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Capítulo 4 - O motivo para viver [O Último Amanhecer]

 Capítulo 4 "Motivo Para Continuar Viver"

Bella

Ainda era surreal para mim que eu estava carregando um filho do meu sol em meu ventre... É inevitável não sorrir com isso enquanto acariciava minha barriga ainda lisa e me olhava no espelho.

Era irônico ver o quanto as coisas podem mudar, um dia não encontrava mais sentido de viver... Olhava para minha vida como se não houvesse um propósito, somente um desejo de me encaixar em algo e só encontrei uma alternativa ao conhecer Edward, seguindo em uma vida imortal. Porém aos poucos essas idéias foram mudando, mesmo assim as coisas seguiam o curso onde minha escolha era deixar tudo e a todos para viver o conto de fadas no qual eu acreditava ser tudo em minha vida.

Mas no fim tudo mudou e o que fez ter sentido foi uma “VIDA”, uma vida crescendo dentro de mim.

Respirei fundo deixando novamente o sorriso rasgar em meu rosto para depois voltar a deixar a tristeza me invadir... Ainda havia uma tristeza dentro de mim, em que se aplicava a não poder compartilhar esse momento feliz com o Jake. Queria de algum jeito poder dizer a ele que agora tinha um propósito para manter o meu coração continuando a bater... Dizer que ainda continuava a ser a mesma Bells, sua Bells, mas sei que se encarasse seus olhos não iria resistir em contar a verdade...

Querendo ou não isso poderia causar um dano maior no futuro. Edward estava certo, contar ao Jake só traria tristeza e uma briga incansável... Ele um dia teria seu imprinting e isso em conseqüência traria sofrimento a mim. Então, só o que me confortava era que teria sempre um pedacinho do meu sol ao meu lado para trazer dias iluminados entre os nublados que haviam por vir.

–Um dólar por seus pensamentos. - olho em direção de onde vinha uma voz aveludada encontrando o olhar terno de Edward.

Sorri para ele que veio até a mim... Apesar de fazer uma semana em que tudo mudou, ele tem sido maravilhoso comigo, cuidando de mim e isso é o que me faz sentir péssima por tê-lo traído... E por mais que ele diga que somente foi uma falha humana, a quota de culpa não sai de minhas costas, porque querendo ou não fui eu que levei até isso, pois se não tivesse sido cabeça dura ou covarde para enxergar que sobreviveria sem ele e reconhecer que o meu amor por Jake era maior que tudo, não estaria aqui dentro de um casamento falso, onde o homem diante de mim prova a cada instante sua nobreza e o quanto me ama, mesmo eu não merecendo o seu amor.

–Está se sentindo bem? Está tão calada... - ele sussurrou beijando meu pescoço.

Fechei meus olhos, mas sentindo certo desconforto de seus lábios gélidos roçarem em minha pele.

–Estou bem... Só pensando um pouco... - disse me afastando de seus braços seguindo de volta até o quarto.

Ele me seguiu em silêncio, como se fosse minha sombra. Antes isso não me importava, mas agora começava a me irritar, pois parecia que ele mesmo não lendo minha mente ficava atrás de mim com a intenção de ler meus pensamentos ao olhar para meu rosto... Respirei fundo tentando afastar esse incômodo, pois sei que ele só queria meu bem.

Todos da família de certa forma aceitaram minha traição ao Edward. Não compreendi a princípio, mas no fim cada um deu sua justificativa a isso... A única pessoa, Rosálie, a que eu jurava que iria dessa vez me odiar menos por minha escolha ser diferente, me surpreendeu com a sua atitude distante, porém nunca deu a sua opinião ao que pensava de eu ter traído seu irmão ou estar esperando um filho de outro. Às vezes sentia como se ela desejasse dizer algo a mim, mas no fim nunca se manifestava e ficava na dela. Edward dizia que Rosálie tinha os seus preconceitos por eu estar esperando um filho de um lobisomem, mas querendo ou não algo dentro de mim duvidava que esse fosse o motivo real.

Estava tão distraída, olhando o nada que não percebi Edward ao meu lado, mas o toque de seus lábios em minha pele nua de meu ombro me trouxe de volta a realidade... Ele novamente beijava meu pescoço e sua mão deslizava até meu seio enquanto a outra apertava levemente minha coxa... Um bolo se formava em minha garganta, mas não era vontade de chorar e sim um sinal de nojo.

Apesar de tudo, muitas vezes desejei por sentir esse toque tão íntimo vindo dele, mas muito antes de chegar a esse ponto onde estávamos ele parava. No entanto esse desejo não existia mais, nem mesmo com ele me tocando, estimulando daquele jeito.

–Edward... A sua família... Eles vão escutar. - disse com a voz entrecortada, trincando os meus dentes reprimindo a bíli que insistia subir por minha garganta.

–Não se preocupe amor, foram todos caçar, a casa é nossa. - ele sussurrou mordendo minha orelha, virando meu corpo agilmente de frente para ele.

Minhas pernas rodearam sua cintura mecanicamente, enquanto ele colava seus lábios nos meus em um beijo diferente dos muitos que ele me deu... Não tinha zelo, nem cautela, era somente voraz, paixão... Uma paixão que eu não mais partilhava com ele.

Tentei me afastar um pouco para poder respirar e impedir o que estava por vir.

–Edward, por favor, não...

–Por quê? Você não queria ter essa experiência? Cumprirei minha promessa... - ele voltou a me beijar sem ao menos me dar tempo para negar.

Suas mãos rasgaram o leve tecido da camisola que eu vestia me deixando somente de calcinha, seus lábios tomaram meu seio direito causando um pouco de dor. Novamente a náusea tomou conta de mim ao invés de desejo e entrega por ele. E antes que acabasse vomitando em cima dele, usei a única força para afastá-lo e gritar em um só fôlego para poder pará-lo.

–EDWARD ME LARGA! - automaticamente ele me soltou e com as mãos em minha boca corri para o banheiro me debruçando sobre a privada deixando tudo o que jantei sair.

Eu sabia que Edward estava próximo, pois seu cheiro aumentava mais o meu desejo de vomitar. Sem poder protestar ele veio até a mim ajoelhando ao meu lado segurando meus cabelos para afastá-los do meu rosto, mas seus toques, seu cheiro, sua presença me incomodava... Queria poder mandá-lo sair, mas não conseguia por estar despejando uma boa quantidade do que ingeri.

Quando não tinha mais o que por para fora levantei indo até a pia lavar minha boca e assim que terminei de escovar meus dentes escuto a voz de Edward falar comigo.

–Vou chamar Carlisle para te examinar.

–Não... Deixe ele caçar, só foi um enjôo e já passou. - disse saindo do banheiro.

Um frio percorreu o meu corpo e foi aí que percebi que estava parcialmente nua, então fui até o closet pegar algo mais confortável e quente para vestir.

Edward outra vez me seguiu como sombra e me controlei para não gritar com ele, pois sua atitude me irritava... “Mas que droga! Estou grávida e não doente!” Praguejei mentalmente, mas procurei me conter, tinha certeza que minha alteração de humor faz parte dos hormônios devido à gravidez.

Em silêncio vesti uma calça de moletom e uma camiseta, saí do closet em silêncio passando por ele e indo direto para a cama. Ao deitar me cobri com intuito de somente dormir, porém percebi o olhar triste de Edward que estava recostado na porta do closet.

–Me desculpa... Se soubesse que estava se sentindo mal não teria tentado nada.

O meu coração se apertou em vê-lo se sentir culpado, enquanto eu estava irritada com ele que só queria me amar, cumprir o que um dia me prometeu, apesar de sua promessa não ser mais válida já que eu tive a experiência que tanto queria, só que não foi ele que me deu isso... Estendi a minha mão para que ele se aproximasse e assim que ele se sentou de frente para mim olhei em seus olhos.

–Você não tem culpa, foi de repente... - em um instante juro que vi refletir em seus olhos ódio e possivelmente escutei um rosnado, mas como teve a primeira mudança em sua expressão ele voltou novamente à serenidade e tristeza de antes em seu olhar.

–Tudo bem, acontece... Mas quero que saiba que quando se sentir bem a gente pode tentar. - ele disse acariciando meu rosto.

De repente percebi que ele agia como se eu ainda fosse aquela Bella virgem tomada por hormônios implorando para ele me fazer sua... E que queria fazer amor comigo mesmo depois do que aconteceu como se nada tivesse mudado.

Sei que como uma recém casada deveria ter esse desejo de sempre estar nos braços de seu marido sendo amada por ele, mas agora eu não via esse desejo em mim. Mesmo ele sendo maravilhoso comigo e tendo me perdoado de tudo que fiz... Ainda assim tinha algo que me dizia que eu não deveria fazer amor com Edward. Ele era um vampiro e poderia me machucar, ou machucar meu filho... Sei que muitas vezes acreditei e confiei nele, que não faria nada de mal a mim, mas algo agora fazia toda essa confiança se esvair.

–Edward,eu... Eu acho melhor não tentarmos outra vez. - disse por fim.

Ele franziu a testa como se não entendesse do que eu estava falando, mas sua resposta mostrou contrariar o que pensei.

–Tudo bem... Quando quiser estarei te esperando. – ao escutá-lo dizer aquilo, dentro de mim senti que mesmo com suas palavras compreensivas, que elas mostravam, diziam para eu explicar melhor o que se aplicava a não tentarmos.

E assim fiz.

–Olha Edward, o que quero dizer é que não quero tentar nada enquanto estiver grávida. Sei que não me machucaria, mas eu quero prevenir... - senti minhas bochechas corarem, mas tinha que ser sincera para talvez não correr o mesmo risco de passar mal como aconteceu há pouco.

Não sei por que tinha a impressão de que seria sempre assim, já que carrego em meu ventre um Quileute.

Com as minhas palavras Edward me olhou pensativo, mas por fim sorriu levemente assentindo ao meu pedido.

–Tudo bem amor... Entendo, instinto de proteção materno... Será como quiser.

–Obrigada. - disse.

–Bom, descanse, você precisa. - ele disse depositando um beijo em minha testa e se postando ao meu lado para que eu me aconchegasse em seus braços. Ainda assim eu não fiz, pois o frio de seu corpo era desconfortante, me fazia ansiar por algo quente, o que lembrava o calor do corpo do meu sol... Edward aparentemente não se incomodou que eu não queria dormir mais aconchegada em seus braços, mesmo ele mostrando compreensão senti que havia algo por trás daquela máscara de calmaria dele... Uma irritação oculta por suas feições angelicais e mesmo que insistisse em saber, sei que ele não me contaria. Sendo assim dei de ombro e me deitei.

Não demorei a pegar no sono, pois assim que fechei meus olhos acabei sendo tomada pela inconsciência, como também minha inconsciência foi tomada pelo mundo dos sonhos... Na verdade não era sonho e sim o mesmo pesadelo que há semanas me atormentava e eu não entendia o que significava aquilo.

"Me via em um lugar idêntico ao que houve a luta com Victoria que tinha intuito de obter sua vingança pela morte de James... A mesma montanha nevoada, fria, sem nada para aquecer. Olho para o lado e vejo uma barraca e do outro lado uma fogueira com suas brasas apagadas...

Mas o que chamou minha atenção foi o som de uivos próximos daquele local. Minha espinha congelou, meu peito inflou com o desejo de vingança... ”Mas vingar o que?” Simplesmente senti minhas pernas seguirem em direção de onde vinham os uivos...

Entrei por entre um amontoado de árvores e conforme os sons aumentavam minhas pernas seguiam uma corrida incessante, até que também pude escutar sons de guinchos metálicos ,como ferro sendo rasgado ao meio, pedras sendo implodidas...Um cheiro de incenso tomou minhas narinas aumentando mais minha ira desconhecida por mim e ao mesmo tempo minha satisfação.

Corri no meio de uma floresta como uma criança correndo em direção ao carro dos seus pais, louca para saber se eles trouxeram doces para ela... Estranhamente nem ao menos tropecei uma vez... Também, em sonhos você pode até voar... Mas nesse sonho, apesar de todo horror, me sentia leve...

E no momento em que só haviam árvores para contemplar, as imagens mudaram dando lugar a uma cena de horror...

Uivos e gritos estrondosos, rosnados ferozes... Tudo composto por lobos e vampiros... Pilhas e pilhas de corpos pálidos em chamas. E automaticamente meus olhos varreram cada pilha a procura dos rosto conhecidos, até que encontrei cada pedaço esquartejado em chama, mas ao velar seus olhos minhas mãos foram de encontro ao meus lábios... Bom foi o que faria, se não houvesse ali um conflito de sentimentos de surpresa e tristeza entre satisfação e desejo de gargalhar. Ainda assim me via presa nos olhos dourados de que muito tempo contemplei e desejei ter os mesmos, mas o dourado líquido não estava ali e sim o vermelho sangue refletindo cada morte de um inocente para obter aquela cor que significa morte.

Mas antes que me decaísse com aquela imagem um toque gélido tocou em meu rosto me despertando do torpor. Olhei para quem me tocava encontrando a face de Edward que olhava para mim com a mesma doçura.

–Bella... Minha Bella...- ele sussurrava enquanto lançava o seu sorriso torto a mim.

Mas novamente fui tomada pela surpresa, vendo que seus olhos também continham o mesmo vermelho...

–Por Deus Edward! O que você fez? Porque seus olhos estão vermelhos? - essa pergunta escapou dos meus lábios.

Ele me encarou com a testa franzida, mas seus olhos continham dor... No entanto suas feições mudaram para uma fisionomia desconhecida.

Ele abriu um sorriso maligno, fazendo com que meu corpo tremesse, mas antes que ele dissesse algo ele fora arrastado para longe de mim, onde cada parte do seu corpo era abocanhado por presas gigantescas...

Sei que o certo, era para eu gritar, impedir o que iria acontecer, porém ao contrário do que devia, meus lábios retorceram em um sorriso, uma excitação, um desejo de vê-lo ser esquartejado lentamente com dor se apoderava de mim. E antes que esboçasse esse desejo Edward não existia mais, somente uma pilha de seu corpo que começava a ser tomado pela chama..."

Como em todos os outros sonhos acordei suando frio... Não entendia o que estava acontecendo...

–Algum problema amor? Pesadelo outra vez? - Edward estava ao meu lado acariciando meu rosto como sempre fazia quando acordava de um pesadelo. No entanto não havia contado a ele nem a ninguém sobre esse pesadelo.

Sei que o certo é sempre contar para aliviar um pouco a tensão, mas ao contrário disso, sempre que criava coragem para dizer minha garganta travava e uma voz dentro de mim dizia para eu ficar calada... E por fim eu me mantinha em silêncio.

–Sim, mas nada importante. - tentei soar tranqüila para fugir do interrogatório de Edward e me levantei indo até o banheiro fazer minha higiene.

Ele me encarava como se não acreditasse em minhas palavras, mas ignorei.

–Tem certeza? Você está tendo pesadelos direto e com seu histórico, seus sonhos sempre são algo como premonições. - com sua insinuação sinto meu coração vacilar uma batida.

Mesmo assim tentei soar tranquila e sorri levemente o respondendo.

–Olha, quem vê o futuro aqui é Alice. - soei brincalhona, mas pela expressão de Edward não funcionou muito.

–Eu sei, mas seus sonhos parecem tão perceptivos com o futuro.

Vendo que não adiantaria fugir olhei para ele, mas ainda sem intenção de contá-lo o real pesadelo.

–É, isso é verdade... Mas dessa vez são só pesadelos normais, como não ver meu pai, minha mãe... Coisas que antes não me importavam, parece que tudo que ignorei está vindo à tona. - em partes não menti e foi isso que me deu a vantagem de conseguir desviar da verdade.

–Bom, você poderá visitá-los de vez em quando...

–Sim, mas você não... Eu não posso aparecer com o meu marido de 17 anos na flor da juventude enquanto eu aparento ser bem mais velha que ele. - disse voltando a olhar o espelho.

–Como assim? - ele parecia incrédulo com o que eu disse, então lembrei que não havia dito que não desejava mais ser vampira.

Olhei para ele novamente...

–Desculpa, acho que não conversamos sobre isso, mas eu decidi que não quero me tornar vampira, não mais agora que tenho um motivo para continuar a viver e envelhecer... - toquei minha barriga e ele direcionou seus olhos até minhas mãos.

–Ah! Entendo... - sua voz continha decepção e isso me deixou intrigada.

–O que foi Edward? Não era você que antes fez de tudo para eu desistir de me tornar uma vampira? E agora que não quero está com essa cara de decepcionado... Olha sei que tem os Volturi e a promessa, mas como um dia você disse, tem como evitar deles virem cobrar essa dívida, pensei que essa decisão o faria feliz.

–Sim, estou, você está certa, só que com tanta insistência da sua parte acabei me acostumando com a idéia de tê-la ao meu lado nessa vida imortal, mas entendo a sua decisão e se é assim que quer, assim será e te darei todo o meu apoio.

Sorri com as suas palavras enquanto ele tocou meus lábios em um beijo calmo, mas no momento em que aprofundávamos o beijo uma náusea se apoderou de meu estômago e automaticamente me afastei dele.

–O que foi? - ele perguntou sem entender.

–Nada, só que lembrei que não escovei os dentes.

Ele sorriu ainda envolvendo minha cintura com suas mãos.

–Eu não me importo com isso...

–É, mas eu sim. - virei de costas para ele pegando minha escova de dente, enquanto escutava sua gargalhada.

Assim que terminei a minha higiene, voltei para o quarto vendo pela janela que o dia estava lindo e lembrei do meu pai e que estava sentindo sua falta.

–Edward, vou ver meu pai. - disse ao entrar no closet onde ele se vestia.

–Ah, não pode ser outro dia? É que eu irei caçar... - sua forma possessiva como se eu dependesse de sua permissão para ver meu pai me irritou.

–Edward, eu vou ver meu pai, não vou fugir. - respondi de mau humor.

–Não foi isso que quis dizer, é que pensei que seria legal se fossemos juntos.

Era visível que ele estava mentindo, no entanto não caí em sua desculpa.

–Tem alguma coisa além de você querer ir comigo?

Ele pareceu surpreso com a minha pergunta.

–Não, não há. - sua resposta fez que minha sobrancelha se arqueasse em desconfiança.

Como não estava com vontade de discutir, resolvi encerrar essa conversa.

–Olha Edward o dia está lindo e estou cansada de ficar em casa trancada... Estou com saudade do meu pai.

–Tudo bem, fazemos o seguinte: eu caço aqui perto e volto rápido e vamos juntos visitar seu pai.

Dessa vez não pude conter a minha irritação e neguei com a cabeça.

–Edward vá caçar onde quiser, eu vou visitar meu pai e ficarei com ele a hora que quiser... E por favor para de me tratar como se fosse uma criança, isso está me sufocando.

–Desculpa, é que tenho medo de que você se sinta mal e esteja sozinha...

–Edward eu estou grávida e não doente ou inválida... E se me sentir mal não estarei sozinha o meu pai estará comigo e ele ainda é capaz de me socorrer com coisas simples como enjôo.

–Mas... - ele se calou com o olhar mortal que lhe lancei.

Vendo que não adiantaria argumentar ele assentiu.

–Tudo bem, mas eu te levo e vou te buscar... Não quero você dirigindo caso fique tonta...

–Melhor... - disse me vestindo.

–Sabe... É bom mesmo você ficar um pouco com seu pai, já que daqui algumas semanas vamos embora ver a facul...

–Edward já conversamos sobre isso, não vou fazer faculdade enquanto estiver grávida e quero acompanhar os primeiros anos de vida do meu filho. - disse o interrompendo.

–Eu sei Bella, mas isso não interfere no fato de que temos que nos mudar, sabe que não tem como manter o disfarce devido a nossas idades.

–Sim,eu sei... Mas eu quero ficar um pouco mais... Quero ter meu filho aqui, é pedir muito? - disse o mais serenamente possível.

Edward parecia analisar um pouco o que eu disse a ele e novamente vi um sentimento contraditório a toda sua serenidade, mas logo ele voltou como sempre para a mesma expressão tranqüila, sorrindo.

–Não é pedir muito...

Sem me conter sorri e o abracei, apesar de sua super proteção, ele queria o meu bem e felicidade... E isso não poderia me irritar.

Com tudo decidido terminei de me arrumar e aproveitei que o enjôo havia passado e tentei comer algo, mas o cheiro enjoativo de todos me limitou em só comer duas torradas e beber um copo de leite...

Então Edward foi caçar, mas antes me deixou na casa do meu pai onde eu passaria o dia com ele.

É domingo, dia de sua folga, e com certeza ficaria o dia todo sentado em sua poltrona assistindo jogos na TV enquanto bebe sua cerveja...

Com toda mudança de planos em conseqüência muita coisas mudaram, como em minha atitude distante com meu pai. Eu o amava e sei que ele sofreu muito comigo pelo meu egoísmo e falta de amor próprio... Então nada melhor do que compensá-lo.

Porém Edward estava certo, sendo que uma hora teríamos que partir de Forks e quando chegasse a hora, isso só deixaria o meu coração apertado, pois não queria ir para longe de tudo que construí aqui.

Hoje percebo o erro de minhas escolhas e agora em parte tenho que sofrer as conseqüências.

Mas enquanto não tiver que me afastar de todos aproveitarei para ficar o máximo ao lado de quem amo e uma dessas pessoas é meu pai.

Ao abrir a porta não pude conter o meu sorriso ao vê-lo surpreso por me ver.

–Bells, que surpresa! Poxa filha se soubesse que viria... - sem hesitar o abracei lhe dando um beijo em seu rosto.

Como a mim Charlie corou com meu ato, mas antes que dissesse algo minhas narinas capturaram um cheiro maravilhoso... Era estranho, não senti imediatamente enjôo devido o cheiro da comida, mas ao contrário, meu estômago roncou.

–Desculpa não avisar, é que eu quis realmente fazer surpresa.

–E fez... – ele sorriu. -Vamos, entre... Onde está meu genro? - notei uma conotação desagradável em seu tom de voz e querendo ou não Charlie nunca aceitaria Edward.

–Ele teve uns assuntos para resolver, mas deixou um abraço e disse que outra hora virá comigo visitá-lo. - dei de ombro. -Nossa que cheiro bom... Desde quando cozinha? - perguntei com a sobrancelha arqueada olhando para ele.

Mas pude perceber um rubor em seu rosto, mas antes que ele respondesse uma voz feminina chamou minha atenção .

–Charlie, onde está... - a voz morreu ao notar minha presença.

E minha surpresa foi grande ao ver Sue Cleawarter, esposa do falecido amigo de meu pai ali e provavelmente cozinhando para ele.

Um pouco sem jeito ela sorriu vindo me cumprimentar.

–Olá Bella, como vai?

–Vou bem Sue e você? Seth, Leah...

–Ah... Er... Estou bem e eles também estão.

–Que bom. - disse por fim.

Voltei a notar certo constrangimento, mas procurei não deixar as coisas piores e se estivesse rolando algo ali além de uma atitude gentil em não deixar meu pai passar fome, não seria eu quem iria atrapalhar.

–Uhm... Bella, almoçará conosco? - disse meu pai mudando de assunto.

–Sim, porque não?! - assenti.

–Bom, então vou pôr mais um prato na mesa. - disse Sue seguindo novamente até a cozinha.

Sorri com o seu constrangimento e voltei a encarar meu pai que olhava em direção onde Sue seguiu. Ao notar o meu olhar, ele pigarreou como se tivesse escondendo algo.

–Que foi? - ele perguntou.

–Nada. - dei de ombros.

–Tudo bem, então vamos comer?

–Sim, vamos... - segui com ele até a cozinha.

Assim que nos acomodamos Sue serviu a comida que por sua vez estava uma delícia... Acabei devorando e repetindo três pratos e pelo olhar intrigado do meu pai acho que passei uma imagem de esfomeada para ele.

–Nossa, na casa daquele rapaz não estão te alimentando direito? - a pergunta do meu pai me fez engolir em seco, pois ainda não tinha contado a ele da minha gravidez.

Na verdade, eu praticamente colocava para fora tudo o que comia ainda mais quando tomava as vitaminas que Carlisle me receitou para tomar e por um milagre não estava sentindo enjôo ao comer a comida de Sue.

–Bom, estão sim... É que a comida está tão gostosa... - dei de ombros dando uma enorme garfada.

Charlie ainda tinha um olhar especulativo a mim, mas foi Sue que veio ao meu socorro.

–Deixa a menina comer... Se ela está gostando da minha comida, que mal tem ela comer?

–Nada, não tem mal algum. Só nunca a vi comer tanto assim... Na verdade a única pessoa que vi comer assim foi Renée quando estava esperando Bella, mas mesmo assim Bella parece superar Renée... - ao escutar meu pai fazendo aquela comparação me contive para não engasgar, mas o que fazer... Uma hora teria que contar a ele sobre a minha gravidez...

Mas Sue estava ali e ela poderia acabar contando para alguém da reserva... Para o Jake... Céus o que eu faço?

–Pai eu...

–Olá? - olho em direção da entrada da cozinha vendo Seth entrar. -Desculpa entrar assim é que chamei e a porta estava aberta...

–Garoto que educação te dei? Não se entra na casa das pessoas sem chamar antes. - Sue o repreendeu.

–Desculpa, não fiz por mal...e eu chamei,só que ninguém foi me atender - ele se defendeu.

–Tudo bem Seth, não se preocupe... - disse Charlie tentando apaziguar as coisas para o lado de Seth.

Achei estranha a atitude do meu pai, ainda mais porque ele era do tipo que não gostava muito desse tipo de liberdade.

–Bella... Ei... Pensei que estava na lua de mel. - Seth disse prestando atenção em mim.

Sua pergunta me deixou tensa ainda mais que ninguém sabia dos motivos por ter cancelado minha viagem... Mas antes que eu respondesse a ele, novamente Sue me socorreu.

–Deixa de ser enxerido moleque, não é da sua conta a vida da Bella...

–Não, está tudo bem... Eu não fui porque não me senti bem e Edward achou melhor não viajar, sabe como ele é todo protetor... - rolei os olhos disfarçando.

Porém vi o olhar de Charlie em mim especulativo, mas ele se manteve em silêncio. Sei que quando tivesse oportunidade ele iria me sondar.

Então no meio daquele momento constrangedor Charlie convidou Seth para comer e ele aceitou de bom grado... Por sorte meu pai não comparou o tamanho do meu apetite com o de Seth que agora era quem devorava um prato enorme de comida.

Com Seth presente a nossa conversa seguiu outro rumo e que por sorte não chegou até a mim.

(...)

Depois de comermos ajudei Sue lavando a louça enquanto Seth secava e ela recolhia os talheres... Meu pai estava na sala vendo algum jogo.

Mas ao terminar a louça, somente ficamos Seth e eu enquanto Sue conversava algo com meu pai na sala...

Por mais que a conversa entre Seth e eu estivesse fluindo, eu tentava reunir coragem para fazer uma pergunta a ele.

–Quando é que você vai para outra cidade, cursar a faculdade? - ele perguntou me tirando dos meus devaneios.

–Bom, eu... er... Não sei... Pretendo ficar um tempo por aqui na cidade, ainda falta muito para começar o ano letivo. - dei de ombros tentando soar tranqüila,

mas pelo canto dos olhos procurei algum sinal no rosto de Seth de que ele duvidasse da minha resposta, no entanto ele parecia na dele. Com isso decidi fazer a pergunta que tanto queria fazer, sem ter ninguém a mais para escutar.

–Seth? Como está... O Jake? - disse por fim.

Ao dizer escutei ele fazer um som de alívio e dizer.

–Ufa! Pensei que não iria perguntar... - arqueei a sobrancelha, mas não comentei e só me limitei em obter minha resposta.

Terminando de secar a última louça ele se voltou para mim, recostando na bancada e cruzando os braços, olhando para mim atentamente.

–Ele ta indo... Sabe?! Não está feliz, mas está seguindo ou tentando...

Um nó se alojou em minha garganta e um desejo de chorar me invadiu, mas me contive.

–Entendo... E sinto muito por isso. - sussurrei.

Seth se aproximou tocando meu ombro com sua mão direita.

–Bella não se culpe, Jake sabia onde estava pisando e mesmo assim quis se arriscar.

Neguei com a cabeça, pois ele estava errado, eu era sim culpada de tudo, por ser covarde e fraca... E de certa forma me sinto assim.

–Sabe... Ele esses dias anda se sentindo mal... Enjoado, vomitando só de sentir cheiro de comida, a galera ta zoando ele dizendo que ele está grávido. - Seth ria como se fosse engraçado o estado debilitado do Jake.

Não me agradou em saber que estavam caçoando do Jake por estar se sentindo mal e por outro lado tive que disfarçar minha tensão quando Seth se referiu que todos estão comparando seus enjôos com gravidez. Isso seria uma ironia do destino, se minha gravidez estivesse refletindo os sintomas nele... Embora que já li em algum lugar que alguns homens sentem todos os sintomas de gravidez no lugar de sua mulher...

–Bom, Bella, foi bom te ver, agora tenho que ir, tenho ronda daqui a pouco. -Seth me tirou dos meus devaneios.

–Ok. - assenti.

–Manda um abraço para o Edward.

–Já está dado... - disse.

Então ele virou as costas para mim em direção a saída da cozinha, mas antes que ele saísse uma idéia me veio em mente... Sei que seria errado fazer, mas queria dizer algo para confortar a dor de Jake.

–Seth, espera. - chamei o fazendo olhar para mim.

–Que foi?

Sem delongas segui em direção da mesinha onde tinha o bloco de anotações e uma caneta. Sem dizer nada Seth me seguiu sem entender o que eu queria.

Não tinha noção do que escrever sem contar ao Jake que teria um filho dele, mas teria que me conter em minhas palavras de que eu tinha um motivo muito maior para continuar a deixar o meu coração batendo. Nestes pensamentos escrevi uma curta e breve mensagem com toda força e significado que expressavam aquelas palavras escrita para meu sol.

Destaquei a folha e abri a gaveta onde tinha alguns envelopes de correspondência e coloquei a mensagem que acabara de escrever.

–Seth, quero que me faça um favor. - disse olhando para ele.

–Sim.

–Entregue isto para o Jake, em mãos...

–Bella eu não...

–Seth, por favor. Não é nada que o deixará magoado, somente a certeza de que ainda sou a Bella de sempre e continuarei sendo. - supliquei vendo que ele hesitava temendo um sofrimento maior de seu amigo.

–Tudo bem. Farei... - assentiu.

–Obrigada... - disse dando um beijo em seu rosto.

–Certo, agora tenho que ir... Se cuida Bella.

–Me cuidarei.

Então ele se foi e pela janela pude vê-lo adentrar a floresta... Com ele levando a minha esperança de que o que escrevi traria um pouco de luz ao meu sol.


POV Jacob



Ela... Não sai um minuto da minha mente, no meu coração a dor da saudade, dentro de mim o desejo quase insuportável de vê- la.

Eu passo minhas noites olhando as estrelas e imaginando que talvez onde quer que ela esteja ela também esteja olhando essas mesmas estrelas e me pergunto se assim como eu ela se lembraria de nós, do que vivemos...

Existiria uma chance, por menor que seja, de que eu esteja por alguns segundos em sua mente?

Vou me contentar em pensar que sim, pois isso é o remédio para aliviar a minha dor, se por alguns segundos que fossem eu estiver em sua mente, em seus sonhos, e porque não em seu coração eu me sentiria um homem mais feliz.

Fecho meus olhos suspirando...

–Bells, eu sinto tanto a sua falta.

–Falando sozinho Jake. - abro meus olhos surpreso.

A coisa está séria mesmo, estava tão perdido em pensamentos que nem percebi a chegada do Seth, ele sorri e parece meio que hesitante.

–E aí Seth... Não saiu com os caras? - tento sorrir.

–Eu é que devo te perguntar isso, deveria ter ido com os irmãos para a pizzaria.

Eu sorri sem graça... Não adiantaria falar o que todos já sabem, que estou triste demais para sair com os irmãos, seria uma péssima companhia.

–Não estava com vontade de sair. – respondo, mentiroso.

Seth remexe o bolso.

–Bom... Talvez isso te alegre.

Ele retirou um envelope do bolso.

–Fui até a casa do Charlie hoje cedo e Bella estava lá, parece que cancelou a lua de mel, mas perguntou sobre você e pediu para te entregar isso. - ele parecia receoso.

Meu coração a cada palavra dele parece que vai sair pela boca e em um rompante eu pego o envelope.

–Ela está bem? Quer dizer... Ela está viva, não é?!

Seth ri...

–Se você quer saber se ela ainda é humana... Bem, parece que sim, bom, tenho que ir, vou encontrar os irmãos lá na pizzaria, só vim te entregar isso.

Nos cumprimentamos e ele se vai, mas se volta para mim.

–Posso dizer aos caras que você vai aparecer?

Dependendo do que estiver escrito... Mas...

–Não, fica para a próxima.

Ele da de ombros e se vai.

Seguro o envelope em minhas mãos trêmulas, pensando no que deve estar escrito, minha condenação, minha absolvição...

Com todo o cuidado eu o abro lentamente, eu tenho medo de ler, mas...

–Se for “eu te amo”, eu juro que vou agora mesmo tirar ela daquela casa.

Jake...

Sinto saudades de ver as estrelas com você, a constelação de pegasus é a minha favorita.

Já percebeu como elas estão mais brilhantes esses tempos?

Não é somente de ver as estrelas que sinto saudades, sinto saudades das tardes em sua garagem, onde você me ensinava mecânica, sinto falta de como você sempre ria de como meu nariz estava sujo de graxa, sinto saudades das nossas brincadeiras, ali você me ensinou a voltara viver...

Mas o que eu quero te dizer é que ainda sou a sua Bells e sempre serei, pois agora tenho um motivo para continuar vivendo e manter o meu coração batendo.

Sempre sua... Bells.

Ao terminar de ler o seu bilhete eu tinha lágrimas nos olhos, não de saudade ou tristeza, mas por saber que ela ainda era humana e que sempre seria.

Volto a olhar as estrelas, agora com a certeza de que mesmo distantes também pensamos um no outro, que também continuamos apesar da distância vendo as estrelas juntos.
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