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Capítulo 15- Quem ri por último... [O ultimo amanhecer]





Quem ri por último...



POV Embry

–Embry, se acalme um pouco!
  Pela décima vez minha mãe pedia, eu estava uma pilha de nervos, não consegui comer nada durante o dia inteiro, tinha um bolo na garganta, olhava para o relógio a todo o momento, a hora da reunião finalmente se aproximava.

    No começo do dia logo quando os primeiros raios de sol saíram a hora não passava, os ponteiros se moviam em câmera lenta desde a manhã. Passei o dia fazendo orações trancado em meu quarto, concentrado no que seria o dia mais importante da minha vida, hoje começaria um novo ciclo para os Quileutes e eu seria uma peça fundamental nesse ciclo, pois eu escreveria tudo, tenho o trabalho de relatar todo esse momento.

O telefone toca e minha mãe atende dizendo que eu estava, fui ver quem era e não poderia ser ninguém menos que o senhor Cameron.
–Está pronto Embry?
Respirei fundo, me perguntando mentalmente se realmente estaria.
–Estou tão nervoso senhor Cameron, não sei se serei capaz.
–Acalme-se rapaz, tudo dará certo, nossos ancestrais nos protegerão nessa noite, Tahaki estará entre nós.

Fácil dizer. Nós não falamos nada com ninguém da matilha, o senhor Cameron nos pediu segredo, nem Leah sabia, não queríamos o risco de que algo caísse nos ouvidos do Kevin e sua corja, não que não confiássemos uns nos outros, mas o senhor Cameron tinha medo do Kevin usar agora o fato da matilha estar nas mãos do conselho e forçar alguém a lhe passar informações. Foi assim com o Seth, ele lhe fez muitas perguntas o obrigando a responder sob juramento ele não poderia mentir, graças que ele não sabia de nada e tão pouco estava indo a casa de Jacob ou Sam.

–O Quil... Ele apareceu?

–O garoto sumiu, mas Angela disse que sabe onde encontrá-lo, Ateara tem certeza de que ela irá convencê-lo, mas mesmo assim caso ela não consiga continuaremos com o plano de expor a Kevin e os demais que eles não podem eleger um novo alfa, somente com a morte do Quil ou algo que o impeça de se transformar em lobo. Quanto ao Jacob, permanece irredutível, mesmo vendo que a matilha irá cair nas mãos do Kevin ele não consegue aceitar de volta o lobo, o cara surtou de vez Embry.

–A morte do Dean o afetou demais senhor Cameron, não pode julgá-lo, estou tentando ser forte, mas nem eu mesmo às vezes consigo... Dean era muito amado por todos nós.

Calei-me por um tempo, a cabeça do Quil deve estar uma confusão só, o senhor Ateara nos disse que ele não quer assumir o posto, acha que irá trair Jacob e o Sam. Quil sempre foi muito correto, o que se esperava de alguém que tem caráter.

Me despedi do senhor Cameron lhe dizendo que logo eu e mamãe estaríamos nos encontrando com ele na casa da Sue.

Aproveitei e liguei para a casa da Sue e logo o Seth atendeu.

–Ei Seth... O senhor Cameron logo já estará aí.

–Olá Embry, mamãe já está pronta e a Leah também, cara eu... Eu estou com medo Embry, não quero ficar nas mãos do conselho.

–Irmão vai dar tudo certo, pode confiar, hoje ao final dessa reunião estaremos todos juntos novamente, inclusive Jacob com o lobo.

Ele soltou um suspiro pesado, estava cansado assim como eu, parecíamos soldados que estavam em um campo de batalha guerreando por muito tempo ansiando por voltar para casa, para os braços dos seus entes queridos, um pequeno tempo de silêncio e eu ouço alguém pegar o telefone e logo a voz aveludada que tanto amo ouvir vem para meu deleite.

–Embry...

Leah me chama, estava mais animada ultimamente, consegui passar tranqüilidade a ela de que tudo se resolveria, já não precisava ficar a noite ao seu lado velando seu sono, mas persistia, gostava de ficar a vendo dormir, acariciar seus cabelos, gostava de colocá-la para dormir como uma menina, a embalando em meus braços até o sono chegar, sentir sua respiração morna em meu peito, eu a amava muito, desde que ela se transformou algo em mim dizia... “Ela vai ser minha”... Algo que eu achava impossível, mas que para minha alegria se tornou realidade.

–Oi goiabinha.

É uma forma carinhosa de chamá-la, algo que temos entre nós, apelidos carinhosos, tudo bem, meus irmãos quando viram no nosso pensamento eu a chamando de goiabinha e ela me chamando de queijinho, foi uma tiração de sarro que até mesmo o tão ponderado Sam zoava conosco, mas que foi facilmente acabado quando as garotas começaram a revelar os apelidinhos deles, coisas ridículas como “Quindinzinho”, “Pudim”, “Batatão”, “Pateta”, “Neném”, isso os fez calar e ficar vermelhos de vergonha, e eu e Leah nos sentimos vingados, o que me faz pensar porque todas as garotas tem mania de arrumar apelidinhos para nós.

–Estamos todos prontos aqui... - ela da uma pausa e volta a falar. -Deus, Embry eu só quero que esse pesadelo acabe, eu nunca pensei que diria isso, mas sinto falta de como éramos, sinto falta dos meninos, do Sam... Paul precisa de nós.

Nós não conseguíamos falar com o Paul, mas Billy nos dizia que ele estava mal, ficamos sabendo que o pai dele foi até o Kevin e fez um apelo que ele deixasse que Sam fosse até ele, mas seu pedido foi negado.

–Amor acredite em mim, tudo dará certo, logo eu e você estaremos com nossos irmãos novamente.

–Eu tomei uma decisão Embry, se ficarmos nas mãos do conselho, definitivamente, eu abandono a matilha, irei embora da reserva.

–Ei... Não fale isso nunca mais! Ficaremos juntos, eu te prometo Leah... Todos nós... Nem que tenhamos que criar uma guerra com todo o conselho, mas nossa matilha não irá se separar. - disse firme, convicto do que eu falava, eu faria isso, já havia decidido isso assim que eu soube da decisão do Quil, se não conseguirmos restaurar Sam e Jacob novamente à matilha por bem, seria por mal, Jared concordou também em se rebelar contra o conselho.

–Mesmo que eu tenha que dar a minha vida...

Ela me interrompe imediatamente.

–Morrerei com você. Não suportaria essa vida sem você, minha vida sem você não existe Embry.

Não pude conter um sorriso ao ouvir isso.

–Queria estar agora perto de você, ver isso estampado em seu olhar minha Leah... Eu te amo de mais. Mas não vamos pensar nisso, nós iremos conseguir, tudo vai ficar bem.

Ela suspira, e conversamos mais um pouco e me despedi dela dizendo que eu já estava a caminho. Mas antes eu precisava ficar alguns minutos sozinho. Fui para o meu quarto me ajoelhando ao pé da cama, mãos unidas e olhos fechados em uma prece.

–Guia-me nessa luta, me faça merecedor do que foi passado a mim por Charles Uley meu avô.

Abri meus olhos me esticando até o criado mudo e pegando a foto, olhei para o meu avô.

–Vovô, eu gostaria que estivesse aqui, sei que estaria ao meu lado lutando conosco, juro ser merecedor do que você me deu, jamais irei envergonhá-lo, por favor, esteja comigo...

Parei por um momento olhando a imagem, Sam abraçado a mim, eu que ainda era um bebê, e ele que nem sequer sabia que ali estava o seu irmão, aquilo foi um momento especial, Charles Uley queria sua família unida, ele queria me ver ao lado do meu irmão, mesmo o nosso pai nos renegando como filhos e Sam não gostando, mas Charles queria isso, nossa união, ele não se importava se eu levava seu sangue, assim como Sam, meu irmão.

–Eu vou proteger o Sam vô, prometo ao senhor que estarei ao lado do meu irmão até o fim, como o senhor sempre sonhou acontecer, seus netos estarão lado a lado juntos, lutando contra os frios e honrando nossa família.

Carinhosamente beijei a foto e a coloquei no bolso da minha jaqueta jeans, dei um último olhar para o livro acariciando sua capa, estava na hora, eu não falharei.

Saí do meu quarto indo até a minha mãe que beijou carinhosamente a minha testa e me abençoou, eu sabia o que me esperava, não sou bem visto por alguns, principalmente aqueles que são aliados de Kevin, eu sou um bastardo, fruto de uma traição, não sou considerado membro dessa reserva aos olhos deles que são frutos dos antigos Quileutes, enquanto eu... Eu sou o maldito bastardo, sou a vergonha dos Uley.

Não! Isso não é verdade, Charles Uley sempre me amou, ele me reconheceu como seu neto, ele deixou claro que eu tenho seu sangue, e é isso que importa, dane-se a opinião dos outros.

Chegamos à casa dos Clearwater, estavam todos lá, o velho Ateara estava triste, nada do Quil. Leah veio até a mim me abraçando apertado.

–Jacob e Sam já seguiram direto, Sam com a mãe e Jacob com Billy Black. - o senhor Cameron nos diz.

Respirei fundo olhando para todos.

–Então vamos acabar com isso logo.

Seguimos para a reunião, ela logo começaria e enquanto chegávamos ouvíamos vozes exaltadas.

–Vocês não tinham o direito de fazer essa votação sem a nossa presença! - Jacob gritava.

Nos olhamos e andamos mais rápido.

–Calma Jacob...

–Não me peça calma Sam... Eles não podiam fazer isso, irmão, você não! De todos menos você!

Quando chegamos vimos a surpresa, Kevin havia começado a reunião mais cedo sem a nossa presença. Sam segurava o Jacob tentando acalmá-lo.

–Mas o que está acontecendo aqui? - o senhor Cameron gritou, mas era nítido o que estava acontecendo, Jacob se volta para nós, vindo em nossa direção.

–Eles começaram a reunião sem a nossa presença, já tomaram as decisões Cameron... Eles expulsarão o Sam.

O senhor Cameron inflamou.

–Você sabe muito bem que não se pode começar essa reunião sem que todos estejam presentes... - enquanto o senhor Cameron falava, Kevin o olhava naturalmente.

–Não seria necessária a presença de vocês para que nós do conselho votássemos, os votos dos demais membros seriam dados pela emoção já que eles são seus pais, amigos, são votos sem nenhum valor.

Não poderia aceitar aquilo, respirei fundo indo à frente, fiquei ao lado de Jacob e Sam, que me olhou e falou para mim:

–Não se meta nisso Embry.

–Não vou deixar que eles afastem você, irmão.

O olhei seriamente, ele respirou fundo, sacudindo a cabeça em negação, mas eu não obedeci, olhei para Kevin e os demais, o livro apertado firmemente em minhas mãos.

–Essa reunião não tem valor algum, suas ordens, esse conselho, nada disso tem algum valor, pois o Alfa Legítimo é quem deve decidir.

–Isso tudo é uma grande farsa para um golpe, você Kevin sempre quis o poder sobre a matilha, nunca concordou que Sam ainda guarde o lugar de Jacob mesmo ele tendo renunciado ao cargo de Alfa... Sam sempre disse que o Alfa legítimo é o Jacob.

O Senhor Cameron vem ao meu lado também.

-Você nem deveria estar aqui, é um bastardo, filho de uma traição, de um comportamento vergonhoso, você Embry Call não tem HONRA.

Eu o olhei com fúria, mas apesar da minha vontade que era ir para cima dele e esganá-lo, me contive, pois senti uma presença, e eu agradeci mentalmente por ela.

–Ele tem sim... É mais honrado do que você Kevin, e você deve respeito a ele. - Quil estava presente o que indicava que ele iria assumir o seu posto de Alfa, todos o olharam, Kevin sem dar muita importância, pelo canto do olho pude ver minha mãe, assim como Sue e a mãe do Sam com suas mãos unidas agradecendo.

–Quil Ateara, como ousa falar assim com esse conselho? Exijo respeito.

Quil estava diferente, uma postura mais decidida e mais forte, não se importou com nada nem ninguém. Sua voz era um comando, sua expressão fria e enigmática, ele olhava a todos a sua frente, preciso guardar isso muito bem na memória, pois o que iria acontecer agora mudaria nossas vidas.

–E eu exijo que toda e qualquer decisão tomada por esse conselho perca todo e qualquer valor e que nesse momento comece a reunião.

Kevin e alguns riram sem fazer ideia do que seria.

–Você exige? E quem é você para exigir, quem você pensa que é para dar ordens a esse conselho, hein?! Só porque seu avô tem o respeito por ser o índio mais velho da tribo?

Nunca ouvi um rosnado como o que o Quil soltou, tão forte, tão ameaçador que muitos ali mudaram de postura assumindo agora uma postura de medo, Quil então falou firme e seguro, o que fez todos se olharem perplexos.

–Porque eu sou o Alfa legítimo.

–Que palhaçada é essa? - o senhor Colin, parente dos Clearwater, falava, meus irmãos não entendiam nada, Jacob e Sam estavam como se perguntando se Quil havia enlouquecido, Kevin após o susto o olhou divertido.

–Você... Alfa... Você é o Alfa legítimo... – e explodiu numa grande risada, seguido por alguns que agora ficaram mais tranqüilos. Quil permanecia sério, seus braços cruzados.

–Quil você está maluco? – Seth disse.

–Quil... O que você está fazendo, menino... Ateara o que está acontecendo ? – Billy perguntou.

Jacob me olhou e eu confirmei com a cabeça de que era realmente verdade, ele colocou a mão em sua boca perplexo e sem entender.

–Não é uma piada Kevin, Quil é realmente o Alfa legítimo.

O senhor Ateara tomou a palavra, pois ele sendo o mais velho não haveria motivo para duvidar de sua palavra.

–Ele não pode se candidatar a Alfa, Ateara, Quil não tem nenhuma vocação para isso, se alguém deve se candidatar a Alfa será Brad o filho de Kevin quando ele se transformar, é o mais preparado, desde que os frios chegaram aqui novamente, Kevin vem o treinando, o instruindo para o dia de sua transformação assumir o posto que Jacob Black renunciou.

Brad, mesmo não sendo lobo ainda, já demonstrava que logo se transformaria, Kevin quando soube das transformações sabia que logo seria o filho, vendo os sinais sempre instruiu Brad, ele queria que Sam o treinasse para que passasse o lugar para o filho, mas meu irmão Sam sempre deixou bem claro que o lugar era do Jacob, e ele o guardaria até que Jacob assumisse o posto e se caso Brad reclamasse o posto, só haveria um jeito, lutar contra o lobo do Sam, coisa que uma pessoa com um pingo de juízo não faria. Isso deixava Kevin irritado.

–Não estou me candidatando a nada Kevin, conte a ele Embry. - Quil me pediu.

Leah me olhou com surpresa, e garanto que depois que tudo passar minha loba vai me castigar por não ter contado nada a ela.

–O que o bastardo disser não tem valor algum, pois ele não é ninguém nessa tribo.

Senti-me humilhado, abaixando um pouco a cabeça, mas alguém tocou em meu ombro, olhei e era o Sam que me olhava sério, fazendo um sinal negativo com a cabeça.

–Não se atreva a baixar a cabeça.

Ele foi duro e passou coragem e eu ergui meu rosto, ouvindo Quil falar.

–A palavra de Embry Call tem mais valor do que qualquer outra aqui, Charles Uley o aceitou e o reconheceu como neto, tendo seu sangue, o sangue dos Uley, passando a ele um cargo importante, tão importante quanto o de Sam, cuidar do lugar do Alfa, Embry assim sendo neto de Charles foi concebido a ele o lugar de Guardião do Livro Quileute.

Fui à frente pegando a carta de meu avô onde ele deixava isso claro, e entreguei ao velho Ateara que leu em voz alta para que todos ouvissem.

–Sendo assim, diante dessa carta escrita com o próprio punho, Charles Uley reconhece Embry como seu neto legítimo, passando a ele o posto de Guardião do Livro Quileute.

–Agora que você sabe que o Embry foi reconhecido como neto pelo próprio Charles Uley pode continuar com a reunião, Embry é a sua vez irmão.– Quil me pediu, respirei fundo olhando a todos.

–Esse é o Livro Quileute, ele me foi passado por meu avô Charles Uley, pois todos os membros do Clã Uley tem um posto, o do Sam é tomar conta do lugar do Alfa legítimo até que ele possa assumir, no caso dele Jacob não se sentia pronto para assumir o posto e Sam estava esperando seu amadurecimento e o treinando para que ele se torne um Alfa.

–Esse livro é uma farsa. Nunca se ouviu falar nele!– o senhor Colin disse irritado.

–Cale-se Colin... Vamos deixá-los continuar e ver onde essa palhaçada vai dar.– Kevin lhe disse zombeteiro, depois me olhou com um sorriso cínico. -Deixe que o bastardo continue.

Ouvi o rosnado do Sam e depois da Leah, mas apesar de estar sendo humilhado a cada segundo me mantive firme.

–Como eu estava dizendo, esse livro é passado de geração à geração pelos Uley, e dado a sua importância ele é secreto, pois tinham medo de que ele caísse em mãos erradas, e que somente se usaria dado a uma situação de extrema urgência, como essa, já que nosso Alfa legítimo Jacob não está em condições de assumir a matilha e renunciou o lobo e tendo o perigo da matilha cair em mãos erradas.

Olhei para Kevin que me olhava com desprezo, mas não retrucou o que eu falei, então prossegui.

–Nesse livro está relatado leis, batalhas, acordos, tudo que a Matilha e seus Alfas passaram, cada Guardião contou sua história nesse livro, nele temos o relato de Tahaki nosso principal Alfa, que vem desde a descoberta dos frios, mas seguirei adiante lendo o relato após a última batalha contra os frios, quando Tahaki perdeu seu filho e sucessor, e com a permissão de todos irei relatar a vocês.

Olhei para os demais membros que assentiram, incluindo o senhor Ateara, olhei para o Sam, Jacob e depois o Quil. E continuei:

–Logo após a batalha contra os frios, Tahaki havia perdido seu filho, o que seria seu sucessor, pois ele de todos os outros era o que ele mais amava e que seria um Alfa,Tahaki havia parado de se transformar, teria que passar brevemente o posto de Alfa, seus filhos que eram frutos das primeiras mulheres não eram honrados, eram cheios de cobiça pelo posto de Alfa, e desejo pelo poder de comandar os Quileutes e a matilha, começaram a brigar entre si. Isso deixava Tahaki muito preocupado, tão preocupado que passou a orar aos grandes espíritos que o ajudassem a achar uma saída, algum tempo se passou até que em mais uma noite em que Tahaki orou, ele adormeceu. Ele conta que acordou com um choro de um bebê, que ao se levantar se viu deitado em sua cama, ele ouviu o choro do bebê e foi o seguindo, parando diante de uma tenda, ele entrou e viu o pequeno bebê deitado, havia acabado de nascer e estava sozinho, Tahaki olhou em volta curioso, se perguntando quem deixaria um bebê ali sozinho, então ele foi pegá-lo em seu colo, o choro deu lugar a grunhidos e quando Tahaki olhou novamente em seus braços não havia um bebê e sim o filhote de um lobo.

Olhei para todos para me certificar que todos prestavam atenção, percebi que o senhor Ateara rezava baixinho, com fé, não entendia bem, mas sempre admiramos muito o tamanho de sua fé.

Olhei para Leah que prestava atenção em mim, Ângela estava ao lado do Quil e se mantinham de mãos dadas, Seth era um menino sentado ao lado da Sue que prestava atenção, Jared ao lado do pai, estava até mais sério do que o costume, enquanto que Sam parecia ponderar sobre tudo. Jacob estava ao lado de Billy e com um sorriso pediu:

–Continue irmão.

O olhei e tive que piscar os olhos novamente, pois me parecia nitidamente que Tahaki estava ali ao lado do Jacob e de Billy, acenando com a cabeça para mim, dando o sinal de que eu fazia o certo, surpreso continuei.

–Ao acordar, Tahaki foi até a tenda do Xamã da nossa tribo, ele era muito sábio e o melhor amigo de Tahaki, mas não precisou contar nada, pois o Xamã disse saber por que Tahaki estava ali, pois ambos tiveram o mesmo sonho, mas ao contrário de Tahaki, o Xamã ao pegar o bebê ainda na forma humana em seus braços foi cercado por lobos, todos os lobos da matilha inclusive Tahaki, que em sua forma de lobo reverenciou o pequeno bebê. Não havia dúvidas que em breve uma criança nasceria e ela seria o escolhido para o cargo de Alfa, mas restava saber quem... Passado algumas luas, que na verdade foi um mês, Tahaki foi chamado para ir até a tenda de sua irmã, pois diziam que ela havia enlouquecido, a irmã de Tahaki era mais nova que ele, era dos irmãos a única mulher e a sua preferida, mas apesar de ser a caçula não havia nunca engravidado, e até já havia se conformado de que não engravidaria, já havia passado da hora de ter um filho, mas para a surpresa de todos eis que o milagre aconteceu, ela pegou a mão do irmão botando em sua barriga e disse: “A mãe terra me abençoou meu irmão, estou à espera de um filho”, todos ficaram emocionados, Tahaki amava sua irmã, e chorou de alegria pulando e gritando com o cunhado que parecia até um menino. O tempo passou e a irmã de Tahaki teve um menino e Tahaki ao vê-lo imediatamente o reconheceu, era o bebê dos seus sonhos, nascia o menino que seria seu sucessor, o filho da irmã que ele mais amava e seu sangue direto. Tahaki cuidou dele, dando educação, o menino cresceu honrando a tribo, os ancestrais e respeitando o tio mais do que qualquer um, honrado, corajoso, justo, qualidades de um guerreiro, de um Alfa... Estava na hora de Tahaki abrir mão do posto de Alfa, não poderia esperar mais, seu sobrinho ainda não tinha se transformado, com isso seus filhos cegos pela cobiça arquitetaram uma armadilha contra o próprio pai, foram até ele dizendo que haviam encontrado frios e que alguns guerreiros estavam em perigo, Tahaki imediatamente correu para ajudar, mas chegando ao local viu que não havia frio algum e percebeu que seus filhos haviam armado uma armadilha, mas quando foram atacá-lo, surge entre eles um enorme lobo, seu urro foi imenso, suas presas ficaram a mostra e ele era tão amedrontador que os lobos da matilha imediatamente recuaram, Tahaki ficou surpreso e foi até o lobo, pois não o conhecia, agradeceu e perguntou quem era o valente guerreiro que o havia salvado e para seu espanto e emoção o lobo deu lugar ao seu lado humano mostrando que o guerreiro era ninguém menos que o seu sobrinho. Tahaki nomeou seu sobrinho como Alfa, até que um de seus filhos tivesse um descendente a altura para tomar então o lugar de Tahaki... O que aconteceu, mais tarde, uma das filhas de Tahaki teve um bebê, seu 1º neto que se tornou o Alfa, gerando o 1º Black.

Eu parei e acho que me empolguei no meu modo de contar a história, Seth fez um “uau!”... Mas Kevin não se deu por vencido.

–Até agora não sei o que isso tem a ver com Quil se dizendo Alfa.

Bufei e cocei a cabeça, eu me empolguei tanto com a história que nem pensei que poderia resumir a coisa.

–Tahaki deixou bem claro no livro uma lei que deve ser seguida por todos aqueles que se tornarem lobos e pelos membros do conselho... Se acontecer alguma coisa com o Alfa legítimo, que no caso é um Black, e ele não poder se transformar por morte ou outro fator e seu lugar não tiver outro descendente para assumir o posto de Alfa será ocupado imediatamente pelo descendente da irmã de Tahaki, que é a mais próxima de seu sangue e que para não haver dúvidas de quem seja, que a criança que nascer carregará por gerações o mesmo nome ao qual o próprio Tahaki lhe batizou... E para que não haja dúvidas Kevin, o sobrinho de Tahaki se chamava Quil Ateara, fazendo assim que o posto de Alfa vá para as mãos dos descendentes da irmã de Tahaki, os Ateara, e que Quil Ateara V se torne o nosso Alfa.

–ISSO É UM ABSURDO! - Kevin gritou. -Não podemos aceitar isso, esse livro é uma fraude.

A reunião se tornou uma grande confusão e gritaria.

–É a lei de Tahaki! – Billy disse. -Você não pode ir contra a lei dele, Kevin.

–Mas Sam é o guardião! Se ele não aceitar Quil como Alfa sucessor ele não passará o cargo. - Colin dizia olhando para Sam que o olhou perplexo.

–Primeiro me expulsam e agora querem que eu decida?! O que acha que sou... UM TOLO?!

Ele urrou, mas eu fui até ele.

–Acalme-se irmão... Sam não pode fazer nada contra isso, pois a decisão foi tomada por Tahaki e aceita pelo Xamã da tribo, que antes que eu me esqueça é um descendente dos Uley!

–Aceite Kevin, você perdeu! - Cameron disse o olhando.

Kevin estava vermelho de raiva, ira e ódio.

–Não! Não vou permitir que nossa matilha seja comandada por um garoto bobo.

Foi rápido, ninguém conseguiu impedir, Quil se transformou em lobo indo pra cima de Kevin o derrubando no chão, colocando sua pata no peito dele e aproximou o focinho até o rosto de Kevin o olhando bem dentro dos olhos e rosnou tão forte, tão furioso, que Kevin teve que tampar seus ouvidos.

–Quil... Não faça isso! - o velho Ateara gritou, Kevin estava paralisado de medo e tremia, o lobo estava furioso e chegava a babar em seu rosto, Jacob foi até o Quil se abaixando e falando com Kevin.

–Acho melhor você aceitar ou não iremos impedir que ele estraçalhe você.

Nenhum de nós imaginou isso vindo do Jacob, ele estava completamente diferente, tinha um sorriso sádico e uma expressão de diversão, que deixava claro que ele realmente não impediria o Quil de matar o Kevin se ele não aceitasse.

–Sim... Eu... Eu aceito... Por Deus, tire ele de cima de mim.

Jacob riu e Sam pediu ao Jared que fosse até a casa dos Ateara trazer roupas para o Quil que voltou a sua forma.

Eu fui até o Jacob que sorria.

–Jake... O que foi aquilo?

Jacob me olhou se limitando apenas em responder:

–Cada um tem aquilo que merece.

Estranhei... Jacob não era daquela forma.

POV Quil

–Eu o mataria Angela... Juro por tudo que o mataria... Quem ele é para me chamar de garoto bobo?! Você viu como ele falava com o Embry, viu como ele se negou... Ele nem pensa no Dean! Não se importa que o perdemos, que os malditos o mataram, aquele desgraçado arrogante! Eu vou matar ele! - eu falava sem parar enquanto me vestia, estava ainda nervoso, bobo eu?! Quem ele é para me chamar de bobo?!

–Maldito desgraçado filho da mãe! Aquele sorriso debochado, e o Colin falando para o Sam me recusar... É o meu lugar! Meu posto! Corja de abutres! Vermes! Minha vontade é de estraçalhar todo mundo.

Dei um murro em uma árvore, eu estava realmente nervoso, enfurecido e ainda tremia.

–Quil... - Angela me chama e quando me volto para ela sou surpreendido por seus lábios que tocam os meus, carinhosos e que segue com sua língua pedindo passagem para minha boca, encontrando com a minha e me acalmando.

Ela me acalma de uma maneira doce, suave, suas mãos em meus cabelos e as minhas segurando sua cintura, eu quebro nosso beijo a abraçando apertado enquanto ela acaricia minha nuca.

–Shh, pronto, acabou... Você já mostrou a ele que não é nenhum bobo.

Continuei abraçado a ela. Fecho meu olhos e sinto meus nervos se acalmando.

–Agora termina de se vestir amor e vamos lá terminar essa reunião. - ela me diz e eu a obedeço como um cordeirinho, termino de me vestir e volto junto com ela para a reunião, estão todos me esperando e ao me verem ficam me olhando.

–Bem... Já que os ânimos se acalmaram vamos prosseguir. – disse o senhor Cameron, ele me olhava assim como os outros enquanto eu estava parado.

–Quil é com você agora. - Jared disse me fazendo voltar a realidade de que todos esperavam minhas palavras e decisões. Fui à frente, para o centro, Kevin e os demais ainda estavam ali, mas não esboçavam a petulância de antes. Respirei fundo fechando meus olhos... “Vamos lá, seja um Alfa”... Eu me dizia, fechando minhas mãos em punhos.

–Como novo Alfa legítimo declaro que o conselho seja reeleito e que o novo chefe seja o senhor Lucius Cameron... O qual irá escolher novos membros de sua total confiança e que respeitem as decisões e as leis impostas por mim e pelos nossos ancestrais.

Kevin bufa indignado, mas contendo sua raiva e a todos os outros do seu lado.

–Declaro também que Sam Uley retorne ao seu posto de direito de guardião e que daqui por diante também se mantenha como mentor e tutor dessa matilha.

Sam abriu um grande sorriso e seus olhos brilharam pelas lágrimas.

–Parece que a viagem para o Brasil ainda vai demorar um pouco, irmão. - Jacob disse divertido, mas ouviu um pigarro do meu avô que dizia que ainda não era um momento para brincadeiras, eu voltei a minha postura séria contendo o riso. Olhei para Angela que me dizia sem palavras um “Eu te amo” e me esforcei para continuar, agora seria o maior de todos os passos, reunir a matilha novamente, estava nervoso, meus irmãos me olhavam sérios e incrédulos, Billy Black disse sem rodeios:

–Vamos Quil, você consegue... Reúna sua matilha...

Respirei fundo.

–Os Cullens quebraram o acordo, traíram nossa confiança matando um dos nossos, filho de um dos nossos irmãos, filho do Alfa, o acordo é bem claro, ele será imediatamente quebrado se um deles atacar alguém de nossa raça ou um humano, portando não há mais acordo entre os Frios e os Quileutes.

Respirei fundo e continuei.

–Eu, Quil Ateara V, convoco todos os clãs diante do meu chamado para que nossa matilha se una novamente, destituindo assim todo e qualquer poder que esse conselho tenha, para que assim possa declarar o fim do acordo e decretar a guerra contra aqueles que nos traíram.

Eu os olhava temeroso de que eles me recusassem, estava tudo em silêncio , cada um deles deveria se apresentar diante de mim, respirei fundo, engoli em seco, Jared olhou para cada um dos irmãos, depois para mim e se levantou.

–O Clã dos Cameron atende o chamado do Alfa para a guerra.

–Isso meu filho! – o senhor Cameron gritou feliz batendo nas costas do Jared, que o olhou.

–Calma pai!

Alguns riram, Seth sorriu e Leah se levantou olhando para mim de um jeito de quem estava divertida com a situação.

–O Clã Clearwater responde o chamado do novo Alfa.

Leah e Seth se levantam, Sam olhou para o Embry e depois para mim.

–O Clã Uley responde o chamado do Alfa.

Sam vem a frente e olhando para o Embry que está parado.

–Como é, você vem ou não?

O Embry sorri e se posta ao lado do Sam, que permanece sério enquanto Embry fica com um sorriso no rosto, era importante isso para ele, fiz um sinal positivo com a cabeça para ele, pois sei o quanto foi difícil para ele, talvez uma coisa boa nisso tudo seja que Sam e ele finalmente seriam irmãos de verdade, não apenas de lobos, mas sim de sangue.

Jacob estava nas sombras encostado embaixo de uma árvore olhando tudo atentamente e isso me deixava preocupado de que ele não tenha gostado de que eu tome seu lugar, um lugar que é dele por direito.

Billy o olha.

–Jake... Filho.

Jacob se desencosta da árvore e então podemos ver seus olhos vermelhos, ele vem até a mim, seu semblante é diferente, sério, e olha atentamente, passa entre os outros, sua respiração é calma. Mas é estranho, algo nele está mudado, não se parece em nada o Jacob de antes.

–Meu Alfa, aqueles que morreram por ti te saúdam.

Ele se ajoelha diante de mim e todos os outros o seguem.

Olhando todos diante de mim, eu não tive palavras, ali meus irmãos me aceitavam como Alfa, nossa matilha estava salva. Sorri olhando para o meu avô que limpou uma lágrima, ele estava cheio de orgulho, olhei para Angela que também chorava. As duas pessoas que mais amo nessa vida, o homem que me ensinou tudo, que me preparou para assumir seu lugar no dia que ele se fosse, e a garota que amo, louca e indescritivelmente, que me olha como se fosse seu herói, seu protetor.

–Nossa matilha! Nossa família! Nossos irmãos! Estamos unidos novamente. - Sam diz com um sorriso e todos se levantam rindo e me abraçando.

O senhor Cameron me abraça me suspendendo e rindo, diante de nossa comemoração Kevin, Colin e os outros, não restava nada mais a eles do que saírem com os rabinhos entre as pernas, enquanto nossa família ria e comemorava.

–Não acredito, você é Alfa. - Jacob me disse rindo.

–Nossa, minhas pernas estão tremendo. - eu disse tirando risos deles.

–Meu amor você foi perfeito... Perfeito. - Angela me abraça me dando um beijo.

Billy vem até a mim, segurando minha mão.

–Obrigado Quil, você salvou a honra da minha família, honrou a Tahaki, nossos ancestrais.

Ele beijou minhas mãos e eu fiquei sem graça.

–Mas ainda falta você declarar a guerra Quil.

Olhei para todos, mas na realidade meu plano era assumir o posto e fazer com que o Jacob retorne com o lobo dele para aí sim ele assumir como Alfa e declarar a guerra.

–Eu não posso... Não vou declarar a guerra, Jacob Black é o Alfa de direito, e é você que deve declarar.

Ele me olha.

–Não Quil, você é o Alfa, eu não sou mais lobo.

–Irmão, precisamos de você, essa guerra é sua, do seu lobo... Os desgraçados mataram seu filho, droga Jacob, está na hora de você parar de chorar, eles são os culpados, eles mataram o Dean, eles merecem morrer pelas suas mãos. - eu dizia enquanto Jacob negava.

–Jacob... Quil está certo, está na hora de você trazer o seu lobo de volta, está na hora da sua vingança, irmão. - Sam disse duro com ele, mas antes de terminarmos ouvimos uma voz triste nos chamar.

–Sam...

Olhamos e era o pai do Paul, o senhor Yuma, droga! O Paul. O homem estava lastimável, chorando, tinha um ar humilde, segurava o chapéu em suas mãos trêmulas. Sam foi até ele.

–Eu sinto muito não ter vindo, mas meu filho... Paul está morrendo.

********************

Casa dos Black – 6 meses atrás

POV Paul

Ele chorava muito... Dean chorava sem parar enquanto Bella caminhava com ele pela casa, a cólica não havia deixado ele, nem papai Jacob, nem a mamãe Bella dormirem.

Quando Dean pegou no sono o dia já nascia, Bella achava que estaria tudo bem quando ele acordasse, mas não foi assim, Dean acordou enjoado e choroso, e para piorar Jacob tinha que ir buscar a irmã que viria de Nova Orleans para conhecer o sobrinho e passar uns dias na casa do pai.

Jacob e Bela ainda moravam com Billy, que também já tinha feito de tudo para o neto melhorar, mas nada adiantava... Quil, Embry e Seth, que trabalhavam na obra da casa da Bella e do Jacob também vieram para tentar fazer Dean parar de chorar, mas também não tiveram muito sucesso, até conseguiram, mas como tinham que voltar para a obra o deixaram tranqüilo provisoriamente.

Mas agora Dean novamente estava irritado.

–Oh meu amor, mamãe já deu seu remedinho você já vai melhorar... Shh... Pronto!

Bella o mantinha de pé com a barriguinha dele encostada em seu corpo, entre eles havia uma fralda quente para tentar amenizar a dor.

Quando cheguei da ronda para ajudar os irmãos, ouvi o choro do Dean nitidamente e olhei com pesar para a casa, tadinho do Dean, então antes que pegasse meu turno de trabalho na construção fui dar uma olhadinha nele... A porta estava aberta e entrei chamando.

–Bella, estou entrando.

–Aqui no quarto Paul. – ela respondeu.

Caminho até o quarto e a vejo com Dean no colo, ontem antes de ir para a ronda ele já estava choroso, o olhei no colo dela.

–Ei meu pança, que foi hein?! Vem aqui com o Paul.

O peguei em meus braços e ele continuou reclamando, era incrível a sintonia que temos, adoro ele, seu primeiro sorriso foi para mim e sempre nos damos muito bem, por muitas vezes venho aqui e fico tomando conta dele enquanto a Bella cuida da casa, ela até brinca dizendo que vai me contratar como babá e até já quis me dar algum dinheiro, mas eu recuso, eu adoro ficar com o Dean, eu o amo como um filho, por muitas vezes me imaginei com um bebezinho igual a ele em meu colo, era para ser assim.

–Quer levar ele no hospital? Eu vou com você. - sugeri a ela.

–Nos já levamos e a doutora disse ser normal, que é apenas cólica, é só o remedinho fazer efeito.

Eu continuava com ele em meu colo, agora mais calmo, mas ainda choramingava, eu o balançava e falava com ele, vi uma vez uma mulher com um bebê enquanto o marido dela fazia gracinhas para o filho que parava de chorar, quem sabe não poderia dar certo com o Dean, entreguei ele de volta para a Bella e comecei a brincar com ele. Colocava a fralda no rosto fingindo me esconder.

–Dean onde está o tio Paul... Cadê o tio... Buuu apareceu! - ele começou a parar de reclamar até que ficou com um beicinho e me olhava.

Bella com ele no colo sentada na cama dela e eu ao lado fazendo gracinhas, Dean ia se animando até que ria, peguei seus bonequinhos do Pato Donald, Pateta , Mikey e comecei a imitá-los, ele adora quando eu os imito, aproveitei para colocar uma musiquinha infantil do Mikey no som e enquanto eu e Bella cantávamos para ele Dean ria, parecendo estar bem melhor.

–Sabe quem é seu pai? - mudei minha voz pegando o bonequinho do Pato Donald. Comecei a imitar o Jacob falando, mas com a voz do Pato Donald, isso o fazia rir e Bella também, eu estava com o bonequinho nas mãos imitando, Bella com o Dean no colo, o som estava alto, fazíamos uma pequena bagunça, Dean adora bagunça, é um fato isso. -Seu pai é o Pato Donald que reclama sempre e é estourado.

–E você é um Pateta.

Me virei para a porta da onde o Jacob falava, eu ainda imitava o Pato Donald, foi quando eu a vi... Ela sorria linda, divertida, foi amor, foi desejo, foi paixão, tudo colocado em um liquidificador batido e derramado em meu coração, meu olhar estava preso nela, me fazendo esquecer de tudo a minha volta, me fazendo perder a noção de tempo, espaço, cálculos, lendas, explicações plausíveis e impossíveis, fazendo definir uma nova forma para descrever o amor.

Ela também estava presa ao meu olhar e ao meu sorriso que era um velho conhecido para ela... Ela sorria, aos poucos seu riso foi diminuindo, voltei a realidade com o Jacob falando comigo, então me voltei para ele.

–Eu admito que você seja o melhor amigo da Bella, eu admito que você seja babá do meu filho, que ele te ame mais do que a mim, mas eu não vou admitir nunca que você mexa na porcaria do meu som! - ele estava de costas baixando o volume enquanto Bella falava...

–Jacob, o Paul só estava fazendo o Dean parar de chorar, você poderia ser menos ciumento.

Eu continuava olhando para aquela garota ali parada na porta e agora ela vinha em minha direção.

–Fazendo meu filho rir me chamando de Pato Donald...

Ela veio até a mim.

–Não liga para ele, Jacob sempre foi meio ciumento e eu também acho que ele lembra o Pato Donald. - ela me disse rindo, estiquei minha mão.

–Tudo bem, já estou acostumado... Prazer, Pateta... Quer dizer Paul.

Ela riu e segurou minha mão.

–Oi Paul Pateta... Sou a irmã do Pato Donald... Rachel.

Nós ficamos segurando um a mão do outro, maravilhados, meu polegar acariciando sua mão, meu coração disparado e meus olhos não saíam dos dela.

–Ah meu Deus do céu! - Bella exclamou e logo o Jacob começou a falar desesperado...

–Não! Não! Não! Não! Diz que isso é uma brincadeira... Deus, não faça isso comigo, eu não mereço.

O Jacob me pegou pelo braço e eu não conseguia parar de olhar para ela.

–Vem... Vamos conversar aqui fora.

–Mas eu estava falando com a Rachel. – olhei para trás enquanto ela ria. -Depois nos falamos Rachel.

Fomos até a construção da casa dele enquanto Rachel ficou conversando com a Bella, Jacob começou a chamar o Sam que logo junto com os outros chegou e ficamos todos reunidos.

–O que está acontecendo? – perguntei.

–Cala a boca... Sam me diz que ele não teve um imprinting pela Rachel.

Sam me olhou assustado e depois para o Jacob.

–Como é?

–Sam... O Paul teve um imprinting pela minha irmã.

Eu só conseguia pensar na Rachel, todos me olhavam, e eu comecei a analisar e a única resposta que vinha era que eu a amava e a queria... Queria como minha mulher.

–Eu a amo, Jacob e por mais que eu tente explicar a única coisa que vem na minha cabeça é que eu a amo.

–Vixi... Danou-se, o cara está imprintado mesmo. – Seth disse.

–Coitado do Jacob... – Jared falou.

–Não! Me escuta, eu não quero ver você perto dela, está me ouvindo?

Jacob veio de frente colocando o dedo na minha cara, nervoso, enquanto o Sam o segurava.

–Jacob, ele não tem culpa, é a vontade do lobo.

–Vontade um caramba... Não quero... Poderia ser qualquer um, menos ele.

Me senti um lixo, comecei a analisar todos, o que todos eles falavam e me senti como um zero a esquerda, muitos falavam que não queriam estar no lugar do Jacob, Seth até deu graças por não ter sido pela Leah ou ele fugiria de casa, Jacob e Sam discutiam, pois ele não queria que eu chegasse perto da Rachel, Sam dizia que eu não era culpado.

–Eu sou tão ruim assim?

Todos me olharam e viram minha cara de tristeza, acho que sentiram o quanto aqueles comentários me feriam e então me olharam com pena.

Jacob me olhou.

–Me diz irmão... Eu sou uma pessoa tão ruim assim?

Jacob parecia cair em si e ficar mais calmo.

–Não é isso Paul, mas é que a Rachel tem a vida dela, tem faculdade, ela não estava querendo ter ninguém na vida dela e você, droga Paul... Você é folgado de mais, vive zoando todo mundo, cara você é chato, olha tudo bem que você tenha um imprinting pela minha irmã, mas seja para ela um amigo, um irmão, protetor.

Eu neguei com a cabeça.

–Não! Eu a quero como minha esposa.

Jacob começou a ficar nervoso.

–Faremos um acordo, eu e você... Não farei nada para conquistá-la, vou ficar na minha, se ela não me quiser, tudo bem, serei seu amigo, irmão, protetor... Mas se ela me quiser e vier falar comigo, dizendo para ficar com ela, eu vou aceitar e nem você nem ninguém vai me impedir.

Jacob me olhou desconfiado.

–Sério? Você não vai fazer nada, nem tentar nada?

Eu o olhei sério, seria difícil, eu sei, mas eu tentaria se for para ficar com a Rachel valia tudo, até porque eu sei que ela não vai resistir à força do imprinting... Assim espero.

Jacob mordeu o lábio pensativo, mas esticou a mão apertando a minha.

–Ok, eu concordo, nada de gracinhas e eu vou ficar de olho, se você fizer qualquer coisa, uma gracinha, eu arrebento você, te mando pro hospital.

Selamos um acordo de lobos, me comprometi e mesmo amando-a eu não chegaria perto da Rachel, deixaria ela se decidir.

O dia se passou e quando foi a noite fui até a casa dos Black me despedir do Dean, Bella estava com Dean e Rachel na varanda, e quando eu a vi ela abriu um sorriso lindo, e pude ouvir um “é ele, Bella”. Cheguei e ela me cumprimentou sorrindo.

–Oi Paul Pateta.

–Oi irmã do Donald.

Era nítido o desejo que nós dois tínhamos um pelo outro, mas eu me contive, olhei para o Dean e fui até ele que estava com soninho, o peguei no colo o beijando.

–Tio Paul já vai, tenha uma boa noite e nada de balada hein?!

Olhei para Bella lhe desejando boa noite e depois para Rachel.

–Você não quer ficar mais um pouco Paul? A noite está linda. - Rache me perguntou com olhos suplicantes, eu iria dizer sim, mas quando olhei o Jacob estava com os braços cruzados encostado na porta e me olhando como quem diz: “Vá em frente, me dê a alegria de te arrebentar.” Então eu neguei.

–Estou cansado Rachel, mas obrigado pelo convite, outro dia quem sabe.

Ela ficou triste, seus olhos tinham decepção e ela sussurrou um tudo bem.

–Até amanhã irmã do Pato Donald.

Rachel me olhou sorrindo enquanto o Jacob revirava os olhos.

–Até Paul Pateta.

Fui embora ainda a olhando, me despedindo do seu sorriso.

Os dias foram passando e eu me segurava para não dar em cima da Rachel, ela por sua vez todas as noites sentava na varanda com o Dean no colo e ficava sussurrando para ele: “Paul, onde está seu tio Pateta, Dean?” E quando eu aparecia para me despedir dele ela sempre puxava assunto comigo, não contente Rachel passou a me trazer lanches todas as tardes e pela manhã me trazia uma limonada geladinha, dizendo estar muito calor e que provavelmente nós estaríamos com sede, mas ela sempre se dirigia a mim, as visitas de Rachel na construção começaram a gerar alguns acidentes.

Eu estava com o Quil, o ajudando a pregar umas ripas enquanto ele segurava o prego eu martelava, tudo ia bem até que Rachel apareceu.

–Oi Paul... Oi Quil.

Quando eu vi aquele lindo sorriso...

–AHHHHHHHH! MEU DEDO! - Quil pulava desesperado, eu iria ajudá-lo, mas a Rachel estava vindo sorrindo então eu me levantei e fui falar com ela.

No outro dia teve outro acidente...

–Tudo bem Paul, desliga aí a chave de luz que eu vou aqui fazer a instalação. - Jared fazia a parte elétrica da casa, ele e o Embry, eles iriam instalar tudo pelo telhado, para isso precisavam que eu desligasse a luz enquanto Embry instalava o quadro de disjuntores o Jared fazia a instalação e conecção dos fios, para isso a luz que era provisoriamente puxada da casa do Billy tinha que se manter desligada através da chave, tudo corria bem até que a Rachel apareceu.

–Oi Paul.

–Oi Rachel..

E toda vez que eu via essa mulher eu me esquecia até do meu próprio nome.

–Paul... Eu estou querendo tomar um banho, mas não tem luz alguma na casa do meu pai...

–Hum... Banho, é?! - minha imaginação começou a criar imagens de uma Rachel nua debaixo de uma água quentinha, o boxe esfumaçado, seu corpo molhado, o sabão escorrendo enquanto ela acaricia seu corpo. -Ah sim, é que eu desliguei a chave geral... Só um momento.

Eu inocentemente liguei a chave e foi quando ouvimos um baque.

–Ai meu Deus!

Era o Jared caindo do telhado e o Embry da escada devido a um choque... Ops!

Cada dia mais eu a amava mais e mais, e estava começando a ficar difícil me segurar, Jacob não dava uma folga sequer, sempre nos vigiando, eu da minha parte cumpria o acordo, mas nossas mãos sempre se acariciavam quando ela me entregava um copo de suco ou um lanche, sempre ficávamos com o Dean na varanda e conversávamos um pouco, e esse pouco eu ia me abrindo com ela sobre minha vida, até que Rachel anunciou para seu pai e o Jacob que iria ficar mais um pouco aqui em Forks, ela falou que o motivo era o sobrinho e a saudade da família, mas todos sabiam que a verdade era que ela não conseguiria ficar longe de mim, Rachel está compenetrada em seu objetivo que era me conquistar. Sei disso, pois Bella me confidenciou o quanto Rachel estava apaixonada por mim, e dizia a cunhada que não sabia o que fazer para me conquistar, até perguntou se eu teria alguém, Bella disse a ela que eu não tinha namorada e que eu também gostava da Rachel.

A confirmação da Bella dos meus sentimentos por ela fez com que a Rachel criasse coragem e um belo dia...

–Paul, o que você vai fazer hoje a tarde? - ela me perguntou enquanto eu brincava com o Dean, era manhã e eu havia chegado da ronda, e como era domingo estaríamos livres.

–Não sei, estava pensando em pegar meu cachorro e ir velejar um pouco.

Ela riu e deu um tapinha em meu braço.

–Pateta... É sério, eu estou querendo sair um pouco com o Dean, ir ao parque.

Eu sorri, Rachel estava me chamando para sair.

–Bom, eu não tenho nada para fazer, vai ser uma boa, afinal o dia está bonito mesmo.

Marcamos, eu iria passar na casa do Billy para pegar ela e o Dean, cheguei e Billy me recebeu bem, ele não estava muito feliz, mas não reclamou, mas o Jacob estava reclamando, dava para ouvir muito bem.

–Nós podemos ir todos juntos, por que só você e o Paul?

–Jacob, estou querendo dar uns minutinhos de paz para vocês dois, aproveita e vai namorar um pouco.

Eu tive que rir e ouvi um rosnado.

Rachel apareceu linda, Dean estava no colo do Jacob e assim que me viu sorriu, Jacob olhou para o Dean.

–Tome conta da sua tia, Dean, se alguém fizer alguma gracinha vomita na cara dele.

–Jacob Black, isso é coisa que se diga?! Me dá meu filho... Aqui Rachel, se divirtam bastante.

Foi uma tarde agradável, as pessoas achavam que Dean era meu filho e da Rachel, conversamos sobre muitas coisas, gostos, sobre a vida, contei a ela sobre o aborto da minha namorada, Rachel me falou de sua vida, seus planos.

Quando voltamos já era começo de noite, nos sentamos na varanda e eu peguei o violão que sempre deixávamos ali na varanda do Jacob onde conversávamos e tocávamos alguma coisa, após um dia de trabalho, Rachel mantinha o Dean sentadinho em seu colo que a essa altura estava com sono devido a tarde de agitação.

Continuamos conversando, enquanto eu dedilhava algumas notas, conversávamos sobre músicas e bandas, ela gosta dos Beatles, assim como eu. Era nítido o clima que estava, nós estávamos completamente apaixonados, mas quem tomaria o 1º passo? Oras Paul, não valeria a pena levar uma surra? Pelos doces lábios de Rachel, você não aceitaria?

Claro que sim, valeria morrer por ela.

–Tem uma música que quando escuto me lembro de você. - eu lhe disse começando a dedilhar as notas da canção, mudando o nome de Michelle para Rachel.

“Rachel, minha bela

Essas são palavras que vão bem juntas,

Minha Rachel

Rachel, minha bela

São as palavras que ficam muito bem juntas

Muito bem juntas

Eu amo você, eu amo você, eu amo você

Isso é tudo que eu quero dizer

Até eu encontrar um caminho

Eu direi as únicas palavras que eu sei que você entenderá

Rachel, minha bela

São as palavras que ficam muito bem juntas

Muito bem juntas

Eu preciso, eu preciso, eu preciso

Eu preciso fazer você enxergar

O que você significa para mim

Até eu conseguir, espero que você entenderá o que eu quero dizer

Eu amo você

Eu quero você, eu quero você, eu quero você

Eu acho que você sabe disso agora

Eu vou te alcançar de alguma maneira

Até eu conseguir, eu estou dizendo a você para que entenda

Rachel, minha bela

São as palavras que ficam muito bem juntas

Muito bem juntas

E eu direi as únicas palavras que eu sei que você entenderá,

Minha Rachel.”

Eu cantava olhando em seus olhos, lhe falando de todos os meus sentimentos que não mais poderia esconder, eu amava Rachel, era louco por ela e eu queria que ela soubesse disso, pois eu sabia que ela sentia o mesmo por mim, pois via isso em seu olhar.

Não agüentando mais, nem eu nem ela, decidimos não mais resistir, deixe que o imprinting se conclua, deixe que nossas vidas agora se tornem uma única, minha e dela, que nossa felicidade se resuma a estar um nos braços do outro e que nosso amor se fortaleça a cada beijo.

Rachel e eu fomos juntos ao encontro um do outro e trocamos um beijo, um simples beijo, sem língua, apenas nossos lábios que se tocavam e que transmitiam um ao outro o amor que sentíamos, mesmo que de uma forma simples, não era necessário, o amor é simples, meus caros, não é complicado amar, não é complicado demonstrar, o amor se demonstra até mesmo em um simples olhar.

No final do nosso beijo o sorriso em nossos rostos e o brilho intenso que tínhamos no olhar era a demonstração de que era isso que ansiávamos por muito tempo.

–Rachel...

Era o Jacob que a chamava, ele nos olhou, sabendo que não adiantaria mais nada, ele estava vencido, não havia como resistir ao imprinting, no fundo ele sabia, só fazia aquele teatro todo para saber se eu realmente era merecedor da sua irmã, como ele viu em todo esse tempo que eu seria, pois cumpri até quando não pude mais o nosso acordo, ele veio caminhando pegando o Dean em seu colo.

–Vou colocar ele para dormir.

–Eu já vou embora Jacob. – eu disse a ele, que me surpreendeu.

–Não... Sem problemas, fica aí com a Rachel, boa noite irmão.

Ele entrou e então sem falar mais nada a puxei para mim a beijando completamente, suas mãos invadiam sem licença minha pele, as minhas a traziam mais e mais contra meu corpo, nada mais nos impedia, Rachel agora era definitivamente minha.

Eu sabia que ele nos olhava, sabia que Jacob estava na janela com o Dean em seu colo que deveria estar sorrindo com a cena, pois ouvia o Jacob falar com ele.

–Você deveria estar do lado do seu pai.

–Vem Jacob, vamos deixar sua irmã e o Paul.

Ele bufou.

–Hunf... Sou voto vencido nessa casa Bells.

–Oh meu nenê, você sabe que nós te amamos.

Ele se foi reclamando e eu ri disso.

Tempo Atual

Eu me lembro de você ainda um pequenino, você só tinha 1 dia de vida nesse mundo louco, eu estava ansioso para te ver, você era o filho do meu irmão, meu sobrinho emprestado, me lembro de você pequenininho nos braços da sua mãe chegando e seus olhos abertos vendo tudo, eu me perguntava se você mesmo com tão pouco tempo conseguia entender que já era tão amado por nós, me sentei ao seu lado fazendo uma palhaçada qualquer e você deu um sorriso, seu primeiro sorriso foi para mim, eu me lembro desse dia... Você me ensinou a ser um bobo.

Eu me lembro de você, quando tinha um mês e eu estava com você em meu colo e lhe dei um pedaço de uva para você chupar, me lembro que você não fez careta, eu passei a ir todos os dias levar suas uvas, eu te colocava em meu colo e ficávamos conversando enquanto você se deliciava com elas, naquele dia comecei a te contar coisas da minha vida, coisas banais, e você me ouvia atentamente parecendo entender o que eu falava, eu te beijava docemente e te embalava até você dormir... Você me ensinou a demonstrar carinho.

Eu me lembro de você agora mais crescido, querendo tagarelar, me lembro de chegar à casa da Emily onde você estava no colo dela, me lembro da sua felicidade ao me ver e com seus bracinhos levantados pedia minha atenção falando uma pequena palavra que a Emily descobriu ser meu nome, “Bo”, era assim que você alegremente passou a me chamar, eu me sentei no chão, minhas lágrimas caindo onde eu procurava esconder rapidamente, eu te abraçava e você com seus pequenos bracinhos retribuía o gesto encostando sua cabeça em meu ombro, tenho certeza que você poderia ouvir meu coração batendo feliz por isso, nesse momento passei a te amar bem mais, pois você me ensinava a ter a emoção de um pai.

Eu me lembro de você dando seus primeiros passinhos, nós estávamos na praia, quando sua mãe chamou seu pai e nós olhamos, você estava de pé segurando nela e sorrindo, queria vir jogar futebol conosco, seu pai se ajoelhou e te chamou, você deu alguns passos, mas depois desistiu e veio engatinhando até ele que te abraçou forte, eu te vi ali começando a querer conquistar esse mundo, tal qual um passarinho que começa a bater as asinhas. Ali eu prometi em silêncio que seria seu protetor...

Agora eu tenho uma última lembrança sua, a mais terrível que eu possa ter, e que eu gostaria muito que fosse apagada da minha mente, pois ela me faz ter a certeza de que não teremos mais nossos momentos juntos e essa verdade dói na minha alma e no meu coração, você me ensinou tantos sentimentos Dean, e agora me ensina o que é a dor, a saudade, não posso mais ficar ao seu lado, você me ensinou tantas coisas boas Dean, mas se esqueceu de me ensinar a viver sem você, eu espero que a gente se encontre logo naquele lugar onde o seu livrinho de histórias dizia ter fontes de tutti frut, bolhas de sabão e com nuvens de algodão.

POV Jacob

Quando eu me transformei e fui apresentado a matilha me lembro que o Sam me levou até a casa dele, eu estava assustado com tudo, o fato de ser um lobo, pertencer a uma matilha me assustava, mas me lembro que ele chegou comigo na casa dele, e disse: “Emily pode colocar o prato do Jacob... Ali Jacob, seu lugar.”

Me lembro de ele olhar para os outros e dizer: “Esse é nosso novo irmão... Essa é sua família Jacob.”

Eu já tinha um lugar na mesa, tinha meu prato, talher, Emily cuidava de mim com todo o carinho de uma mãe, sempre me mantive meio arredio, meio longe, nunca me integrei mesmo com essa coisa de matilha, ainda mais o Sam me dizendo que eu era um alfa e que cuidaria de todos, eu nunca quis isso, nunca quis uma matilha.

Mas a bem da verdade, eles aos poucos foram me cativando com suas brincadeiras, com os carinhos da Emily, não sei como, mas sei que em determinado momento eu já os chamava de minha família, a qual eu amo.

Dean amava nossas reuniões, meu filho era tão amado por eles, ele adorava a todos sem exceção de nenhum, mas Paul e ele, eu não sei, parecia que tinha uma ligação a mais, por muitas vezes eu ficava ao longe vendo o Paul com meu filho, ele forrava o chão na frente de casa e colocava o Dean deitadinho e se deitava ao lado do Dean e ficava mostrando as nuvens para ele.

Eu repreendia mentalmente dizendo que ele era um tolo, pois Dean não entendia nada, mas tolo era eu que imaginava isso, pois Dean ficava olhando para onde o Paul apontava e ficava com seus berros de bebê tentando falar alguma coisa, e por muitas vezes ele e Paul acabavam adormecendo ali mesmo.

Por muitas vezes eu chegava do trabalho e encontrava o Paul sentado no chão do quarto do Dean com ele em seu colo sentadinho apoiado com as costas no Paul, enquanto o Paul lia alguma história para ele, eu sentia ciúmes e por muitas vezes implicava com o Paul, principalmente depois que ele começou a namorar a Rachel, me lembro quando Bella me disse que gostaria que Rachel e Paul fossem padrinhos do Dean, na hora eu me revoltei, disse que não, mas depois pensei em quem seria melhor pai para o Dean do que eu? Se algum dia eu faltasse, se eu morresse, quem seria o único que poderia assumir o meu lugar?

A resposta eu vi no olhar do Paul quando o padre no batizado do Dean disse que ele seria como um segundo pai para o Dean, eu vi ali nitidamente que não era preciso aquela afirmação do padre, para o Paul, Dean era um filho, o filho que ele não teve, que foi privado a ele, eu vi a alma do Paul morrer quando ele entrou na pequena capela e viu meu filho naquele caixão, desde esse dia do sepultamento do meu filho eu sabia que ele não estava bem, mas nenhum de nós poderia imaginar o quão arrasado ele estava.

Caminhamos todos rapidamente em direção a onde ele estava, meu pai permaneceu ao lado do senhor Yuma em sua casa esperando que conseguíssemos trazer Paul de volta.

O lugar era no meio da floresta, era uma caverna, parecia ser úmida e fria.

–Consigo ouvir o choro da Rachel... Deus, espero não ter chegado tarde! - o Seth dizia enquanto continuávamos caminhando até a entrada e isso será algo que nunca vai sair da minha memória.

Rachel estava ao lado de um grande lobo que grunhia e respirava forte puxando todo o ar, ele estava muito mal, Rachel se levantou vindo correndo se atirando em meus braços.

–Graças a Deus vocês chegaram.

–Vai ficar tudo bem Rachel. - eu lhe garanti, mas a expressão do Sam dizia o contrário, ele caminhou até o lobo, o olhando, tocando seu pêlo, ficou um tempo ali ajoelhado acariciando a cabeça do Paul, por fim ele se levantou, os olhos do Sam demonstravam uma tristeza tamanha.

–Ele... Paul está morrendo, o lobo... A tristeza do lobo está matando ele.

Na hora tantas coisas passaram na minha cabeça como um filme, vi Paul com sua alegria, cenas de coisas banais, atitudes suas que sempre impliquei, cenas dele e do Dean rindo, Dean no colo da Bella enquanto ele ficava lhe mostrando como comer uvas e após retirar um pedaço ele oferecia ao Dean, cenas minhas e de Paul, suas brincadeiras comigo, sempre fazia alguma palhaçada para me fazer quebrar a carranca e sorrir, e ele simplesmente me olhava e sorria feliz por isso, de como sentávamos juntos vendo lutas na tv, cenas minha ferido e ele me segurando, me passando apoio... “Agüenta Jacob, agüenta irmão”, ele me dizia.

–Não Jacob, você pode ajudar... Você é o Alfa, ajuda ele... Paul... Paul.

Eu olhava para Rachel que me implorava chorando, vi as cenas em câmera lenta, eu vi o Quil indo até ele e lhe implorando que se levantasse, vi Leah se debruçar em cima do Paul lhe beijando o topo da cabeça do lobo.

–Meu irmão, você precisa se levantar, nós te amamos Paul.

Comecei a caminhar até ele, ouvindo ao longe o choro da Rachel, algo dentro de mim doía, falava mais alto, chegava a gritar... “É o meu irmão”... Eu perdi meu Dean, aqueles sanguessugas o tiraram de mim, perdi o amor da minha Bells, e agora o meu irmão.

Eu posso fazer algo mesmo não sendo lobo? Se posso então farei, me ajoelhei diante do lobo e fechei meus olhos fazendo uma promessa.

“Se você fizer meu irmão voltar eu juro, lobo, eu irei te aceitar novamente.”

Nessa hora não sei o que deu em mim, mas algo dentro de mim começou a pulsar forte, um sentimento que eu não conseguia identificar o que era, só sei que a única coisa que posso dizer é que estou farto de chorar.

–Paul, eu também morri por dentro, também não tenho forças, a cada dia fica mais insuportável, a cada dia eu sinto mais raiva de mim por não ter chegado a tempo de salvá-lo, todas as noites que eu tento dormir não consigo, não consigo fechar meus olhos e ver meu filho morto em meus braços.

Parei e fiquei o olhando, ele estava muito fraco, dentro de mim a maldita sensação continuava forte cada vez mais.

–Mas Paul, eu não posso mais perder, não quero mais perder minha família, mais alguém que eu amo, não é justo isso, não é justo que somente nós tenhamos que perder enquanto aqueles desgraçados estão ainda vivos, não é justo eu ser amaldiçoado com essa dor e eles que o mataram não saberem o que é a dor de fato... Paul, a gente não pode mais perder, a cada perda nossa é uma vitória para aqueles desgraçados.

Eu o encarei e ele me fitava, seus dentes começaram a ficar a mostra e um rosnado leve começou... Isso Paul, deixa esse ódio sair.

–Eu preciso de você irmão, preciso da sua força, da sua determinação, preciso que você esteja ao meu lado para acabar com a raça daqueles desgraçados que tiraram o nosso menino de nós... Porque irmão, eu juro por Deus que não irei descansar até que eu faça cada sanguessuga que existir nessa merda de terra morrer.

As palavras saíam, não somente como ajuda para o Paul, mas para mim também, era isso que eu precisava ouvir, e isso vinha de mim mesmo numa constatação de que não posso mais ficar de joelhos chorando, os sanguessugas teriam que pagar e eu os faria pagar, cada um deles morreria pelas minhas presas e com isso eu soube o que era esse sentimento dentro de mim, isso que nascia e estava como uma bomba relógio prestes a explodir... Era nada mais que meu ódio.

Paul, o lobo, começou a tentar se levantar, mas estava muito fraco ainda.

–Vamos irmão... Você vai conseguir... Volte a sua forma humana Paul.

O lobo bufava, tentava voltar, até que ele conseguiu e diante dos meus olhos Paul retornou, eu fui até ele apoiando sua cabeça em meu colo e sorri, Rachel veio se jogando nos braços dele, o beijando loucamente.

–Rachel calma, estou bem. - ele dizia enquanto a abraçava, mas ele estava bem debilitado, nós rimos e o ajudamos a se vestir com uma bermuda simples de elástico e o levamos para casa, deixamos Paul aos cuidados da Rachel e ficamos do lado de fora.

–Agora sim nossa família está completa. - dizia Seth com um sorriso, mas apesar do clima ainda faltava mais a ser feito.

–Quil, agora só falta você proclamar a guerra. - Jared disse, mas eu o interrompi.

–Não! Vamos esperar o Paul se recuperar e então você declara.

Quil assentiu e eu olhei sério para o Sam.

–Ainda temos algo a fazer. - todos me olharam curiosos. -Ainda preciso trazer meu lobo de volta.

Todos assentiram com um sorriso, Sam me olhou.

–Preciso de você Sam... Você me ajuda a trazer meu lobo de volta?

Pedi como um menino, mas para a minha surpresa Sam pareceu hesitar diante do meu pedido.

–Qual o problema? Não era isso que você queria, nossa matilha reunida de novo?

Sam respirou fundo.

–Jake, me escuta, ninguém mais do que eu quer ver todos nós reunidos novamente, mas não sei se é o certo a fazer agora.

Eu o olhei incrédulo, não é possível que o Sam não me queira novamente na matilha, parecendo ler minha mente ele continuou:

–Irmão, eu temo por você... Você não está bem Jacob e eu tenho medo do que pode acontecer com você, com sua vida, Jacob há mais coisas nesse nosso mundo do que você imagina, meu irmão, um deles é nossa sintonia com o lobo, Jacob lembra-se da história dos dois lobos?

Eu assenti.

–Eu tenho medo de qual lobo você irá alimentar...

Eu não poderia pensar nisso agora, por um momento pensei na Bella, em quanto ela estava sofrendo pelo nosso filho, pensei em como foi sofrido para ela passar pelo que ela passou, ver nosso filho morto ali em seus braços, aquilo foi de mais para ela e por causa disso, por mais que possa parecer errado, fazia um sentimento crescer mais ainda e criava a certeza de que os sanguessugas devem pagar. Olhei bem dentro dos olhos do Sam passando a ele todo o meu sentimento.

–Você pode me deixar sozinho Sam... Eu não irei condená-lo, mas não vou mais aceitar que aqueles malditos saiam impunes, estou farto de perder para ele Sam, farto daquele maldito sanguessuga arrancar tudo de mim e eu abaixar minha cabeça como um derrotado... Eu não vou ser um cãozinho domado, portanto se você não quiser me ajudar tudo bem, mas eu irei naquela floresta trazer meu lobo de volta, pois a única coisa que vou fazer vai ser matar cada sanguessuga.

Sam me olhava sério.

–Jesus, Jacob, não faça isso, não plante o ódio em seu coração, você não sabe o que pode acontecer, o amor não resiste ao ódio.

Eu o olhei triste.

–É tarde irmão, ele já está dentro de mim.

Me virei indo em direção a floresta, mas escutei a voz do Sam:

–Espera! Seth... Você fica aqui com as meninas.

Seth começou a protestar...

–Mas por que...

Sam o olhou com sua expressão dura e firme de Alfa.

–Porque você ainda é muito jovem... Fica com a sua irmã, ela também não pode ir... Se acontecer alguma coisa nos dê um uivo.

Sam me olhou e depois para os outros.

–Vamos irmãos, temos que chegar ao Rio Quileute antes da meia noite.

Fiquei curioso.

–Rio Quileute... Mas não foi lá onde eu renunciei meu lobo.

–Paciência Jacob, logo você vai saber.

Dei de ombros, se o Sam estava dizendo isso eu não iria contestá-lo.

–Obrigado Sam... Por tudo.

Sam me olhou sorrindo.

–Faço qualquer coisa por você, meu irmão. – ele disse e eu sorri sabendo que aquilo era a mais pura verdade.



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