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Capítulo 12 - Sombras, nada mais [ O último amanhecer ]










Capítulo 12 - Sombras, nada mais

POV Bella

Eu estou entorpecida, não consigo ouvir nada, não consigo falar, tudo parece estar em câmera lenta como em um filme, mas no meu caso é um filme de terror.

Sam fala comigo, meu pai chega e eu não consigo ouvir ou entender o que eles dizem, de repente a sala está cheia de pessoas que não sei quem são, só sei que os vejo falando com meu pai, do lado de fora na noite que começa, posso ver o brilho das sirenes pela janela, enquanto isso eu estou ainda aqui, ao chão, que tem manchas de sangue, o sangue do meu pequenino.

Em meu colo ele está sereno, parece continuar dormindo como há algumas horas atrás, sim... Foi um pesadelo, um terrível pesadelo.

Acaricio seus cabelos lisos e negros como os do pai, seu rostinho cheio de arranhões, alguns profundos, os acaricio, pego uma fralda e tento limpar o sangue de seu rosto carinhosamente, e continuo a acariciar seus cabelos lhe beijando a face que está tão maltratada, sempre faço isso quando ele adormece em meu colo. Nunca me canso de ficar com ele em meu colo por algum tempo antes de colocá-lo no berço, fico admirando-o, tão lindo, tão esperto, tão tagarela com palavras que tentei tantas vezes decifrar.

–Bella, precisamos levá-lo.

Tiro meus olhos do meu filho para olhar para o meu pai que está na minha frente, ele tem lágrimas escorrendo de seus olhos, e vem com os braços estendidos para pegá-lo dos meus, eu continuo calada, entorpecida, mesmo que tentasse não conseguiria explicar o que sinto, é como se eu mesma não existisse mais.

Ele vai tirando meu filho dos meus braços, mas eu o recuo ainda mantendo-o comigo. Só então percebo que as pessoas são paramédicos, vejo uma maca, Sam tem Jacob ao seu lado, meu pai olha para o Jacob que está me olhando, ele vem até a mim lentamente, seus olhos cheios de dor... Uma dor que eu lhe proporcionei, pois tudo foi culpa minha.

–Bells, eles precisam levá-lo, amor... Precisam cuidar dele. – sua voz está embargada.

Enquanto ele fala comigo meu pai pega o Dean dos meus braços com carinho, o entregando para a médica que lhe olha com pesar e deixa escorrer uma lágrima, balbuciando um “sinto muito, Charlie.”

–Por favor... Não o coloque nesse saco preto... Não diante da minha filha. - meu pai pede a ela chorando.

Ela o cobre com carinho e sai com ele em seus braços, Dean estava indo embora, eles estavam levando-o para longe de mim... Para sempre! Meu pequenino, lembranças passavam em minha mente agora, suas palavras emboladas, seu sorriso, de como me chamava com um sorriso demonstrando seu carinho por mim, me beijava a todo o momento com sua boquinha linda.

Nunca mais eu teria isso!

Ela se afastava saindo pela porta com um pedaço de mim, com meu filhinho... NÃO! Eu não posso deixar que o levem de mim, não posso ficar longe dele... Me levanto indo até a porta.

–Não! Não! Só mais um pouco... Só mais um momento, por favor.

Mas ela não me escuta, eles vão levando-o de mim, enquanto eu sou parada pelos braços de Jacob.

–Bells, por favor.

–Não deixe que o levem de mim Jacob. – imploro.

Eu me debatia tentando me libertar dos braços dele que me seguravam.

–Eu quero meu filho! Jake não deixe que o levem... Dean! Dean... Jacob, por favor.

–Bella, se acalme... É preciso. - Sam vinha ajudar o Jacob.

Mas eu não escutava ninguém.

–Não! Me solta, não vou deixar levarem ele de mim... É meu filho, Sam.

Eu tentava me desvencilhar deles, eles queriam me levar, mas não conseguiam, foi como se a ficha tivesse caído nesse momento, e despertei sendo jogada para um pesadelo real, eu era a única culpada, eu abri a porta, eu concordei com tudo, deixei que eles o matassem, Jake me avisou tanto, me pediu tanto, mas eu não escutei, Jacob tantas vezes me dizia o quanto via a maldade de Edward, mas eu não acreditava, não percebia, via como um exagero... Como ciúmes bobo.

Tirei dele o que ele mais amava, eu ajudei Edward a matar meu filho, fui e sou a culpada. Me desvencilhei deles e corri para a ambulância, vi a médica colocando meu filho coberto na maca, consegui chegar e me jogar em cima dele chorando.

–Dean, me perdoe! Me perdoe, eu te matei meu filho! Eu deixei ele entrar! Me perdoe meu amor.

Jacob me segura me chamando, mas eu não queria ser tocada por ele, não queria que Jacob me abraçasse, por mais que o amasse não merecia ele, pois apesar de amá-lo, de ele ser tudo na minha vida, eu ainda era a maldita garota dos vampiros.

–Não toca em mim! – pedi.

Jacob parou me olhando assustado enquanto eu me afastava dele, mesmo assim ele ainda veio para perto de mim.

–Bella. – sua voz foi só um sussurro.

Mas eu me joguei nos braços do Sam que a princípio se surpreendeu.

–Bella... O que eu fiz? - Jacob me perguntava.

Ele veio para me abraçar, mas eu recusei ir para seus braços pela primeira vez, e de agora em diante seria assim, eu não merecia seu amor, seu conforto, Jacob não merecia alguém como eu, ele merece mais, muito mais.

–Shii... Está tudo bem, vamos te levar pra casa Bella. - Sam me acalentava.

Jacob tentou se aproximar mais uma vez, mas eu o recusei de novo, abraçando o Sam mais forte, meu pai veio até a mim e eu fui para seus braços, ele me colocou dentro da viatura onde me levaria para a reserva, para a minha casa, enquanto ia, ainda pude ver Jacob junto com os meninos que tentavam consolá-lo, pois ele havia voltado a chorar e estava sentado na frente da casa do meu pai, chorando como um garoto, todo encolhido.

Sinto muito meu amor, sinto por ter causado essa dor, você é o melhor que aconteceu na minha vida, você foi a minha escolha mais certa, é minha luz que me guia na escuridão, em seus braços eu fui feliz, você não merece isso, não merece essa dor, eu lhe causei essa dor, por isso mesmo te amando, mesmo sabendo que sentirei a falta dos seus braços, dos seus beijos, do seu carinho, eu ficarei longe de você, mas sempre te amarei, até o fim da minha vida, até que meu coração pare de bater.




POV Jacob

Eu não tinha mais lágrimas, não tinha mais alegria ou qualquer outro sentimento positivo dentro de mim, estava sentado no chão do quarto com um carrinho na mão, olhando o tapete que coloquei em todo o quarto para que ele pudesse brincar no chão, olhei para o bercinho vazio e levantei indo até ele vendo o móbile de cavalinhos de madeira feito pelo meu pai, ao lado do berço um criado mudo onde tinha um abajur com desenhos de carrinhos que ao acender ficavam se mexendo criando sombras com movimentos e tocava uma música da banda que ele mais gostava... Beatles.

Minhas mãos tocam tudo, parecendo querer captar alguma vida dele, Deus isso não pode ter acontecido.

Eu estou só... Bella está em nosso quarto, ao lado dela as garotas, as mães do conselho como as mães do Sam e do Embry, posso ouvir seu choro, ela balbucia palavras contra si mesma, acusações. Tentei ir até ela confortá-la, mas ela diz não me querer ao lado dela. Por quê? O que eu fiz?

Vim para o quarto do Dean ficando longe de todos, mas escuto Sam chegando.

–Já providenciei tudo Jacob, o funeral e tudo mais, avisei a mãe da Bella que está vindo no primeiro vôo, e eu só preciso de uma última coisa que Sue me pediu para falar com você já que a Bella não tem condições para nada... - ele parou sem saber como falar.

Eu o olhei tentando entender do que ele falava.

–A Sue me pediu para ver com você uma roupinha para ele, pois ela vai cuidar disso, de arrumá-lo.

Fechei meus olhos, eles arderam e então os abri novamente olhando para o Sam. Caminhei até a cômoda balbuciando um “claro!”

–Vou escolher a roupa do batizado dele Sam... Acho que vai servir, pois é uma calça e tem uma blusa com mangas compridas e... ele... ele pode sentir frio.

Senti seu cheiro ainda nas roupinhas e não sei por que me veio esse pensamento, e então desabo ao chão chorando novamente.

–Eu deveria ter levado ele ao médico, irmão, poderia ter feito alguma coisa! - lamentei.

Sam veio ao meu lado me abraçando paternalmente.

–Irmão... Nada poderia ser feito, o veneno deles já estava impregnado nele, a médica disse que do jeito que fizeram ele perdeu muito sangue Jacob.

Os desgraçados sugaram o sangue dele, do meu pequeno filho, Bella acha que sou culpado, que eu poderia tê-lo salvo, ela não diz, mas sei que pensa isso, e ela está certa.

–Bella...ela...ela me culpa por eu não ter feito nada. Ela me evita!

–Bella está transtornada, foi demais para ela ver tudo, passar por tudo aquilo. Jacob depois ela vai melhorar, só dê um tempo a ela irmão.

Sam e Jared eram, juntamente com as mulheres do conselho, os únicos fortes, Emily e as outras garotas estavam ao lado da Bella, meus outros irmãos estavam sofrendo pela dor.

–Escute, vamos lá pra casa, você toma um banho, come alguma coisa, será uma longa noite Jacob.

Mesmo não querendo eu fui com Sam para sua casa, ele avisou a Emily que deixou a Bella aos cuidados das outras meninas, tomei um banho e me joguei no sofá recusando o prato quente que ela havia feito para mim, fiquei olhando o teto enquanto ela falava.

–Sam você tem notícias do Paul?

–Jared foi atrás dele, mas ele acabou sumindo no meio da floresta, pedi ao Jared que fosse atrás dele novamente. – Sam respondeu.

Pobre Paul, Dean era tudo para ele, ele adorava meu filho, imagino sua dor agora.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Os primeiros pássaros logo começaram a cantar anunciando um novo dia, eu estava sentado na varanda vendo o amanhecer. Não dormi. Me sentei aqui na varanda da casa da Emily onde passei a noite inteira, acompanhado pelo Sam e a Emily, depois tomei um banho e vesti um terno escuro que ela deixou separado para mim, assim que me vesti e saí do quarto vi o Sam também arrumado e o Jared.

–Oi irmão. - Jared me deu um abraço juntamente com a Kim, e eu somente pensava em Bella.

–Onde está a Bella? - perguntei a Kim.

–A mãe dela chegou durante a madrugada, está com ela, a Ângela está com o Quil depois que a mãe da Bella chegou.

Eu queria tanto estar ao lado dela, mas a todo tempo ela dizia que não queria que eu fosse vê-la, mesmo todos dizendo que eu queria estar ao seu lado Bella negava.

O Velho Ateara chegou me dando pêsames e anunciou que já estava tudo pronto na capela, e que meu filho já estava lá, chegou à hora mais dolorosa, fui andando amparado por meus irmãos, Jared, Sam, Seth, Leah e Embry. Quil estava sentado na escada da capela chorando como uma criança enquanto Ângela o confortava, a me ver ele se levantou e me abraçou, não falando nada, nem precisava, foi pelas mãos dele e de Embry que meu filho veio ao mundo.

Cheguei à porta e parei sem coragem, lá perto do altar diante da imagem de Cristo, estava o pequeno caixão branco, eu não tinha coragem para entrar, meu pai estava com os outros mais velhos, ele tocava o pequeno caixão.

–Meu neto. - ele só dizia isso.

Sam pousou sua mão em meu ombro e eu o olhei.

–Se você não conseguir.

Eu neguei, tinha que ser forte, olhei para frente e em passos lentos comecei a caminhar na direção do pequeno caixão, as pessoas me olhavam, tentando me passar coragem, mas eu não as olhava, seguia com meu olhar fixo para frente, foi o caminho mais difícil que segui, tantas lembranças, não posso qualificar a minha dor, seu tamanho nem o que sinto, pois não há nenhuma definição para isso.

Quando cheguei e olhei para ele, vi que ele parecia dormir, estava com seu rosto sereno, sem nenhuma expressão de dor, mas ainda estava com os arranhões, cheguei mais perto e o Embry veio até a mim, esticando sua mão e me mostrando a correntinha de prata com a medalhinha de São Francisco de Assis, Bella sempre colocava nele quando saíamos, ele ganhou do Charlie no batizado.

–Achei jogada no chão, estava quebrada, mas pedi que arrumassem. – ele sussurrou.

A peguei sem falar nada, e fiquei segurando-a, não sei por que não coloquei nele, queria deixá-la comigo, olhei novamente para ele e me debrucei beijando sua testa e acariciei seus cabelos.

–Papai pode ficar com sua correntinha? E desculpe Dean... Por não ter sido rápido.

Pensei que não teria mais lágrimas, mas elas apareceram e escorreram, as limpei, mais pessoas vieram falar comigo dizendo o quanto sentiam, que havia sido uma tragédia, Sam disse ao Charlie e as demais pessoas que um cão raivoso havia entrado na casa e atacado o Dean, Rachel veio até a mim me abraçando, assim como Leah que veio me pedindo perdão.

–Me desculpe Jake... Eu não fui rápida o suficiente. - ela se culpava, eu a abracei, Leah não era culpada por nada.

Percebi em determinado momento que mais pessoas entravam e então a vi... Era Bella com seus pais ao lado e ela parecia entorpecida, drogada, não sei, mas mal conseguia andar.

–Eu falei que ela não estava em condições de vir, mas ela fez questão. - disse a Rachel.

Eu queria ir até ela, queria abraçá-la, dizer que estava ao seu lado como em todas as vezes que ela precisou de mim. Caminhei até lá.

–Bells... - murmurei seu nome.

Ela me olhou e continuou nos braços da mãe, e quando fiz menção de chegar perto e lhe abraçar mais uma vez ela me repeliu, não falando nada, Renée olhou para mim me pedindo calma... Eu assenti.

Ela caminhou, chegou perto e não aguentando se debruçou sobre nosso filho, desabando um choro sentido cheio de dor, logo Charlie a tirou de lá fazendo-a se sentar, mas Bella chorava e repetia a mesma frase...

–Eu sou a culpada... Eu sou a culpada! - parecia um maldito mantra.

Fui até ela me ajoelhando em sua frente levantando seu rosto para olhar em seus olhos.

–Você não teve culpa Bells. – disse firme.

Segurei seu rosto e a beijei em meio às lágrimas... Minhas e dela. Mas ela não correspondeu, eu parecia um louco, estava necessitado dela, de seu amor, de seu carinho, algo em que poderia me agarrar e tentar aliviar essa dor, mas ela não correspondia a nada e se afastou de mim se jogando nos braços da mãe dela chorando.

–Bells... Bells olha pra mim... Me escuta...

Ela se negava, talvez com pena de mim, não sei. Me afastaram dela, eu continuei olhando-a, mas Sam e os outros me pediam calma.

O tempo passou e nós continuávamos naquele pesadelo, Bella estava sem chorar, mas com o olhar perdido, o padre Joseph veio querer fazer um pequeno sermão seguido de uma oração que logo foi interrompida e eu queria saber o motivo de ter parado aquela oração, Quil me cutucou.

–Paul chegou. – sussurrou.

O olhei e ele estava deplorável, usava apenas uma bermuda, seus olhos vermelhos e em sua mão um saquinho que não consegui saber o que era, ele veio caminhando até chegar perto do meu filho e o olhou com carinho.

–Oi Pança, trouxe suas uvas.

Fechei meus olhos me recordando que Paul sempre trazia uvas para o Dean quando ia vê-lo, eu brigava com ele, pois ele tirava um pedacinho e o restante colocava na boca do Dean que adorava.

–Paul, amor. - Rachel disse o abraçando enquanto ele chorava.

–Eu perdi Rachel, perdi o único que me amava, meu único amigo.

–Nós todos somos seus amigos Paul, eu te amo também. – ela tentava consolá-lo.

–Não... Você me ama pelo imprinting, mas ele não precisava de magia para gostar de mim, agora eu o perdi Rachel, perdi meu único amigo.

Paul estava surtado, chorava copiosamente nos braços da minha irmã e as pessoas que estavam presentes não conseguiram ficar imunes ao sentir a dor dele.

Olhei para o Sam e vi dor nos olhos dele também, para ele nossa matilha nunca mais será a mesma.

Logo a hora tão dolorosa chegou, algumas pessoas foram mais perto se despedir, o Velho Ateara começou a recitar uma canção Quileute, estava na hora de se despedir do meu pequenino, mas eu não tive coragem, minha vontade era de ir até aquele caixão, tirar meu filho de dentro dele e levá-lo para casa, será que não existia algo que pudesse trazê-lo de volta? Vivo em um mundo mágico, será que não há uma planta, uma canção, um ritual, algo que o traga de volta?!

Bella se apertou mais a mãe e começou a chorar desesperada, Emily veio até a mim.

–Jake ela não vai conseguir... ela... o leite está vazando. – gaguejou em meio às lágrimas.

Deus do céu, por favor, tenha piedade da minha família! Ela ainda o amamentava, não com tanta frequência, ela estava retirando o leite e o colocava na mamadeira para ele ir se acostumando.

A tiraram da capela levando-a para casa, ela já não aguentava mais, Jared e Sam fecharam o caixão e começamos a caminhar com ele até onde seria o repouso definitivo dele, durante todo esse inferno eu não falava mais nada, não tinha voz, aliás, nem tinha mais nada a dizer. Enquanto a cova era fechada apertei fortemente a correntinha com a medalhinha em minha mão, não sei como não a amassei, uma parte de mim também era sepultada ali.

–Jacob, vamos, todos já foram. – Sam me chamou com uma mão em meu ombro.

Olhei em volta e me dei conta de que não sabia o que tinha se passado ou quanto tempo eu estava aqui parado de pé olhando a pequena sepultura.

–Pode ir Sam, quero ficar sozinho. – pedi.

–Jacob... - Jared insistiu.

Mas Sam lhe fez parar com um gesto, Jared abaixou a cabeça e enlaçou à cintura da Kim encostando a cabeça em seu ombro, Sam tocou meu ombro e saiu com Emily. Eu estou só.

Continuei como estava, parado olhando para aquela cova, às vezes pensava estar em um pesadelo, depois pensava em alguma coisa que eu tenha feito e desagradado a Deus para ele me castigar. Nunca mais serei o mesmo.

Uma chuva forte começa a cair, e como não tinha outro jeito, ele não voltaria mais e eu não estava tendo um pesadelo, só me restava sair, caminhei debaixo da chuva não sei para onde, só sei que estava em uma estrada de cascalho, ensopado, caminhei e caminhei por horas, caminhei sem rumo, em minha cabeça procurava alguma razão, conforto e lógica.

Talvez... Se eu a tivesse deixado com ele, se Bella e meu filho continuassem com o sanguessuga meu filho ainda estaria vivo.

Você errou lobo! Você nunca deveria ter tido o imprinting, nunca poderia ter imposto que você os queria... Você condenou meu filho, você queria que ela vivesse, mas não pensou que alguma coisa seria cobrada. E nem capaz de salvá-lo você foi.

–Eu te odeio! Você acabou com a minha vida! Feriu a minha Bella, meu filho está morto! – disse em voz alta para aquele lobo que vive dentro de mim.

Eu estava ajoelhado no meio de uma clareira debaixo da chuva gritando com meu lobo!

–Não quero mais você... Eu te renuncio... Você não faz mais parte de mim... Eu nunca mais quero saber de você... Nunca mais! E que os espíritos me castiguem, mas não quero mais!

Senti uma dor horrível, como se meu corpo estivesse sendo rasgado, e ao mesmo tempo eu queimava, caí apoiado em minhas mãos e diante da dor fechei com força meus olhos.

–Você... Não... Vai sair! Não vai mais existir em mim! – ofeguei.

Cravei minhas unhas no chão, ele não iria sair, eu não me transformaria mais, ouvi um rosnado forte, abri meus olhos e para o meu espanto, não sei se era delírio meu diante da dor, mas ele estava diante de mim, meu lobo com dentes expostos, seus olhos na altura dos meus, e cada rosnado dele eu sentia meu corpo doer mais ainda.

O olhei semicerrando meus olhos, o encarando dentro de seus olhos, travamos uma batalha, eu gritando, rosnando também, não sei, sentia sua respiração forte, ele estava furioso. Eu não iria deixar, senti mais dor que me fez gritar, mas não sei de onde mais eu retirei forças e o encarei novamente.

–Você não vai mais fazer parte de mim! - explodi num grito e então ele se levantou com fúria diante de mim, rosnando, seus pêlos arrepiados, soltou mais um rosnado e por último uivou forte, meu corpo doeu mais, queimou e tudo se apagou.

Acordei ainda na clareira, abri meus olhos devagar, notei que já era noite e que a chuva havia passado, meu corpo estava dolorido, eu vestia apenas a calça, a camisa e o terno estavam rasgados, fui me levantando com certa dificuldade, estava gelado, morrendo de frio, Deus, eu estou com frio.

Me levantei me colocando de pé com certa dificuldade, tentava ver alguma coisa, mas estava muito escuro, quanto tempo estive aqui? Tentei me transformar, mas não conseguia, não sentia nada, o olfato era normal, a audição também, assim como a fome e o calor, era como se eu tivesse voltado há algum tempo antes de ser lobo.

Mesmo não me sentindo bem comecei a caminhar, até que avistei a reserva e logo estava em minha casa. Tudo estava quieto em profundo silêncio, eu não conseguia ouvir nada, abri a porta lentamente e pelo relógio que estava na parede vi que era madrugada, caminhei até meu quarto abrindo a porta devagar, Bella não estava nele, saí e a chamei, mas não obtive resposta, fui até a cozinha e nada, até que cheguei ao quarto do Dean, eu já temia que ela de repente tivesse ido embora com a mãe dela, mas estava enganado, deitada no chão abraçada a um ursinho do Dean estava ela, soltei um suspiro de alívio.

Fui até ela me ajoelhando, mexendo em seus cabelos e comprovei que ela não estava adormecida, mas chorava em silêncio.

–Bells... Vamos para nossa cama amor.

Ela se afastou do meu toque.

–Bells, porque você está me evitando? Bella eu não consegui chegar a tempo, eu tentei, me desculpe amor por não ter conseguido salvar o nosso bebê. – pedi.

Eu falava, mas ela não respondia nada e tentei mais uma vez tocá-la ela não deixou.

–Não é isso... Não é... Eu só não quero que você me toque. – ela murmurou.

Eu parei incrédulo.

–Que? Bells, eu amo você.

Ela se virou ficando longe de mim e chorando.

–Não toque em mim Jacob. Eu não quero que você me toque... Eu não mereço seu conforto, seu amor. – ela dizia coisas sem sentido.

–Bells, não faz isso. - ainda fiz uma última tentativa, mas ela se esquivou.

Me levantei e fui para a sala escura, me sentei no sofá e enquanto Bella chorava no quarto do nosso filho eu estava sozinho, sem absolutamente ninguém para me consolar.

Eu não tinha mais o Dean... Não tinha mais a Bella... E também não tinha mais meu lobo.
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