eu estivesse com Edward a estar com ele, então meu tom é frio ao
telefone.
–Está tudo bem? – pergunto.
–Estou ajudando o Sam na cozinha, não deixa a Emily saber disso, mas ela
vai precisar de um jogo de panos de pratos, o Sam queimou todos... - ele diz
divertido. -Mas estou morrendo de saudades de você amor.
Eu suspiro pesadamente querendo poder dizer o mesmo, o que era uma
verdade, eu estava com muita saudade dele, mas não consegui falar sobre meus
sentimentos por ele.
–Estou tentando Jacob, mas ainda não sei se consigo, desculpa.
Ele entende o que eu quero dizer.
–Eu sei... Você vai conseguir Bells, e nós ficaremos juntos, eu te amo e
sempre vou amar você, até mesmo quando meu coração parar de bater... E nós
vamos superar isso juntos, logo essa dor vai melhorar, mesmo que a perda do
nosso filho seja algo que nada vai poder apagar, mas estaremos juntos, ele
nasceu do nosso amor Bells.
Ele diz isso e eu não consigo segurar as lágrimas, eu o amo tanto,
porque não consigo demonstrar isso? Porque não mereço esse amor, eu sou culpada
pela morte do Dean, por ele ter rejeitado o lobo, não mereço o seu amor.
–Eu vou desligar...
–Eu te amo Bells.
É a última coisa que escuto, pedi licença e fui para o quarto me jogando
na cama peguei sua camisa e aspirei seu cheiro.
–Eu te amo Jacob... Me perdoa por não ser mais como eu era, me perdoa
pela dor que lhe causei.
Em meio às lágrimas e a dor, adormeci.
(....)
Acordei com um barulho, alguém me chamando, reconheci como sendo o
Jacob, eu continuava na casa da mãe da Emily, mas não havia ninguém, abri a
porta e vi a densa floresta, como se não houvesse mais nada ali, caminhei até
chegar em uma planície, e meu coração quase para... Diante de mim sentadinho,
com seus brinquedos, estava meu filho Dean, em uma cena que vi tantas vezes,
era o que eu mais queria, ter meu filho novamente para mim em meus braços.
–Dean. - o chamei caminhando em sua direção, eu chorava de alegria, mas
antes que eu pudesse me aproximar dele surge uma índia, ela era jovem e estava
puxando pela rédea um cavalo branco.
–É meu filho. - eu digo sorrindo vendo a índia se aproximando do Dean,
acariciando seus cabelos, ele olha para ela sorrindo como sempre fazia, ela o
pega em seu colo o abraçando, eu tentava me aproximar, mas não conseguia mesmo
andando em sua direção eu me mantinha no mesmo lugar.
–Traga-o para mim, deixe-me abraçar meu filho! - eu dizia, mas ela ia
embora o levando para o meu desespero, comecei a correr atrás dela, chamando,
pedindo meu filho, ela parecia caminhar rapidamente e eu comecei a correr, mas
logo comecei a escutar gritos, urros, e me vi em meio a uma guerra... Uma
guerra entre lobos e vampiros.
Eu os reconheci... Era a matilha Quileute, contra muitos vampiros,
dentre eles os Cullens, Denallis e Volturis, Jacob lutava ferozmente contra
todos, assim como os meninos, eu olhava tudo assustada como se estivesse dentro
de um filme.
Até que ele apareceu em minha frente... Edward, seus olhos estavam
vermelhos, os dentes a mostra estavam com sangue e ele sorria para mim.
–Você vai ser uma de nós Bella, está escrito! Eles são fracos demais,
olhe e veja como são patéticos.
Eu olhava e via agora os vampiros atacando e os lobos estavam perdendo.
–Edward, não! Você já matou meu filho, já tirou tudo de mim... Não os
tire, não tire meu Jacob de mim... Edward.
Ele se afastava de mim, enquanto eu gritava via o Edward matando a todos
e eu não conseguia fazer nada, caí de joelho e chorei vendo um a um morrer
diante de mim, até que alguém veio ao meu lado, levantou meu rosto e vejo a
índia que me olha com fúria e em seus braços meu filho que não sorri para mim,
e então ela me diz uma única palavra...
Mas eu não conseguia ouvir, eu via ela falando comigo, mas sua voz não
saía.
Acordei assustada, olhei pela janela e vi que já era noite, Emily entrou
com uma bandeja.
–Dorminhoca, até que enfim acordou, trouxe uma sopa.
Me sentei respirando fundo, me recuperando.
–O que houve? - Emily me pergunta deixando a bandeja ao meu lado na
cama.
–Tive um pesadelo, algo estranho, acho que deve ser esse lugar, não sei.
Contei a Emily sobre o sonho, ela ficou pensativa.
–Não sei, talvez minha bisa possa dizer alguma coisa.
Assenti, eu estava curiosa de como seria essa preparação, o que
aconteceria.
–Do que se trata essa preparação?
Emily ficou meio sem jeito, mas falou.
–Algumas coisas Bella, não posso te falar agora, mas você terá que
confiar em mim, tudo bem?
Assenti, como não confiar na Emily? Ela é como uma irmã para mim.
Passei a noite inteira tendo o mesmo sonho, até que Emily me acordou,
ainda era noite.
–Acorde Bella e vista-se.
Ela estava séria...
–Logo vai amanhecer, precisamos chegar antes disso.
–Chegar onde? - perguntei curiosa enquanto saíamos da casa, ela não me
respondeu, caminhamos até subir na mais alta montanha, Emily me disse para
tirar os sapatos e sentir o chão, logo ela se sentou e disse para que eu me
sentasse também.
Ficamos ali vendo o amanhecer, os primeiros raios de sol nascendo.
–Bella, veja diante de você, perceba a noite indo e um novo dia
surgindo...
Eu olhava tudo, minha cabeça um emaranhado de coisas e isso me irrita,
pois não consigo me concentrar, não consigo ver o que ela quer que eu veja.
–Emily eu não consigo. - me desespero, não é possível que tudo seja em
vão, que eu não consiga.
Emily nada fala e eu a olho novamente.
–Emily, eu.... – comecei a falar, mas logo me assustei com o que vi...
Ao meu lado olhando para mim estava a mesma Emily diferente que eu vi quando
chegamos, ela me olha intensamente, estava séria, e eu estava com medo.
–Quem é você? Cadê a Emily?
Falei desesperada e me levantei. Ela suspirou olhando para frente e
depois se voltou para mim e começou a falar no dialeto Makai e apesar de eu
nunca ter falado uma só palavra tanto em Quileute quanto em Makai, eu conseguia
entender o que ela falava comigo.
–Acalme-se e sente-se... - ela disse autoritária, fiz o que ela me pediu
tentando me controlar, pois em um instante eu estava com Emily e agora diante
de mim estava uma mulher que eu não conhecia, apesar de saber que é minha
amiga... Deus, eu devo estar sonhando.
–Você está aqui para soltar seu espírito, para que ele possa fazer de
você uma pessoa mais forte... Feche seus olhos.
Faço o que ela manda e fecho meus olhos.
–Isso, respire com calma, controle sua respiração, sinta o ar, sinta o
que há em volta de você, depois libere sua mente, suas lembranças por mais
terríveis que sejam, não as impeçam.
Ao longo do tempo normalizei minha respiração e controlei as batidas do
meu coração, eu sentia uma leve brisa tocando meu rosto, me refrescando, sentia
o calor do começo do dia dos primeiros raios de sol, ao longe eu escutava o
grito de um falcão, começava agora algo que eu nunca havia imaginado acontecer,
uma viagem onde eu voltava ao passado, em lembranças de um tempo não muito
distante... O começo de tudo, o caminho ao qual eu trilhei, o que fez com que
minha vida se transformasse.
Recordei de quando cheguei em Forks, da primeira pessoa que eu conheci
aqui... Jacob, na verdade foi nosso reencontro, anos atrás convivemos juntos,
como crianças, éramos inocentes, quando eu fui embora senti muito a sua falta,
mas logo o tempo tratou de curar e de me fazer esquecer... Esquecer até que
mesmo sendo criança eu já sentia algo por ele além de amizade, eu dizia que
queria me casar com ele.
Quando voltei a mim, não sabia quanto tempo tinha se passado... Emily
tocava meu ombro carinhosamente e eu a olhava sorrindo... Ela também estava de
volta, era ela mesma de novo.
–Bella, hora de voltar. - abri um sorriso depois de muito tempo,
reconhecendo que Jacob sempre foi a minha escolha desde sempre. -Pelo seu
sorriso vejo que tivemos um dia produtivo.
–Sim Emily, muito.
Voltamos conversando, o caminho foi feito descalço para que eu sentisse
o chão por onde as guerreiras de Makai caminharam, contei a Emily sobre a
pessoa que estava comigo, ela sorriu e disse que nunca estaremos sozinhas aqui,
sempre alguém irá estar conosco. Os passos dados por mim na floresta faziam meu
coração bater mais forte, a sensação de algo novo aumentava a cada segundo.
***************
Aquela mulher que eu via no lugar da Emily era minha companheira desde o
dia que cheguei aqui, bisa me disse que eram as ancestrais de Emily.
Não sei nomear ao certo o que é, só sei que é algo meu, que existe
dentro de mim. Ouço os sons ao meu redor da natureza exuberante daquele lugar,
cada sussurrar dali mexia mais ainda com o novo eu dentro de mim. Eu deveria
ter medo, mas era algo meu, não posso temer a mim mesma. Ou posso?
O vento balançava de leve as copas das árvores, algumas folhas iam ao
chão, os pássaros cantavam acordando tudo ao redor, eu me sentia diferente, me
sentia uma nova Bella a cada dia com os novos ensinamentos, com a convivência
com as pessoas da reserva, era tudo uma nova descoberta, uma casca que caía e
que colocava a mostra um novo ser pouco a pouco... A dor ia diminuindo.
Eu preciso me encontrar, Jake precisa de mim, essa conclusão eu havia
chegado recentemente, tenho isso claro, cada dia que estive longe dele vi o
quanto a sua presença é importante pra mim. Não nos falamos mais, ele me deu um
tempo e eu agradeço por isso, Sam liga três vezes por dia para falar com a
Emily e apenas me dizer:
“Estamos com você Bells, todos nós estamos torcendo, e Jacob a cada dia
está mais confiante de que quando você voltar tudo ficará bem.”
Lembro do meu sol em coisas banais, como no dia que estava sentada na
frente da TV zapeando entre os canais, com a mente presa no meu sofrimento,
quando de repente paro num jogo de futebol, era o time do Jake jogando, estava
os pontos empatados, ele deveria estar nervoso e xingando na frente da tela, minha
mente foi automaticamente para uma lembrança...
Ele sentado com Dean no seu colo, que por incrível que pareça ficava
quieto, concentrado junto com o pai. Os dois curtiam aquele momento, era bom
vê-los juntos.
Então um pensamento me ocorreu: Jake também perdeu seu filho, não foi só
eu, ele também perdeu um pedaço dele e faria, como eu, qualquer coisa para
trazê-lo de volta. Portanto, a fala dele de que preferia que eu ficasse com
Edward, mas tivesse nosso filho vivo, era uma forma de amor.
Mais uma vez estou sendo egoísta, não conseguindo ver o outro, o meu
amor. Mesmo assim ele esperava por mim, pelo meu recomeço, eu preciso fazer
isso por ele, por mim.
A sensação nova pulsava forte em mim, eu preciso deixar vir, é
necessário libertar essa nova Bella... Porque tudo que passou me fez mudar,
depois dos dias aqui, ouvindo tudo dito por Emy e sua bisa, todos os
distanciamentos, eu consigo ver a minha mudança profunda. Só preciso de coragem
para permitir o meu renascimento.
Eu estava terminando de me arrumar, o tão esperado dia havia chegado,
hoje seria a tal celebração, e eu estava nervosa e ansiosa, as mulheres
prepararam a reserva que ficou toda enfeitada, o quintal de bisa seria o palco
da cerimônia, lá era onde se localizava a antiga tenda dos seus descendentes.
Meu celular toca me tirando um pouco da minha concentração, olho no
visor e vejo um nome que me faz sorrir... Jacob.
–Oi. - ele diz.
–Oi Jake. - minha voz saiu com uma certa animação e ele se animou
também, posso sentir isso.
–Está nervosa? - ele me pergunta.
–Muito e vocês? É o dia da reunião de vocês também.
–Sam está cheio de papéis com fotos de vários lugares para férias,
Vegas, Miami, México, até Brasil, mas isso tudo é da boca pra fora, e sei que o
senhor Cameron está muito confiante de que tudo vai dar certo, eu vou na
reunião, talvez minha palavra tenha algum peso.
Ele fala animadamente sem parar parecendo querer colocar toda a nossa
conversa em dia em segundos e eu acho graça.
–Você vai conseguir Jake... A matilha vai estar junta novamente, e você
vai trazer seu lobo de volta.
Ele se cala por um instante até que diz:
–Não haverá mais lobo Bells, somente Jacob.
Eu fecho meus olhos, iria ser difícil convencê-lo do contrário, mas eu não
iria discutir com ele.
–Tudo bem, tenho que ir agora, Emily e as outras estão me esperando, boa
sorte para vocês.
–Te amo Bells, boa sorte para você também.
Sorri, mas antes de dizer que eu também o amava ele desligou, ele não
esperava que eu dissesse isso.
Respirei fundo, estava na hora. Saí e encontrei Emily e a mãe dela já
prontas, elas me olharam e eu respirei fundo.
–Pronta Bella? - Emily me perguntou ansiosa, eu a olhei com um sorriso.
–Sim Emy, pronta para renascer.
POV Quil
Não sei quanto tempo estou caminhando, para falar a verdade, não me
importo, só quero um pouco de paz, mas sei que vai ser meio difícil, a todo o
momento a voz do meu avô está na minha cabeça, me lembrando do que sou...
–Não, eu não quero isso! Não posso fazer isso!
–Não há o que querer, é assim que deve ser! Você é meu neto, sabe a
responsabilidade que tem... E que deve ser aceita Quil.
Meu avô dizia já impaciente, sendo autoritário, ele já estava perdendo a
paciência comigo depois de quase meia hora de discussão, o senhor Cameron pai
do Jared bufava e coçava a cabeça irritado.
–Mas.... Eu não posso aceitar isso, meu avô, eu o respeito, mas não
posso aceitar isso, é demais para mim....
–Quil, escute... A questão aqui é que você pode ajudar a todos nós!
O senhor Cameron vem até a mim.
–Vocês não entendem, eu não me sinto capaz disso, não posso trair meu
amigo... Jacob... Ele é um dos poucos amigos que eu tenho. E meus irmãos, o que
vão pensar disso?! Droga, eu só queria estar junto com meus amigos, ter uma
garota, só isso, eu não queria ser lobo, nunca acreditei nisso, nas lendas, de
repente me vejo fazendo parte de um mundo que eu achava existir nas histórias
que meu avô contava, e agora isso...
Me sentei, minha cabeça girava e girava, meu avô veio até a mim pondo a
mão em meu ombro.
–Assim deve ser Quil...
–Não! Vocês querem que eu seja um traidor e eu não vou ser!
Eu precisava pensar, precisava me isolar de tudo e de todos, coloquei
minhas roupas em uma mochila e disse que precisava ficar sozinho, meu avô me perguntou
sobre a reunião, eu apenas disse: “O senhor já tem a minha resposta”...
Eu sei onde poderia encontrar paz, no meio da floresta, no meio do nada,
sem ninguém, um lugar isolado onde eu possa sentar, escutar o rio correr e
simplesmente esquecer que o mundo existe.
Finalmente depois de tanto andar cheguei à velha cabana, era do meu pai,
ele a usava para caçar, meu avô diz que ele gostava muito de caçar e que ficava
aqui durante toda a temporada de caça, só venho aqui quando quero pensar um
pouco, relaxar, o caminho é mais rápido quando estou como lobo, mas agora meu
lado humano é que precisa estar presente. Entrei e fui colocando a mochila no
quarto, a cabana não era lá essas coisas, tinha um quarto pequeno com apenas
uma cama de casal e uma cômoda, a sala era pequena e tinha um sofá feito de
madeira, uma lareira e um tapete de pele de urso, a cozinha também modesta como
a casa, o fogão era a lenha, no começo me perguntava por que diabos meu pai
mantinha uma casa assim como se tivesse parado no tempo, hoje sei que era seu
refúgio de tudo, desse mundo louco, eu gosto disso, realmente gosto muito
disso.
Olhei para a cama de casal e me lembrei dela... Ângela. E um sorriso me
escapou, depois que a conheci e que tive um imprinting por ela esse lugar
passou a ser nosso refúgio, onde sempre nos encontramos e nos amamos, aqui foi
a nossa primeira vez, tanto dela quanto minha, mas apesar disso ela ainda não é
completamente minha, insiste em dizer para sermos apenas amigos por enquanto,
tem medo de magoar o ex dela, quando começamos a nos ver e a ficar ela tinha
namorado, mas agora mesmo depois de ter terminado, ela ainda diz que devemos
ser apenas amigos.
–Merda! - exclamo alto.
Não quero ser somente um amigo, não quero somente ser um cara com quem
ela fica, quero ser mais do que isso, quero passar minha vida ao seu lado até
eu ficar velhinho, quero ser dela pelo resto da minha vida, meu avô diz para eu
ser o que ela quer por enquanto, mas que logo ela vai mudar e então estaremos
juntos para sempre.
Abri as cortinas e a janela do quarto deixando o vento e a claridade do
sol entrar, abri todas as janelas e portas da casa, dei uma boa limpada em
tudo, coloquei o tapete para pegar um sol, me sentei na varandinha da casa em
uma velha cadeira, abri uma garrafa de vinho, liguei meu MP4 e fiquei olhando o
nada, ouvindo o bom Led Zeppelin cantar... Fechei meu olhos relaxando e
deixando os pensamentos vagarem, até que o vento me trás um cheiro familiar que
me faz sorrir. Ela estava vindo, ainda um pouco distante, mas estava vindo.
Tudo o que preciso para que essa minha paz seja perfeita, ficar aqui sem
relógio, sem saber que dia é ou que horas são, apenas estar com ela, me
perdendo em seu corpo e em seus carinhos.
–Cheguei em boa hora.
Eu tinha certeza que ela estava vindo, poderia sentir sua presença a
quilômetros de distância. Permaneci imóvel até ela se aproximar e quase roçar
seus lábios nos meus, seu perfume me enlouquecendo, sua respiração é tranquila,
mas sinto seu coração tão acelerado quanto o meu. Abro meus olhos para
encontrar os dela que me fitam com um ar zombeteiro agora.
–Oi... - eu sussurro.
–Oi... - ela diz roçando os lábios nos meus.
E com a ponta da sua língua contorna meu lábio superior numa carícia lenta,
metódica, num gesto sexy que me incendeia, me excita... Nós fazemos amor
convencionalmente, Ângela tem seus limites, é uma menina religiosa, criada em
meio a tradições e com um comportamento que condiz a uma filha de um pastor,
Deus sabe o quanto foi difícil para ela ter que ficar comigo e o namorado ao
mesmo tempo, sim, ela o traía comigo, eu a respeito e muito, mas às vezes
gostaria de apimentar mais as coisas.
Logo aprofundamos mais o nosso beijo, minha língua sedenta por ela
invade sua boca sentindo todo seu gosto único, adoro seu gosto de hortelã, ela
continua na mesma posição e eu seguro em sua cintura, a puxando para sentar em
meus joelhos, de frente para mim.
Ela usa jeans e uma blusinha leve de alcinhas branca, logo minhas mãos
entram por debaixo dela acariciando suas costas, e ela se entrega mais a mim,
soltando um gemido e enfiando seus dedos nos meus cabelos e alisando minha
nuca, eu me arrepio todo com isso, descobri isso, aliás ela descobriu, meu
ponto fraco, o que me arrepia e me faz soltar um gemido apertando mais ela
contra mim. Quebramos nosso beijo sem ar e sorrimos enquanto buscamos fôlego,
nossos olhares se perdendo um no outro maravilhados com as sensações que
sentimos e que proporcionamos, ela me olha sorrindo mexendo no boné que uso.
–Já disse que você fica um gato de boné?
Eu sorrio, uso um boné de baseball dos Yankees que ela me deu, na
verdade era dela e eu roubei, eu estava ensinando-a a andar de skate quando ela
chegou com esse boné, acabei tomando dela e não devolvi mais.
–Ganhei de presente de uma garota que é muito linda, tem um jeitinho de
menina que me deixa maluco. - falo enquanto brinco com meus dedos no cós da sua
calça.
Ela ri.
–É mesmo? Nossa, assim fico com ciúmes...
Eu sorrio a olhando e acariciando seu rosto, seus cabelos, linda, tão
atraente, mais ainda do que quando a conheci, ela usava óculos, depois que
começamos a sair ela apareceu sem óculos, usa agora lentes, deu um jeito
diferente nos cabelos e seu sorriso sapeca, safado... Totalmente irresistível,
capaz de seduzir o maior de todos os demônios somente com esse sorriso, meu
lobo é facilmente amansado por ela quando ela sorri.
–Seu avô me disse que você saiu para esfriar a cabeça e que estava com
uma mochila, não foi difícil imaginar onde você estaria.
Eu suspiro.
–Ele te contou tudo?
Ela balança a cabeça afirmando, eu sabia que ele faria isso, que
contaria tudo a ela, pois ele sabe que ela viria até aqui para conversar comigo
para que eu aceite a idéia maluca deles. Faço uma careta e paro de fazer
carinho nela que fica séria.
–Quil... Qual o problema?
A abraço e vou beijando seu pescoço, realmente não quero falar sobre
nada disso, na verdade não quero saber, mas ela me para me empurrando para me
afastar dela.
–Quil, para!
Eu bufo irritado...
–Ângela... Eu vim aqui para esfriar minha cabeça, não estou a fim de
falar nada sobre isso.
Falo de um jeito carinhoso com ela, mas não surte efeito, ela se levanta
do meu colo com uma expressão séria, e sei que isso vai acabar em discussão.
–Quil, eu não acredito que você não está nem aí para o que está
acontecendo, se você pode ajudar qual é o problema?!
–Ângela... Vocês não entendem, eu não me sinto capaz.
–Mas é seu destino! É o que você é! Eu sei que você é capaz de erguer
seus irmãos.
Passo minhas mãos pelo cabelo, irritado.
–Você falando de destino. Engraçado, seu destino é ser minha
companheira, mas você foge disso, é até engraçado você falar em aceitar o
destino.
Ela fica irritada e vem em minha direção...
–Não tente mudar o foco da conversa, não estamos falando de nós e sim
dos seus irmão que estão precisando de ajuda.
–Sempre assim... Não passo de um simples ficante, um cara pra você ficar
e sair fora. Olha aqui, ta legal... Eu não pedi para ser lobo, não pedi nada
disso, vocês estão me obrigando a fazer algo que eu não me sinto bem... É como
se eu traísse o Sam e o Jacob, e eu não quero trair meus amigos...
–E o que vai fazer, fugir? Como o Jacob? Renunciar seu lobo, ficar aqui
escondido?! Mas que merda Quil! Enquanto você foge, Jared é o único que ainda
luta, ele todos os dias vai com o pai naquela fronteira se lixando para a ordem
do conselho e vigia aqueles desgraçados! – Ângela me interrompe.
–Ótimo, que ele seja o nosso Alfa então!
–Está sendo infantil Quil Ateara ! Somos uma família, Sam sempre pregou
isso e a Emily sempre diz que devemos estar juntos! Quil, não abandone seus
irmãos. Você é um lobo e enquanto um de vocês estiver uivando a matilha ainda
vai existir contra tudo e contra todos!
Respiro fundo...
–Eu não quero saber! Dane-se. Dane-se tudo.
–Ótimo! Isso mesmo, vire as costas para eles! Deixe que os Cullens saiam
vitoriosos! Deixe que a matilha seja comandada por aqueles abutres, que o Sam
seja expulso, que seu amor e sua dedicação por vocês seja jogada no lixo, deixe
que o Paul morra de tristeza, Jacob fique sem o lobo para vingar a morte do
filho, que seu avô e tudo que ele lhe ensinou não valha de nada... Quil...
Nunca imaginei que você fosse tão omisso, que virasse as costas para quem você
ama.
Ela começa a chorar e eu me viro de costas para ela.
–Eu te amo Quil... Mas estou decepcionada com você, e se você não
respeita seus irmãos e seu lobo... Então também não me respeita.
Ângela sai me deixando sozinho.
–PORRA! - grito irritado e rosno, esmurro a parede e retiro minha
camisa, eu preciso esfriar minha cabeça e sei o que fazer... Hora de botar o
lobo pra fora e deixar ele me dominar, assim saio e logo estou em quatro patas
correndo.
Minha cabeça cheia de pensamentos, quanto mais eu tentava esquecer mais
eu me lembrava... Lembrava de momentos que passamos, do que meu avô sempre me
ensinou, do que o Sam sempre nos falava. Ele sempre nos levava para uma
montanha bem alta onde sentávamos e ele ficava conversando com todos nós.
“-Prestem atenção... Somos homens, seres racionais, mas há determinados
momentos que temos que deixar o lobo falar mais alto, o lobo de cada um de nós
tem sua própria vontade, o coração do lobo é puro, ele é justo, ele irá fazer o
certo, mesmo que para você seja o errado, não há maldade no lobo, ele nunca irá
contra você, contra seus desejos, o tenha como um aliado, como aquele que vai
te guiar em momentos difíceis, é ele que vai te fortalecer, e quando seu
caminho estiver confuso, difícil, deixe que ele te guie. Os lobos são unidos,
nos chamamos de irmãos, pois é isso que somos, nossos lobos são filhos do mesmo
pai, eles são frutos de um grande espírito, somos unidos, vivemos unidos, um
sente a dor do outro porque temos sentimentos, isso nos une, nos faz diferente
de nossos inimigos, somos fortes juntos, separados somos facilmente derrotados,
somos uma família, se um cair o outro está lá ao lado para ajudá-lo. Lembrem-se
disso, irmãos.”
Parei no mais alto de uma montanha vendo de lá nossas terras, imaginando
meus antepassados lutando e derramando seu sangue por nós, por eles, pela vida,
mas para mim é tão difícil aceitar isso, mas ao mesmo tempo é o certo a fazer.
Abaixei minha cabeça ainda como lobo e deixei que minha parte humana
falasse, estando na forma de um lobo, eu falaria com ele, em uma simples prece.
–Faça o que tiver que ser feito, me dê sabedoria, me faça justo, não
deixe que eu falhe, não deixe que eu caia, que eu fraqueje, me fortaleça com
sua coragem, não me deixe cair diante dos meus inimigos, e não me deixe falhar
com os meus irmãos, abençoe meu avô, pois tudo que sou devo a ele... Que assim
seja!
(....)
POV Ângela
Quil já saiu há tanto tempo, é tarde, mas o dia escureceu o céu está
carregado, um temporal daqueles está por vir e eu estou aqui sozinha, liguei
meu notebook, só espero que a bateria dure até o Quil chegar, peguei uma vela
que sempre deixamos guardada no criado mudo, tomei um banho e coloquei um baby
doll, nada sexy, simples, cinza com desenho de dois ursinhos, deixei os cabelos
meios presos e me sentei na cama, e comecei a ler um livro que eu tinha baixado
pela net.
Distraída com meus pensamentos, me recriminando por ter brigado com o
Quil, eu o amo, isso é um fato, mas ainda não me sinto pronta para algo tão sério,
um compromisso. Ben ainda não aceita o fim do nosso namoro, sempre faz
chantagens emocionais, tenho pena dele, não sinto mais o amor que eu sentia por
ele, Quil agora tomou o seu lugar de um jeito tão devastador que até hoje me
impressiona a força do tal imprinting, nossos momentos juntos são perfeitos,
fazemos coisas bobas como um dia ficar brincando debaixo da chuva, nós riamos
como duas crianças, ele me ensinava a andar de skate, jogamos vídeo game e
vemos desenho animado rindo como bobos, Ben sempre foi tão certinho, tão
diferente.
A primeira vez que saí com o Quil ele me levou em uma feira de revistas
em quadrinhos... Da para imaginar isso? Nunca tinha imaginado um encontro
assim, eu pensava... Meus Deus, estou louca! Mas foi o dia mais divertido da
minha vida.
Mas ao mesmo tempo em que parecemos duas crianças, Quil me faz sentir
mulher, desde a primeira vez que ele me amou nessa casinha, nessa cama, foi
perfeito, ele ainda era virgem por não ter tido algo sério com ninguém, e eu
por estar me guardando para o meu casamento. Ele sempre me respeitou, sempre
temos limites que ele não quer ultrapassar, mas sei que ele quer inovar,
gostaria de ser mais audaciosa com ele, mas fico retraída.
E agora nesse momento me sinto mal por termos brigado, mas ele merecia
um bom puxão de orelha para acordar, só espero que ele me desculpe.
Vou até a janela olhando tudo escuro e está ventando um pouco, só espero
que ele não pegue essa chuva toda, mas é tarde, os primeiros pingos já batem no
vidro da janela e a chuva começa, volto para a cama e continuo a ler.
Escuto um barulho e respiro fundo, espero que seja o Quil, vou até a
porta do quarto.
–Quil, é você?
Está tudo muito silencioso ate que alguém surge me assustando:
–Buuu!
Quil ri enquanto eu quase desmaio e dou um gritinho batendo nele.
–Aii Quil, você quase me mata de susto.
Ele ri, estava todo molhado.
–Desculpa, não resisti.
Ele para em minha frente sorrindo, está todo molhado e tem um pouco de
terra em seu peito e suas mãos.
–Está todo sujo... - falo carinhosa com ele que sorri lindo, adoro esse
sorriso dele, essa carinha de menino levado me deixa maluca de vontade de
beijá-lo sem parar, como muitas vezes fiz.
Por mais que eu esteja brava com ele essa carinha e esse sorriso me
desarmam e quando vejo já estou em seus braços, acho que o máximo que consegui
ficar brava com ele foi dez minutos e eu tenho a plena certeza de que ele sabe
o que me causa e usa isso contra mim.
–Botei o lobo pra correr um pouco, faz tempo que ele não sai...
Ele me olha intensamente, com uma carinha que corta meu coração.
–Vou tomar um banho, já volto.
Ele me da um beijo no rosto e sai, eu volto para a cama, agora tranquila
por ele já ter voltado, continuo lendo distraída, o romance estava muito bom, a
chuva continua forte lá fora e aproveito para pegar a garrafa de vinho que ele
abriu mais cedo e não bebeu quase nada, coloco em duas taças, a qual uma eu
deixo sobre o criado mudo a espera dele, e a outra mantenho comigo bebericando
enquanto continuo minha leitura.
Passo a ter a impressão de que estou sendo vigiada e tão logo levanto
meu olhar da tela do notebook vejo Quil parado na soleira da porta, seus
cabelos estão molhados, algumas gotas escorrendo pelo seu peito e seu corpo
está envolto a uma simples toalha e acho que nada mais, ele parece me analisar,
meu olhar cruza com o dele se perdendo nele, no seu corpo e eu suspiro
involuntariamente, tentando achar uma razão ou uma explicação plausível do
porque meu coração bate tão acelerado ao vê-lo diante de mim.
Sou uma tola, é claro que sei a resposta, mesmo lutando contra algo que
devasta minha razão eu admito, é ele, o lobo, o imprinting, impossível
resistir, sinto que minhas forças logo cairão e que não mais vou continuar com
essa guerra interna que é de tentar levar isso para um lado não pessoal, manter
como uma amizade colorida, que na verdade é impossível que seja, pois o quero
como companheiro.
Ficamos nos olhando e eu agora noto como ele está diferente... Quil está
mais forte, um pouco mais alto, seu cheiro mudou para algo mais sedutor, algo
forte, rústico e selvagem, deve ser o ambiente, isso deve contribuir, mas há
algo a mais nele, não sei explicar.
Ele vem em minha direção, seus olhos não saem de mim, eu me levanto
pegando a taça de vinho do criado mudo para lhe entregar.
–Obrigado. - ele diz simplesmente dando um pequeno gole na bebida,
enquanto isso eu me perco nesse momento, é impressão minha ou o meu menino
levado não está aqui e sim diante de mim um Quil diferente, parecendo mais
maduro, mais adulto... O garoto deu lugar ao homem.
Ele me olha e me toca, sua mão vem pousando em meu rosto e me
acariciando, ele está quente, eu já me acostumei ao seu calor, é aconchegando,
me entrego ao seu toque, Quil coloca a taça novamente no criado mudo e com as
duas mãos segura meu rosto e toma meus lábios... Eu me entrego ao nosso beijo e
em um instante estou em seus braços, minhas mãos vão para sua nuca onde sei que
ele gosta, ele ronrona deliciosamente.
Suas mãos vem para minha cintura me pegando com firmeza, colando nossos
corpos à medida que nossas línguas se tocam e saboreamos o sabor um do outro,
Quil tem um sabor diferente de tudo que já experimentei, mas hoje está ainda
mais diferente, lembra mel, sedutor, inigualável, é como algo que sirva para
inebriar a presa para deixá-la indefesa, pronta para ser capturada.
(....)
POV Quil
Eu sou o predador e ela é a minha presa, a capturo usando todas as armas
mais potentes que tenho, então qual predador seria melhor que um lobo? Um dos
melhores caçadores, Ângela é minha caça agora, eu a desejei minha desde o
momento que meu olhar se encontrou com o dela... Minha, e significa que não a
quero dividir com ninguém, sou um guloso, quero tudo e mais um pouco se deixar,
e hoje, nesse momento quero tudo que ela quiser me dar, e estou preparado para
conquistar ainda mais.
Ângela, luz da minha vida, fogo da minha virilidade... Meu pecado, minha
alma.
Pela manhã, um metro e cinquenta e nove na escola, era Ang. Era Ângela
na linha pontilhada onde assinava o nome, pernas que não se quietavam como o de
uma menina, sorriso simples, fácil como quando eu lhe conto uma piada ou compro
um sorvete de chocolate, sabor que ela mais gosta, e ficamos como crianças no
parque brincando, minha menina que tem ainda bonecas e ursinhos, que fala de
sonhos, que chora com um filme dramático, que se agarra em mim de medo diante
de um dos meus inúmeros filmes de terror, que suspira com um romance lido em um
livro, sonhadora, meiga, gentil, apenas minha menina, a menina do Quil. Mas nos
meus braços se transformava, tudo nela se torna objeto do meu desejo, alimento
da minha luxúria, seu passar de língua em meus lábios, suas mãos que acariciam
minha nuca, sua boca e língua que despejam malícia, me mostrando seu desejo,
suas unhas que arranham meu corpo e seus gemidos que me deixam subjulgado...
Perfeita em todos os sentidos, perfeita para o menino e para o lobo, menina e
mulher em uma só pessoa, em meus braços será sempre minha companheira.
Vou levando-a até a parede que está a pouco mais de quatro passos atrás
dela, a colando contra ela, me afasto para olhá-la, seus lábios vermelhos e
inchados pelo nosso beijo, seu busto sobe e desce mostrando a respiração
ofegante, seus olhos me questionam silenciosamente perguntando quem sou... Eu
deveria sorrir, mas tenho medo de que me veja como algo sombrio, coloco uma mão
na parede na altura do seu rosto, mas ao lado, e com a outra livre fui até a
taça molhando meus dois dedos que vão para sua boca, a molhando com o vinho,
dando ainda mais sabor de pecado aos seus lábios, e eu vou me aproximando de
sua boca e percorro o lugar com a ponta da minha língua sentindo o primeiro
sabor de vinho para depois misturar o sabor do vinho com o dela capturando sua
língua.
Ela arfa, primeira nota positiva, vou para o seu pescoço aspirando seu
cheiro, me afasto um pouco olhando para ela e seu corpo.
–Quil, o que está aconte....
Eu coloco meu dedo em seus lábios a impedindo de continuar, não devemos
quebrar esse momento, não agora.
Passo a olhar seu corpo e logo minhas mãos vão para a bainha da blusinha
dela retirando-a devagar, e volto a olhar agora seus seios a mostra livres para
mim, seu cheiro está me enlouquecendo, e eu tenho o desejo de provar cada parte
dela, mais uma vez repito o meu ritual, passando o vinho por seu pescoço e
depois o provando com sua pele... Ela arfa, eu volto e molho seu busto,
lambendo-o devagar, ela arfa mais uma vez, e com meus dedos molhados traço um
caminho de vinho entre seus seios, ela respira com dificuldade, então paro de
traçar o caminho com meus dedos e começo a traçar com a minha língua absorvendo
dali o vinho, absorvo tudo e quando isto termina a olho enquanto vou para o
principal.
Ângela respira com dificuldade, sinto seu coração acelerado,
expectativa, excitação, tudo junto. Sem tirar os olhos dela mais uma vez com
meus dedos molhados de vinho os passo em seu seio, devagar o acariciando,
parando no seu biquinho onde se enrijece, e sem conseguir mais me conter eu
abaixo e passo a ponta da minha língua primeiro nele para depois faminto provar
tudo de uma vez.
Ângela geme e se agarra em meus cabelos enquanto os chupo, seus joelhos
se curvam um pouco de tesão e ela geme, se ela sabe o meu ponto fraco eu também
sei o dela.
Fico nessa brincadeira, em um e depois o outro, mas ainda está longe de
terminar, sei que ela está excitada, posso sentir seu cheiro, minhas mãos
apertam suas coxas e cintura, eu estou queimando para tocá-la intimamente. A
trago para a cama deitando-a e fico ajoelhado entre suas pernas onde posso ver
diante de mim toda a beleza que ainda tenho para explorar, coloco mais vinho na
taça, bebendo um gole e me deito sobre seu corpo a beijando, fazendo-a sentir
meu sabor com o vinho, sua mão vem para a minha toalha e eu paro o beijo indo
até a sua orelha.
–Ainda não... Tenho mais para você, minha linda.
–Quil, eu preciso de você agora! - ela me diz urgente e dessa vez não
pude impedir o sorriso.
–Calma! Você está muito apressadinha.
Volto para ficar de joelhos entre suas pernas e molho sua barriga com o
vinho, voltando para o ritual, que logo é abandonado, pois tem outro lugar onde
gosto de brincar, vou retirando seu shortinho junto com a sua calcinha
deixando-a agora totalmente exposta para mim... Rosno levemente... Eu a quero...
O lobo é exigente.
Começo com suas coxas na parte de dentro onde a pele é sensível, Ângela
geme meu nome e eu pego a taça molhando meus dedos no vinho novamente, indo
mais a frente fazendo ela se abrir mais, então com meus dedos molhados de vinho
eu a toco... Toco seu pequeno botão, tão lindo, sou muito delicado e um
torturador ao mesmo tempo, fico vendo-a enquanto ela fecha seus olhos, mas eu
quero inovar, então vou para o seu ouvido, minha voz é mais a do lobo do que a
minha saindo rouca, cheia de desejo, mostrando que é ele que está no comando e
não mais eu.
–Quero que você veja... Ângela, abra seus olhos e me veja te provar.
Noto que ela fica um pouco tensa, nunca fizemos nada igual antes, uma
parte de mim fala um pouco mais alto e eu me arrependo do que falei.
–Se voce não quiser, tudo bem, amor...
Mas ela me surpreende, mostrando que também quer inovar, que também
quer.
–Eu quero Quil... - ela sussurra de uma maneira sedutora cheia de
luxúria.
Me levanto descendo pelo seu corpo com beijos carinhosos, e a cada
passada de língua a olhando e vendo ela me olhar.
Quando estou a milímetros do seu sexo a olho e minha linda espectadora
está me olhando, sem resistir eu finalmente a provo arrancando dela um
delicioso gemido e fecho meus olhos. Eu a mordo levemente, a provo, fico louco
de desejo segurando suas pernas, meu rítmo acelera a medida que seus gemidos
aumentam.
–Ah... Uh... Quil... Quil.
Suas mãos vão para minha cabeça e eu rosno intensificando mais e mais
até que seu primeiro gozo vem me dando de presente seu mais delicioso gemido.
O coração dela parece que vai sair pela boca, eu paro com a minha
língua, erguendo meu rosto voltando a tocá-la com meus dedos agora mais
levemente, prolongando a sensação do seu prazer. Mas ainda não acabou, quando
ela relaxa um pouco eu volto a beijar sua boca.
–Vem amor, ainda falta mais.
Eu a pego erguendo-a, deixando-a de joelhos e a virando de costas para
mim, coloco suas mãos apoiadas na cabeceira da cama enquanto passo o vinho
pelas costas e ombros provando-a.
Retiro a toalha ficando nu, assim como ela. Estou fora de mim agora, o
lobo não resiste mais, afasto o cabelo dela e começo a morder seu pescoço,
enquanto nossos corpos se roçam um no outro.
–Deixa eu te marcar... Deixa eu te fazer minha... Só minha, por favor.
Eu digo enquanto fico roçando meus caninos contra a pele dela.
Ângela respira forte e eu também... Estou entrando nela, não totalmente,
somente o começo, está tão molhada, quente e convidativa, e eu extremamente
excitado que chega a ser doído, minhas mãos apertam sua cintura e coxas.
–Sim, sim... Oh Quil! Me faz sua, me faz sua companheira, meu lobo.
Era o que faltava, no mesmo instante que eu entrei nela a mordi, eu a
marcava como minha, para sempre.
(...)
POV Ângela
Não senti dor alguma, mas sim um prazer que nunca pensei existir, ele
tinha me marcado e eu estava tendo um novo orgasmo, me enlouquecendo, Quil me
possuía de uma nova maneira, em uma posição que sequer ousei imaginar, eu
estava apoiada com minhas mãos na cabeceira da cama e me delicivava com ele,
com esse lado selvagem, ele é selvagem, rosna, me da mordidas que não são
dolorosas e depois acaricia com sua língua o local, meus gemidos são
constantes, um fogo dentro de mim me possui, me fazendo mexer ao encontro dele,
isso faz com que ele segure minha cintura me trazendo para ele, a cada estocada
sua eu me via mais mulher, me via como uma loba, eu sou sua loba.
Mais um orgasmo se aproxima e isso o faz parar, ele me vira para ele, a
respiração dele é forte enquanto me olha, estamos suados, ele tira um pouco o
cabelo do meu rosto e abre seu sorriso.
–Devagar agora... - ele diz me deitando na cama e vindo por cima de mim,
me olha, me beija e novamente entra em mim soltando um rosnado, eu enlaço seu
corpo com minhas pernas, ele entra mais fundo e começamos um novo ritmo.
–Hum, minha companheira... Uh, tão molhada... Tão apertada... Está me enlouquecendo.
Eu tinha certeza que agora não era o meu Quil aqui... Outro me possuía,
me fez companheira, era o lobo, começamos a ir mais e mais rápido até que sinto
que estou prestes a ter um novo orgasmo.
–Meu lobo... Meu companheiro...
–Deixa vir... Eu também estou quase... Uh, minha companheira venha pra
mim.
Eu explodi em um orgasmo que logo foi seguido pelo dele, com um urro de
prazer, ele pulsava forte dentro de mim e gemia, ao mesmo tempo dizia que me
amava e falava palavras que eu não entendia.
Até que ele caiu sem forças, seu corpo suado, eu consigo sentir seu
coração alucinado batendo como um louco, assim como o meu.
Envolvi ele em meus braços e beijei carinhosamente seu rosto enquanto
ele se mantinha imóvel. Logo as sensações foram passando e meu corpo foi se
normalizando, Quil ainda continuava em mim e calado.
–Quil... - o chamei e o beijei, ele suspirou, sua voz contra minha
pele...
–Um dia você ainda me mata!
Eu não pude impedir uma risada, ele se levantou, arrumou o travesseiro e
me levou para seu peito onde fiquei aninhada.
Incrivelmete sua mordida não ardia, mas começou a queimar um pouco como
se tivessse com a pele bronzeada, mas não chegava a incomodar.
Quil continuava calado olhando para o teto, a chuva tinha acabado e já
era noite.
–Estou com fome. - ele disse me fazendo sorrir.
–Nada mais romântico para ser dito depois de fazer amor.
Ele ri.
–Não... Acho que o pior é: Foi bom pra você? - ele diz me olhando lindo
com a carinha que eu tanto amo e eu não consegui impedir de falar sobre isso.
–Ei, meu menino levado voltou.
Ele me olha.
–Seu menino sempre vai estar aqui Ângela, mas agora o comando vai ser do
lobo.
Eu me levantei dos seus braços o olhando, em seus olhos estava decidido,
mas eu queria sua certeza, sua confirmação.
–Você vai a reunião amanhã?
Quil me olhou e depois desviou seu olhar do meu.
–Se essa é a única maneira de ajudar os meus irmãos... Que assim seja...
Que seja feita a vontade do lobo.
–Estou com você Quil... Sempre.
Fui para os seus braços o beijando, eu estaria com ele em todos os
momentos, e sei que será difícil para ele.
(...)
POV Quil
Dia da Reunião
Passei o dia concentrado, eu precisava ficar com meus ancestrais, em
orações.
Ângela agora marcada como minha companheira me acompanhou durante todo o
dia. Ao começar do cair da tarde voltamos para a reserva, quando chegamos já
era noite e não havia mais ninguém em casa, sinal de que já estariam todos lá.
Liguei para o Jacob e os outros, mas ninguém atendeu, somente Kim que
disse que estava preocupada do Jared fazer alguma besteira, pois ele e o senhor
Cameron estavam uma pilha de nervos.
Tomei um banho, me vesti com uma camisa branca e calça jeans. Ângela
estava na sala, fui até ela que me abraçou.
Eu a queria ao meu lado, mesmo sendo proibido eu a queria.
–Vem comigo, só vou conseguir com você ao meu lado. – implorei. Ela
fechou os olhos.
–É proibido... Você sabe.
–Mas eu preciso de você, por favor, Ângela.
Ela enfim concordou e seguimos para a reunião.
Fui chegando e vozes alteradas ja eram ouvidas, dentro de mim uma fera
queria sair, apertei a mão da Ângela que me pedia calma, a hora havia chegado,
eu cumpriria mais um ato do meu destino de lobo.
Ouvi o Embry falando:
–Vocês não poderiam ter começado essa reunião sem a nossa presença.
E logo o senhor Cameron:
–Isso tudo é uma grande farsa para um golpe, você Kevin... Sempre quis o
poder sobre a matilha, nunca concordou que Sam ainda guarde o lugar de Jacob
mesmo ele tendo renunciado ao cargo de Alfa... Sam sempre disse que o Alfa
legítimo é o Jacob.
Parei. Sinto que vou explodir, fecho meus olhos e respiro com
dificuldade, a raiva tomando conta, e eu sem querer começo a rosnar.
–Deixe que ele tome conta Quil... Ele sabe o que fazer. – Ângela disse.
Respirei fundo e a olhei confirmando com a cabeça e continuamos andando.
–Você nem deveria estar aqui, é um bastardo, filho de uma traição, de um
comportamento vergonhoso, você Embry Call não tem HONRA.
–Ele tem sim... É mais honrado do que você Kevin, e você deve respeito a
ele por ele ser o guardião do livro Quileute. - entrei logo falando e todos me
olharam, meu avô me olhou e seu peito se inflamou de orgulho, enquanto o senhor
Cameron e Jared sorriam.
Meus irmãos estavam presentes, assim como Jacob e Sam que me olhavam com
surpresa.
Kevin me olhou com desdem e com um ar superior.
–Quil Ateara, como ousa falar assim com esse conselho? Exijo respeito.
Eu fui indo mais a frente, Ângela soltou da minha mão ficando ao lado do
meu avô.
–E eu exijo que toda e qualquer decisão tomada por esse conselho perca
todo e qualquer valor e que nesse momento comece a reunião.
Kevin e alguns riram me olhando de cima a baixo.
–Você exige? E quem é você para exigir, quem você pensa que é para dar
ordens a esse conselho, hein?! Só porque seu avô tem o respeito por ser o índio
mais velho da tribo?
Eu o olhei com ódio e rosnei, fazendo alguns me olharem assustados e
então falei:
–Porque eu sou o Alfa legítimo.
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