
Bella
–Tem certeza que irá ficar bem?
Era a milésima vez que Edward me fazia essa pergunta, pois ele e a família estavam indo todos caçar. Por incrível que pareça todos procuravam me tratar com liberdade, sem super proteção excessiva por conta da minha gravidez.
–Já disse que sim Edward. Pode ir com sua família...
–Mas e se o bebê quiser nascer... Ou você se sentir mal. - ele argumentou.
–Edward, ainda faltam seis semanas para eu dar à luz... Carlisle já confirmou isso pela ultrassom. E além do mais, vocês estarão ainda hoje em casa...
Edward me encarou pensativo, mas no fim assentiu.
–Tudo bem, só não gosto de te deixar sozinha.
–Já disse para não se preocupar... E qualquer coisa eu ligo para o meu pai e ele me ajuda, mas isso não será necessário. - garanti.
–Tá certo... - ele assentiu por fim.
Ele me puxou para selar seus lábios nos meus com um beijo apaixonado. Beijo que eu procurava corresponder na mesma intensidade, mas era inevitável não sentir repulso... Pois era somente ele se aproximar de mim, ou me tocar de uma forma íntima que meu estômago embrulhava. Mas nesse fim de gestação até que as coisas melhoraram um pouco, porém ainda sentia uma náusea.
Edward se afastou um pouco e segurando minhas mãos fomos para a sala onde todos se preparavam para caçar. A caça será fora de Forks, pois segundo o que Jasper e Emmeth disseram os animais estão se bandeando para o lado das terras Quileutes e devido a isso não há como caçar perto de casa. Então todos estão seguindo para o lado leste onde há as montanhas extensas do Canadá, até mais além se for necessário...
Assim que chegamos à sala, Alice veio imediatamente até a mim.
–Bella, tem certeza que vai ficar bem?
Rolei os olhos mentalmente, mas procurei responder com toda a paciência que ainda havia em mim.
–Sim, Alice. Pode ir... Eu estou bem e não será hoje que o bebê irá nascer.
Ela sorriu, um pouco, mas percebi uma sombra de dúvida em seus olhos, porém ela disfarçou.
–Está certo. - assentiu.
–Não precisamos nos preocupar, pois ainda falta muito para meu neto nascer. - disse Carlisle.
Senti meu olhos marejarem ao escutá-lo chamar meu filho de neto. Pois apesar das circunstâncias todos estavam me tratando muito bem, mas ainda havia Rosálie, que ao escutar Carlisle não escondeu sua expressão de desagrado com as palavras dele. Contudo seus olhos desviaram dos meus quando a olhei de soslaio.
–Bem, então vamos. Estou louco para pegar um leão da montanha. - disse Emmeth esfregando as mãos.
–Sim, vamos. Até mesmo para não deixarmos a Bella sozinha por muito tempo. - assentiu Carlisle.
Sem delongas todos saíram e eu os acompanhei até a porta recebendo as instruções de Edward caso me sentisse mal e para manter a porta da frente fechada... Achei bem hilário esse temor vindo dele, como se alguém viesse aqui nessa imensa fortaleza no meio da mata. No entanto assenti e recebendo o beijo de despedida de Edward, em seguida o vendo sumir com sua família no meio da mata. No entanto eu entendia a preocupação de Edward já que todos não iriam caçar por suas terras e assim eu ficaria à mercê da minha sorte, com isso hoje eu vejo o quanto é irritante ter alguém com super proteção a mim.
Sozinha respirei fundo e entrei em casa e como não tinha nada o que fazer naquela imensa casa resolvi ler um pouco. Peguei o meu velho e surrado exemplar de Morro Dos Ventos Uivantes e me sentei no sofá começando a ler o livro, mas à medida que virava as páginas me acomodei um pouco no sofá ajeitando as almofadas e me deitando, meus olhos iam pesando, até que sinto minhas pálpebras fecharem por completo e a inconsciência me dominar...
Não sei por quanto tempo dormi, só sei que fui despertada por uma sensação de vazio no estômago. Abro os olhos lentamente e percebo pela luz da janela que é tarde. Me espreguicei um pouco, escutando meu estômago roncar, sorri com isso e devagar me sentei com um pouco de dificuldade por conta da minha barriga enorme. É estranho, mas minha barriga parecia de uma mulher que está para dar à luz.
Óbvio que não vejo à hora de ver o rostinho do meu bebê e saber se ele herdou os olhos do pai, se tem a pele morena... Nesse momento o telefone toca e me levanto para atender... Assim que atendo escuto a voz de Edward do outro lado da linha.
–Bella, amor... Como está?
–Estou bem... Edward, você não está caçando? - perguntei estranhando sua ligação.
–Sim, é que aconteceu um imprevisto e teremos que caçar em outra área... Acho que vamos demorar um pouco para voltar. Olha eu vou voltar e depois...
–Não Edward, não precisa. Estou bem..._ o interrompi achando absurdo que deixasse de caçar por mim.
–Mas Bella, se ficarmos todos só estaremos aí amanhã à noite, e se você precisar de ajuda? _ ele argumentou, entretanto continuava achando desnecessário.
–Sei Edward, mas Carlisle já disse que estou bem e o bebê vai demorar para nascer... E novamente repito, se for o caso eu ligo para meu pai. E como você vai demorar, eu vou para casa dele e fico lá até você voltar... Tudo bem assim?
–Não sei... E se ele não entender..._ sua hesitação, estava me inervando, porem eu tinha a desculpa certa para lidar com meu pai.
–Edward, eu digo que você teve que viajar e sei lá, dou uma desculpa, mas não se preocupe. Não quero que fique sem se alimentar.
Ele ficou em silencio por um momento, a ponto de achar que a ligação caiu, mas ele voltou a falar.
–Tudo bem, vou confiar..._ assentiu.
Sorri por ele deixar se convencido rapidamente por meus argumentos.
–Isso é um progresso perante a minha sorte. - zombei.
–Não é não, só estou te dando o benefício da dúvida. _ retrucou.
–Bobo. _ rimos por uns minutos, até ele dar nossa conversa por encerrada.
–Tenho que ir... Mas...estou sentindo saudade.
Ponderei por um instante ao escutar suas palavras carinhosas, porém, sabendo que minhas palavras que viriam serão mentiras.
–Também... - disse.
–Tentarei chegar mais cedo. – ele prometeu.
–Tudo bem, sem pressa.
–Até amanhã, minha Bella...
–Até Edward.
–Te amo. – ele disse. Nesse instante minha garganta travou, pois não consegui retribuir a declaração, no entanto Edward percebeu minha hesitação, logo se despedindo. –Tchau amor.
–Tchau. - foi o que consegui dizer assim que ele desligou.
Com o telefone na mão olhei para o nada, constatando que não voltaria a amá-lo novamente da mesma forma. Nesses pensamentos voltei a sentir meu estômago roncar e coloquei o telefone no lugar seguindo em direção a cozinha para fazer algo para comer... Olhei em volta da imensa sala percebendo o silêncio nostálgico e respirei fundo.
–É filhinho... Somos só mamãe e você sozinhos nessa imensa casa. - disse acariciando minha imensa barriga.
Como resposta ao que disse senti ele chutar levemente, trazendo uma emoção ao senti-lo. Sempre era assim quando ele chutava em minha barriga, parecia fazer festa toda vez que eu estava sozinha, somente ele e eu.
–To vendo que está contente, não é amorzinho? - sussurrei voltando a acariciar o local onde ele chutou, mas escutando mais uma vez o meu estômago roncar.
Sorri caminhando até a cozinha e nesse instante voltei a relembrar o meu encontro com Jacob há semanas atrás, e como foi maravilhoso as poucas horas que passei com ele... Era incrível a forma como ele agia, por um segundo imaginei se por ventura estivéssemos juntos curtindo a vinda do nosso filho... Deus sabe o quanto tive que me conter para não jogar tudo para o alto e ao invés de voltar para casa, ir com ele... Foi lindo a forma como ele se comunicou com o nosso filho e o mesmo respondeu com chutinhos ao que ele dizia... Ironicamente os dois tinham uma ligação perfeita de pai e filho. Porém as palavras de Jacob fizeram o meu coração doer, pois suas palavras estavam carregadas com planos para o futuro, um futuro que possivelmente não irá existir... Um futuro em que ele, por uma imposição minha, só ocuparia o lugar de “tio” na vida de nosso filho, já que a posição de pai fora roubada por Edward, “meu marido”. Ainda assim o que pesava era que no futuro não estaríamos mais aqui, não poderia fechar meus olhos e me iludir de que poderíamos ficar na cidade, pois era arriscado...
Com essa verdade o meu coração voltou a doer, porém fui despertada por um novo chutinho em meu ventre... Sorri, mas também escutando o meu estômago insistente roncar.
–Está com fome também? Então mamãe vai nos alimentar. – sussurrei.
Assim que entro na cozinha sigo em direção da geladeira para ver se havia algo para preparar. O bebê parecia estar jogando futebol dentro da minha barriga, mas apesar da alegria por estar sentindo como ele está vivo dentro de mim, seus chutes estavam começando a me incomodar, causando fisgadas nas parte sensíveis e baixas.
Peguei alguns ovos, queijos e bacon e os coloquei na bancada, e lentamente sigo até chegar onde Esme coloca as frigideiras, no entanto antes de alcançar a frigideira sinto outra fisgada, mas dessa vez a fisgada veio misturada com uma dor, como se algo me rasgasse por dentro.
–Ahhhhmmm. - não pude conter um grito no mesmo instante em que a mesma dor me sufocava, e automaticamente me curvei perante aquele incomodo.
–Ah meu filho, que piada é essa... Ainda falta muito para você vir ao mundo... Ahhh... - murmurei com a voz entrecortada, mas novamente sinto outra pontada dolorosa sendo inevitável não gritar de dor novamente.
Não era para eu estar sentindo esta dor nesse estado, ainda mais porque não era dessa forma que deveria estar sentindo a dor de um parto, tão intensa e forte, até porque nos livros em que li diziam que os trabalhos de parto demoram um pouco, principalmente quando se trata de dar a luz ao primeiro filho, que é o meu caso. E para a dor de uma contração chegar a um nível doloroso tem que estar nos limites da dilatação total do colo do útero.
–Ahhhhhhhhh. - outra dor rasgou dentro de mim e dessa vez senti minhas pernas falharem e se não me apoio na bancada que havia perto de mim teria caído ao chão.
–Deus o que é isso? - como resposta sinto algo escorrer por minhas pernas e ao olhar para o chão vejo uma enorme poça de água com um pouco de sangue. -Minha bolsa rompeu... Deus, meu filho irá nascer! Ahhhhhhhhh... - foi o que consegui dizer no instante em que uma nova contração veio pior que a anterior.
Mesmo em meio à dor procurei normalizar minha respiração para tentar pensar no que fazer. Obviamente essa hora Alice já tenha visto... “Não, ela não viu. Da mesma forma como ela não vê o futuro dos lobos, ela não via o meu futuro por estar esperando um filho de um lobisomem.” - constatei.
Isso era algo evidente por ver a irritação de Alice por muitas vezes estar às cegas por conta da minha presença e agora não seria diferente.
Percebendo que não poderia ter o socorro da minha família, só o que me restava era pedir socorro ao meu pai. Mesmo com as contrações não me dando espaço para respirar tentei usar um pouco de força para ir até o telefone que ficava na sala e me apoiando nas coisas e nas paredes para não cair em meio a uma contração e outra. A sensação era como se meus ossos por um segundo fossem se estilhaçar...
Por fim, e por um milagre, consegui alcançar o telefone e me concentrei em discar o número da casa do meu pai... Nesse instante mesmo sendo ilógico estar lembrando disso, lembrei da reação de Charlie quando lhe contei sobre minha gravidez. É claro que ele não gostou muito por ter achado que eu menti para ele, quando aleguei ser virgem, e agora quando mal me casei estava grávida, porém no fim ele aceitou já que estava casada e não podia fazer nada, e até que ele estava curtindo o fato de ser avô.
Um, dois, três toques e nada de meu pai atender... Sei que pela hora ele já deveria estar em casa, então me lembrei que ele poderia ainda estar no trabalho. Xinguei mentalmente devido a ironia que sucede quando se precisa de ajuda e não tem de imediato. Mesmo assim não era culpa do meu pai que justamente hoje seu neto resolveria vir ao mundo, exatamente quando não tem mais ninguém por perto para me socorrer.
Lutando com a dor e a capacidade de raciocinar em meio aos pouco segundos de espaço entre as contrações consegui discar o número da delegacia e no segundo toque atenderam... Procurei normalizar a voz, para não assustar a quem atendeu, o que seria difícil.
–Centro de polícia, posso ajudar? - uma voz feminina ecoou do outro lado da linha.
–Alô, gostaria de falar com o chefe Charlie Swan, aqui quem está falando é a filha dele.
–Olá Bella? É a Sthayce. Olha o seu pai não está, teve uma emergência fora da cidade e não tem hora para voltar. Mas quer deixar recado?
Merda! Realmente minha sorte daria uma bomba nuclear para causar uma grande destruição em massa... Praguejei mentalmente contendo um grito de dor.
–Não, obrigada. - disse em um só fôlego, logo desligando o telefone antes que ela quisesse manter uma conversa. -Merda! Logo agora que estou sozinha você quer nascer meu filho?
Acariciei minha barriga, sentindo as lágrimas caírem. O que eu iria fazer? Não havia ninguém para me ajudar.
–Ahhmmmm...- mais uma forte contração veio.
E nesse instante como se fosse uma luz no fim do túnel lembrei de alguém que poderia me ajudar.
Sei que seria cruel fazer isso com ele, mas ele tantas vezes que precisei me deu a mão, e porque agora ele não faria? Se tratava de mim, do bebê... De nosso filho... Um filho que ele não tem conhecimento que seja seu. Sem pestanejar disquei o número da casa dele e logo escutando chamar do outro lado da linha.
Três toques e nada de alguém atender e o desespero começando a tomar conta de mim.
–Por favor Jacob, atende, atende... Ou pelo menos Billy, atenda... - rezei um mantra até que no quinto toque escuto a voz rouca que tanto esperava escutar.
–Alô? - havia urgência em seu tom de voz como se soubesse que eu necessitava dele, então rapidamente comecei a falar.
–Jake? So-sou... Eu Bella... Por favor... Eu... Ahhh...- não consegui terminar a frase porque outra contração rasgou dentro de mim.
–Bella, o que foi ? O que esses sanguessugas estão fazendo com você? - sua voz estava desesperada.
Queria dizer a ele que não havia culpado, mas não havia tempo de explicação e sim de pedir que ele viesse logo, então aproveitei o intervalo de uma contração para dizer algo, porém já senti outra contração vir novamente.
–Jake, preciso que me ajude, por favor. Ahhh, venha rápido... Ahhhhhhhhh... - não consegui terminar de falar, pois a dor veio muito mais forte, e com isso acabei deixando o telefone cair da minha mão e levei a mesma até meu ventre junto com a outra que já estava o apoiando.
–Bella, estou ind...- foi o que consegui escutar no fim mesmo com o telefone no chão.
Com muito custo me rastejei curvada os poucos centímetros até onde está o sofá e deixei meu corpo cair sobre ele.
Como se fosso possível a dor das contrações pareciam aumentar a cada segundo e tudo que só pedia era que Jacob chegasse a tempo de me ajudar. Eu sei que ele viria, não seria agora que ele iria me abandonar... Foi o que escutei ele dizer, que ele já está vindo... E é essa esperança a que eu me agarrava. Bom, pelo menos acho que eu escutei e não que foi fruto do meu desejo por tê-lo aqui comigo nesse momento.
Mesmo assim mentalizei que ele logo estaria ali me ajudando.
–Ahh... Calma meu filho... O papai está vindo nos ajudar... Ahhhhhhhhh... - disse em meio a dor. -Só... Espere... Um... Pouquinho... Ahhmm...
“Jake venha logo, por favor!”
**************************
Jacob
Foi uma noite terrível após a minha ronda e não consegui dormir mais uma vez. Já fazia algumas semanas que havia encontrado com Bella e descoberto sobre sua gravidez. Os meus irmãos sabiam que ela estava grávida, mas não quiseram comentar nada comigo para não me deixar chateado. Apesar de tudo, eu deveria estar triste, mas não estou e isso me deixa curioso por esse detalhe que parece algo mínimo pelo que realmente deveria ser.
Como não adianta ficar remoendo na cama, resolvo me levantar para tomar um banho e tentar tirar todo aquele pesar de meu corpo e minha mente que há dias não me largava, porém assim que tomei meu banho ainda sentia contínua a sensação ruim e voltei para meu quarto para me vestir. Diferente de sempre resolvi pôr uma camisa, ao invés de só uma bermuda... Respirei fundo por um instante tentando entender porque estava daquele jeito, mas como sempre a resposta não veio a mim.
Então vou até a única e pequena janela que há em meu quarto e puxo as cortinas vendo o rotineiro dia nublado com algumas frestas de sol, dando a ilusão de que haveria sol durante o dia... Os primeiros pássaros cantam deixando a paisagem bem bonita lá fora, mostrando que será um lindo dia, 4 de julho dia da Independência. Uma gostosa chuva de verão de repente começa a cair rápida o suficiente apenas para refrescar as plantas e logo um lindo arco íris se faz, mostrando um sinal de bom presságio.
O dia passou lentamente e mesmo tentando distrair minha mente arrumando a moto que Embryl comprou no ferro velho minha mente só tinha lugar para uma coisa, ou melhor, para uma pessoa, Bella... Por várias vezes eu quis ligar para ela e cheguei até a pensar em ir lá no covil de sanguessugas para vê-la, mas desisti pensando que seria doloroso vê-la ao lado do sanguessuga como uma família, e como minha quota de humilhação e falta de amor próprio já passou dos limites, pelo menos poderia me policiar um pouco. Então no fim resolvi parar de mexer na moto e fui para casa comer algo.
(...)
Já estava no fim da tarde e hoje teríamos uma pequena comemoração na casa do Sam por causa do 4 de julho. Ele comprou vários fogos e foguetes, animado ele dizia que queria todos lá. Seth como sempre ficou muito animado... Está! Todos nós ficamos, até porque Sam parecia estar falando conosco como se fossemos crianças de cinco anos.
E por mais que eu estivesse sofrendo a coisa só não era pior porque ele e meus irmãos faziam de tudo para me alegrar. Não seria justo com ele se eu não fosse, e para se certificar de que eu não iria dar o bolo ele mandou Quil e Embryl me buscar.
–Vamos logo Jake! Parece até uma noiva se arrumando... - era a milésima vez que Quil me apressava impaciente enquanto me esperava na sala.
–Está bem... Estou indo! Caramba vocês são apressados. Se estão com pressa vão na frente. - disse sem paciência.
–Nada disso! Sam nos deu ordem de só chegarmos lá com a mocinha aí. - zombou Embryl.
Rolei os olhos, rezando um mantra para não perder a paciência, até porque hoje é dia de comemoração e não de brigas...
Vesti uma camiseta, pois apesar da garoa pela manhã o dia foi quente, mesmo assim resolvi ficar de camisa e bermuda... Saí do quarto com o tênis na mão e fui até a sala, já me sentando no sofá para calçá-los. Assim que termino de amarrar o cadarço digo...
–Pronto! Agora podemos ir. - me levanto olhando para eles que estão parados já prontos para sair.
–Aleluia... - disse Embryl.
–Chega de papo e vamos embora, ou quando chegarmos lá não terá mais torta de morango que a Emily fez porque o Jared devorou tudo. - murmurou Quil apressado já dando as costas e saindo.
Rolei os olhos por conta do motivo da pressa do meu amigo, mas confesso que até eu estou com a boca salivando por querer comer a famosa torta de morangos da Emily. Com isso peguei a chave seguindo para a porta, mas novamente me sinto tão estranho e hesito por um segundo na soleira da porta de casa voltando a pensar na Bella e foi assim desde quando eu acordei. Uma coisa eu sei, que há algo errado e muito estranho, pois ontem depois da ronda foi muito difícil voltar a forma humana, o meu lobo queria permanecer, querendo somente ele dominar... Confesso que tempo atrás quando resolvi ir embora de La Push vivi mais como um lobo, tentando esquecer meu lado humano, mas o que aconteceu ontem era bem diferente do que um dia aconteceu. Somente com ajuda do Sam eu consegui voltar a minha forma humana, e desde então a sensação estranha não sai de mim, como se algo muito sério fosse acontecer. Só não sei por que isso parece estar relacionado a Bella... Ou talvez não e isso seja só o fruto do meu amor incontrolável por ela.
Como não adianta ficar remoendo tudo isso e mesmo tentando encontrar uma resposta sei que não irei obtê-la, forcei meus pés a se moverem, escutando Quil me chamar.
–Anda Jake! O que foi agora?
–Estou indo... - disse sem humor, saindo de casa.
Quando fecho a porta escuto o telefone tocar, parei com a chave ainda fincada na fechadura... E não sei por que, mas fico na dúvida de atender ou não.
–Vamos Jacob. - acabo sendo despertado pela voz do Embryl e sem olhá-lo percebo que meu coração vacilou por um segundo, mas novamente escutando outro toque do telefone, ele voltou a bater descompassado.
Fiquei parado escutando o telefone dar o terceiro toque e nesse instante algo já havia gritado dentro de mim dizendo que eu deveria ir atender... E sem pensar em mais nada foi isso que eu fiz abrindo novamente a porta e no quinto toque eu atendi, enquanto ignoro as reclamações de Quil e Embryl por eu ter voltado a entrar em casa.
Ao pegar o telefone na mão sinto no mesmo instante o meu coração apertado e angustiado e mesmo sendo estranho sinto como se quem está do outro lado da linha precisasse de mim.
–Alô? – perguntei não contendo o tom de preocupação, logo escutando a voz da Bella no outro lado da linha.
–Jake? So-sou... Eu, Bella... Por favor... Eu... Ahhh... – ela não conseguia falar dando por fim um grito de dor, aumentando mais o meu desespero que até então não tinha sentido.
–Bella, o que foi? O que esses sanguessugas estão fazendo com você? - trinquei meus dentes imaginando o que aqueles infelizes poderiam estar fazendo com ela.
E se eles a machucasse eu mataria todos, sem pestanejar.
–Jake, preciso que me ajude, por favor. Ahhh, venha rápido. Ahhhhhhhhh...
O telefone fez um barulho como se estivesse caído e tudo o que consegui escutar no fim foi mais um grito ensurdecedor.
–Bella, estou indo. Calma amor eu vou te salvar. - disse sem ao menos saber se ela escutou.
Desliguei o telefone, não pensando em mais nada, somente em chegar até ela e salvá-la. Passei pela porta de casa como louco indo em direção a floresta enquanto Quil e Embryl me seguiam correndo e pedindo que os esperassem.
–Jacob o que aconteceu? - perguntou Quil olhando para mim que já tirava a minha camisa já na mata.
–Aqueles sanguessugas... Eles estão fazendo alguma coisa com a Bella. - respondi deixando o meu lobo tomar conta de mim.
Sem esperar a resposta deles corri com toda a velocidade que minhas patas conseguiam manejar. Até que sinto as mentes de meus amigos se conectarem a mim.
“-Jake, nos espera cara... O que ta pegando?” - perguntou Embryl.
“-Bella... Eu tenho que salvá-la.” - disse apressando ainda mais a corrida.
“-Cara, você não acha que devemos falar com o Sam primeiro? Estamos invadindo as terras dos sanguessugas...”
“-Eu não vou perder tempo avisando a ninguém.” - disse com veemência.
Pela mentes deles pude ver a hipótese de que estou indo em direção do meu próprio suicídio, porém Embryl se manifestou.
“-Quer saber! Dane-se! Tô contigo irmão, vamos salvar a Bella.”
“-Nada como comemorar 4 de julho esquartejando sanguessugas. To com você também.” - assentiu Quil, mostrando sua empolgação devido a ação.
Não sei se haveria luta ou morte, pois só o que me importava era ter Bella sã e salva. No caminho Quil e Embryl tentavam traçar uma plano, uma estratégia relembrando as instruções de luta que o sanguessuga nos deu para a luta com os recém-criados caso aconteça uma briga das feias, o que seria, já que estamos em desvantagem. Mas na medida em que nos aproximávamos eu já podia escutar os sons que vinham da casa dos parasitas.
O meu coração disparou ainda mais quando escutei um grito da Bella vindo de dentro da casa.
“-Santo Deus! Será que estão torturando ela?” – pensou Embryl.
Sem me importar ou responder voltei a forma humana vestindo rapidamente minha bermuda e indo até a porta, onde eu esmurrava desesperado.
–BELLA! BELLA! - a chamei.
Tentei abrir a porta, mas estava trancada por dentro. E novamente escutei seu grito, sua respiração acelerada.
–Jake... Ahhhhhhhhh! - entrei em desespero ao escutar novamente seu grito.
Quil e Embryl também ouviram, nós mexemos na maçaneta.
–A porta está trancada. O que vamos fazer? - Quil me disse e pelo que vi ele estava usando sua bermuda e Embryl também.
Não me importando com esse detalhe olho para meus irmãos e respirei fundo. E em silêncio dou dois passos para trás, sem pensar duas vezes metendo o pé na porta, que se abre de imediato batendo contra a parede com tudo fazendo aquele estrondo.
Assim que passo pela porta recém arrombada meu olhos varrem em volta, até encontrar Bella com o seu rosto contorcido em dor. Sem hesitar corri até ela, que está deitada no sofá respirando com dificuldade, me ajoelhei e acariciei seus cabelos. Está claro que não havia perigo, ela está sozinha em casa. ”O que há de errado com aqueles infelizes para deixá-la neste estado sozinha e trancada dentro de casa a ponto de passar mal? E o infeliz do seu marido? Ele não é tão protetor? Como pode deixá-la assim?”
Senti o ódio inflamar todo meu corpo, mas procurei me conter, pois Bella precisa de mim.
–Bells, estou aqui amor! - sussurrei beijando sua testa, mesmo com dor ela me olha dando um sorriso fraco.
–Jake... Ahhh... O bebê ele... Ele... Vai nascer. - ela sussurra fraco.
Olho em direção ao seu ventre, vendo suas pernas um pouco sujas de sangue e o sofá molhado... Procurei manter a calma, pois é óbvio que o bebê irá nascer. E sua dor é o sinal que está em trabalho de parto, mas lembro que assim que descobri da gravidez da Bella passei em frente a uma banca de jornal e vi um livro sobre mulheres grávidas e o comprei para ler, sabe Deus por que... E pelo que li sabia que nesse momento eu não posso ficar nervoso, irônico eu ter feito isso já que não sou o pai desse bebê, mesmo assim acabei fazendo... E por outro lado, serviu para algo já que estou aqui para ajudá-la.
–Olha, fica calma, eu vou levar você para o médico... - disse indo pegá-la no colo, mas ela me impediu.
–Não! A bolsa estourou. - ela disse ofegante.
–A bolsa estourou! - exclamei arregalando meus olhos.
Porque será que isso me diz que agora sim eu tenho que me desesperar? Ah sim! Porque não sou médico e muito menos sei fazer parto.
Olhei para Quil e Embryl que olhavam em silêncio e vendo meu desespero Quil vem até nós se sentando aos pés de Bella.
–Desculpa Bella, mas dá licença... - ele pediu hesitante, levantando a barra do vestido da Bella que já estava na altura das coxa por ela estar se contorcendo em dor.
Quil começou a tocá-la e pela cara que fez não era bom sinal.
–Jake não dá tempo, o bebê já vai nascer...
Levei minha mão a minha cabeça e sem mais opção a peguei no colo, pois só tinha uma coisa a se fazer... Seríamos nós mesmos que traríamos aquele bebê ao mundo.
–Jake para onde está levando ela? - perguntou Quil levantando do sofá e vindo atrás de mim.
–Para um lugar mais confortável... Bells, me mostra onde é seu quarto.
–Sim... er... Segundo andar, no fim do corredor... Ahhhhh...
Ela disse em um só fôlego.
–Quil você faz o parto. - disse terminando de subir as escadas.
–EU!!!??? - ele exclamou deixando visível o seu medo.
–Jake, ta louco cara? Você vai deixar o Quil fazer o parto dela? - Embryl me perguntava enquanto entramos no quarto dela. Segui até sua cama deitando-a com cuidado.
Aquela casa fedia a sanguessuga, mas com tanto desespero, meu inconsciente acabou ignorando o odor repulsivo. E vendo Bella deitada naquela cama, não pude deixar de pensar que por muitas vezes ela foi tocada por aquele vampiro ali naquele lugar, e no mesmo instante uma onda de ciúmes tomou conta de mim, mas meus pensamentos foram despertados com a voz desesperada de Quil.
–Jake, irmão... Eu só fiz parto de potro e bezerro...
Olhei para ele, por um segundo, mas antes que dissesse alguma coisa...
–JÁ É O SUFICIENTE... Ahhhh... - Bella gritou, segurando os lençóis com força e inclinando seu tronco.
Não havia muito o que pensar e Bella está para dar a luz, então olhei novamente para Quil, tocando seu ombro passando confiança a ele.
–Quil... Eu confio em você irmão, por favor, por mim... Ajuda.
–Jake, ela não é um animal...
–JESUS CRISTO! FAZ ESSA DROGA DE PARTO... HUMANOS PAREM DA MESMA FORMA... - Bella berrou em meio à dor.
Quil olhou para ela e depois para mim, vendo a minha súplica.
–Ta certo e que Deus nos ajude... Olha, eu preciso de álcool, algodão, toalhas limpas, lençol, luvas, água quente, tesoura e rápido! - ele disse sentando de frente para Bella e levantando seu vestido e cobrindo suas partes íntimas, era visível que o bebê está prestes a nascer.
–Jake, rápido! Preciso das coisas que pedi. - disse Quil exigente me vendo estático próximo a ele.
Despertei do transe já escutando Bella falar.
–Tem lençóis limpos nesse armário... - ela apontou em direção a uma porta. -O consultório fica no fim do corredor... Ahhhh... Lá tem... Ah... Tudo o que precisa... Ahhhhh!
Antes que ela terminasse de falar Embryl já estava com os lençóis nas mãos e eu corri para pegar o restante das coisas... Embryl desceu para buscar a água e no instante em que entrava novamente no quarto ele entrava com uma bacia nas mãos.
–Embryl você me ajuda, Jacob vai ficar com a Bella, se coloque nas costas dela para que ela se apoie em você, Embryl você joga álcool em minhas mãos e vai desinfetando tudo isso. - Quil pediu compenetrado no que fazia e a seu pedido tanto eu quanto Embryl fizemos o que ele ordenou.
Com tudo pronto eu já estava atrás de Bella como Quil pediu, enquanto Embryl estava paralisado ao lado do Quil, olhando para nós.
–Nós vamos mesmo fazer o parto dela... - ele sussurrou atônito, talvez a ficha estivesse caindo agora para ele.
O Quil o olhou sério, não mostrando nem de longe o cara cheio de medo de minutos atrás.
–Se você não aguentar pode sair, mas o bando todo vai saber que você arregou.
Com os olhos arregalados, Embryl negou com a cabeça, dizendo...
–Que Deus me ajude. - ele se benzeu.
Eu fiquei abraçando-a e dando-lhe um beijo, Bella apertava minhas mãos quando a dor voltava. O suor escorria pela sua testa e eu limpava com uma toalha pequena que estava ao nosso lado.
–Ta legal Bella quando a contração vier novamente faça força. - Quil disse.
Eu a segurava em meus braços, ela respirava ofegante após fazer força... Beijava-lhe o rosto e dizia palavras de incentivo e pelo que via surtiam efeito sobre ela.
–Você está indo bem querida, logo seu bebezinho vai estar nos seus braços.
Eu falava emocionado... Mais um grito e ela novamente apertava firme a minha mão.
–Jake... Eu preciso te falar... - ela tentava me dizer algo, mas novamente a dor veio a calando.
–Tudo bem, Bella. Depois você me fala...
–Vai Bella... Ta quase, eu to vendo a cabeça. Força... - Quil dizia a incentivando novamente.
–TO VENDO A CABEÇA!! TO VENDO A CABEÇA!!! BELLA RESPIRA CACHORRINHO. - Embryl berrava histérico, parecendo que estava a ponto de desmaiar.
–DÁ PRA PARAR DE DAR UMA DE CO PILOTO E DE ASSOPRAR NA MINHA CARA EMBRY?! - Quil gritou perdendo a paciência. Se não fosse a situação que estávamos isso geraria boas gargalhadas.
–Eu to nervoso! - Embryl se defendeu.
Ele se levantava e ficava andando nervoso e respirava junto com a Bella, que o olhava e fazia da mesma forma... Mas antes que fosse minha vez de xingá-lo, Bella apertou minha mão novamente e eu a abracei mais ainda.
–Vai amor! Ele está nascendo... Oh Bells... Seu filhinho, ele está vindo amor. Vamos! Força... - a incentivei.
Eu estava quase ao ponto de chorar, tentava me controlar, mas era inevitável. Bella fez mais um pouco de força até que se ouve um chorinho em plenos pulmões. Céus! Ele veio ao mundo, forte, imponente... Podia escutar o seu coração batendo rápido, mostrando toda sua vitalidade. Sorri enquanto Quil e Embryl gargalhavam.
–É um menino, irmão! - Quil dizia com o bebê nos braços.
–E que molecão. - Embryl sussurrou com lágrimas nos olhos, mas parecia que ele iria cair no chão.
Quil cortou o cordão umbilical, enquanto Embryl que graças a Deus não desmaiou, mesmo desajeitado segurava o bebê, depois Quil pegou a bacia com água morna e toalhas para limpar o bebê.
Enquanto eles limpavam o bebê que chorava, Bella chorava em meus braços mais aconchegada a mim e eu lhe distribui beijos em seu rosto.
–Como ele é Jake? - ela tentava vê-lo se desvencilhando um pouco dos meus braços.
–Ele é lindo Bells, enorme, forte... - disse pelo pouco que vi nos braços de Quil.
Nunca senti tamanha emoção como estou sentindo agora e minha voz estava embargada pela emoção. Quil trouxe o bebê o colocando nos braços da Bella que chora emocionada e eu me levantei colocando alguns travesseiros nas costas dela. Óbvio que queria ver a cena de frente, com Bella e seu filho nos braços, o milagre da vida.
Bella o olha com emoção sussurrando para ele se acalmar por ainda chorar. Uma cena linda de se ver... Porém, quando Bella levou seus olhos em direção aos meus, uma sensação desconhecida se apoderou de mim. Nada em minha volta parecia existir, somente um ponto em que meus olhos permaneciam presos, enquanto algo me prendia ao chão...
É como se cabos de aço fincassem em cada parte e milímetro do meu corpo, como um furacão dentro de mim, algo forte que me prendia somente a ela e aquele seu olhar. Meus joelhos cederam diante de tal força e caí de joelhos ao seu lado. Sem conter minha emoção não só por estar presenciando um momento tão especial, chorei como criança diante da constatação de que eu estava agora definitivamente ligado a ela pelo resto da vida. Bella foi a minha escolhida, desde a primeira vez que a vi, desde antes de existir um mundo sobrenatural em minha vida, um motivo mágico que poderia em um só olhar nos separar e que agora esta mesma magia selou nossa união, minha escolhida... Agora meu imprinting.
–Jacob... Irmão. - escutei Embryl me chamar, mas não movi meus olhos para deixar de olhar para a única pessoa que me importava em olhar.
Bella me encarava emocionada, como se sentisse a mesma magia.
–Jake, o que foi? Aii... - Bella sussurrou, mas de repente ela se inclinou como se voltasse a sentir dor.
Saindo do meu transe, me inclinei até ela, preocupado.
–Bella, amor... O que foi? Ta sentindo algo? - perguntei tocando sua testa.
–Uma pontada aqui. - ela disse apontando até seu ventre.
–Jake, mano... Acho melhor agora levarmos ela e o bebê para o hospital. Os médicos tem que examiná-los e eu fiz o que pude, mas tem risco de uma infecção... - disse Quil.
Olhei para ele, vendo que ele estava certo e eu não poderia arriscar a saúde da mulher que amo e seu filho, mesmo não tendo o meu sangue, ele agora é meu.
–Tudo bem. - assenti. -Embryl pegue algumas coisa da Bella, e... Bella aonde você guarda as roupinhas do bebê? - perguntei olhando para ela.
–Ah... Tem uma bolsa dentro do closet junto com uma mala pequena... Eu arrumei caso tivesse alguma emergência.
–Ótimo! - assenti e olhei para Embryl que logo seguiu para onde Bella disse que teria suas coisas.
–Bella, onde está seu carro? Não podemos ir a pé... - perguntou Quil.
–Ta na garagem. Pega minha bolsa ali. - ela apontou em direção a uma cômoda onde havia uma bolsa. -A chave está aí.
–Certo. Vou trazer o carro para frente da casa enquanto vocês descem. - assentimos e ele saiu do quarto.
Embryl voltou com as coisas da Bella e do bebê nas mãos.
–Pronto, está tudo aqui...
–Certo! Embryl desça com essas coisas e coloca no carro da Bella. Quil foi pegá-lo, e depois volte para pegar o bebê, enquanto desço com a Bella. - ele assentiu saindo do quarto, enquanto eu voltei a olhar Bella, que olhava emocionada para seu filho.
Sem conseguir ficar distante dela me aproximei novamente acariciando seu rosto. Ela fechou os olhos por um segundo, mas voltou a encarar os meus. De repente seu semblante mudou para pensativo e sério.
–Tudo bem Bells? Ta sentindo alguma coisa? - perguntei preocupado, porque apesar de tudo o que fizemos tinha um grande risco.
Ela mordeu seus lábios, negando com a cabeça, mas respondeu.
–Não... - sussurrou ela. Por um segundo ela permaneceu com seus olhos encarando os meus, pensativa e isso já começava a me preocupar.
“Será que ela não me queria?” Pensei, até que novamente ela voltou a dizer.
–Jake, eu preciso te contar uma coisa.
Franzi a testa não compreendendo o motivo de sua seriedade.
–Diga... - disse sentindo um arrepio na espinha temendo o que ela queria me contar. Não suportaria uma nova rejeição, ainda mais agora, que mais do que nunca estou ligado a ela.
–Jake, eu...
–Pronto... Já podemos ir. - disse Embryl a interrompendo ao entrar correndo no quarto.
Ainda olhando para ela, eu disse...
–Olha, depois conversamos... Agora é melhor irmos logo... - fiz menção em me levantar, porém ela segurou meu braço.
–Não. - a olhei, sem entender a urgência e sem dizer nada, ela continuou a falar. -Jake, tenho que falar agora, antes que perca a coragem. Por favor...
–Gente, não quero atrapalhar não, mas... - Embryl tentava falar, mas Bella o interrompeu.
–Ele é seu filho... Jake... Você é o pai do meu filho. - ela jogou tudo de uma vez.
Nesse instante automaticamente me sentei novamente a encarando incrédulo. Um misto de sentimentos se apoderou de mim. Alegria, surpresa, incredulidade e confusão... Percebendo o meu estado ela continuou a falar, em um só fôlego como se fosse a sua última chance de dizer tudo o que queria.
–Dean é seu filho. Desculpa-me por não ter te contado antes, eu... Eu desisti de tudo, do casamento, do Edward, depois daquela noite em que nos amamos, eu só tinha a certeza de que só queria você, mas quando fui te procurar você não estava. Eu sei que deveria ter dito que te amo e não ter sido covarde... Acabei deixando as coisas acontecerem e quando você voltou já era tarde demais. Então eu descobri que estava grávida e quis jogar tudo para o alto novamente, mas outra vez o medo e a covardia me fez hesitar... Porque uma hora você teria a impressão e me deixaria, e nosso filho... Eu... Eu não suportaria...
Sem deixá-la terminar de falar colei meu lábios nos seus a beijando com todo o amor que sinto por ela... Pouco me importei se sua covardia e seu medo me causaram dor e se a raiva por ela ter me escondido que seria pai de um filho seu inflamava dentro de mim, pois não passava de um sentimento irrelevante, comparado com a felicidade de saber que sou pai e de que a mulher que amo me escolheu, mas por acaso, não estávamos junto. Porém agora nossas vidas não só estavam ligadas por nosso amor, e sim também pela parte representada com um pouco de cada um de nós, o nosso filho.
A beijei com todo o meu amor e desejo, mostrando a ela toda a minha felicidade.
–Porque vocês estão... - escutei a voz de Quil exclamar ao entrar no quarto e ao mesmo tempo morrer ao ver algo que o calasse. -O que to perdendo?
–Jacob é o pai do filho da Bella. - respondeu o Embryl que estava surpreso e sem reação e falou naturalmente.
–Ah! - Quil por um instante não tinha percebido o que isso significava, mas depois olhou para o Embryl.
–O que?
Ignorei a surpresa dos dois parando por um instante de beijá-la, ofegante, sussurrei...
–Eu te amo e jamais abandonaria você e meu filho. Bells é você que eu amo, a prova disso é que você sempre foi e continua sendo a minha escolhida... E não sei por que não aconteceu antes, mas agora não importa, tenho você, quero você ao meu lado e mesmo que não me queira mais, vou estar ao seu lado e do meu filho. Bells, você...
–Como não querer você? Eu te amo e quero ficar com você... Jake me diz que não é tarde demais. - ela pediu como se uma negativa minha a destruiria. Sorri por ver que ela me ama como eu a amo.
–Nunca será tarde... Eu te amo... - disse voltando a beijá-la, porém foi breve.
–Não me importo se terá impressão, eu quero e vou lutar por você. - ela disse com veemência e percebi que ela ainda não notou que tive impressão com ela. Mas antes de dizer algo, Quil nos interrompeu.
–Gente, sei que vocês tem muito que resolver, mas vamos logo. - ele nos apressou.
–OK. - assenti.
Sem opção levantei.
–Embryl pega meu filho, enquanto eu desço com Bells.
Ele assentiu vindo até a mim pegando Dean nos braços de Bella que dormia em seu colo. Então a peguei em meus braços, depositando um beijo em seus lábios brevemente e descemos rapidamente. Assim que entramos no carro Quil ligou o carro seguindo em direção do hospital de Forks...
O meu filho continuava dormindo no colo de Bella, que o olhava bobamente. Não pude me conter em admirar aquela cena tão linda e a medida que os segundos passavam parecia que eu ficava mais preso a eles.
Estava tão absorto que somente fui tirado do transe com uma pergunta do Embryl.
–Bella... Onde estão todos os Cullens? Porque eles te deixaram trancada e sozinha?
Senti Bella se enrijecer ao meu lado e trinquei os dentes, porém ela respondeu...
–Bom, eles foram caçar... E não me deixaram trancada, fui eu que fechei a porta.
–Mas se eles foram caçar já deveriam ter voltado, porque não acho que ninguém deixaria uma mulher grávida perto de ter um bebê sozinha. - constatou Quil.
–Bom, sim... Só que eles tiveram que caçar fora da cidade e então só estarão de volta amanhã a noite. E não era para eu ter o bebê agora, ainda faltavam seis semanas pelas contas de Carlisle e por conta disso todos foram caçar já que não tinha risco de eu passar mal.
–Sempre há risco Bella... Me admiro muito o seu marido tão protetor não soube zelar por você. Mas agora entendo que ele pouco se lixava para o bem estar do bebê, já que o filho não é dele... - acusei não contendo a raiva por aquele sanguessuga. Ainda mais porque era óbvio que ele deveria ter manipulado a Bella para ela não me contar sobre nosso filho.
–Jake, não fala assim, o Edward...
–Para Bella. Não defenda... Você sabe muito bem, se ele tem tanto zelo por você não teria te deixado só e não importa se faltam semanas para o bebê nascer, isso não é justificativa, poderiam pelo menos ter ficado dois deles com você, mas agora já é tarde. Agora uma coisa eu tenho a certeza, aposto que foi o almofadinha que te manipulou para não me contar sobre o meu filho, para você não deixá-lo.
Ao acusar aquelas últimas palavras senti Bella se encolher e pelo seu olhar eu havia acertado. Bufei de raiva por aquele infeliz ter cruzado o meu caminho, da minha felicidade. Já não bastava roubar a mulher que amo, queria também roubar meu filho, a minha paternidade. Eu deveria imaginar que aquela projeto de picolé não faz filho nem em uma porta, quem dirá em uma mulher... Fui tolo em não perceber que o filho que Bella esperava era meu, porém não poderia chorar pelo leite derramado, mas agora as coisas seguiriam em seu curso normal.
–É... Ele foi bem convincente e persuasivo em deixar em evidência que você me deixaria por conta da impressão que um dia teria. Mas... Ele...
–Ele é um manipulador, isso sim. - disse Embryl a interrompendo. Sem ter o que dizer, Bella se calou.
Olhei novamente para ela, acalentando-a.
–Ei... Não fica assim.. Aquele sanguessuga é esperto, te usou... Mas agora tudo está bem. Eu te amo, temos o nosso filho e não vou te deixar. - garanti.
Ela olhou para mim, surpresa e ao abrir seus lábios para dizer algo o carro parou, mostrando que havíamos chegado. Então sem dizer mais nada saímos do carro... Ao entrar no hospital Bella e meu filho foram logo atendidos.
Embryl, Quil e eu quase não entramos no hospital por estarmos só de bermuda, mas devido a emergência abriram uma exceção, até que recebemos notícias deles. Assim que a doutora que estava de plantão nos notificou que Bella e meu filho estão bem,mesmo Dean ter nascido antes da hora, ele parecia um bebe de nove meses ,e está saudável...porem Bella e Dean só ficariam essa noite para observação e no dia seguinte pela manhã receberiam alta .Então pedi para meus irmãos voltarem e levarem o carro de Bella de volta, pois não quero nada vindo daquela família e a partir de agora Bella e meu filho teriam tudo o que eu lhes desse. Todavia não poderia tirá-la de casa sem suas roupas, então pedi também para eles pegarem o restante das roupas dela e algumas que era do meu filho, só o básico para ele não passar frio e levarem para minha casa. E lá contar tudo para meu pai e pedir para ele avisar ao Charlie e que assim que Bella e meu filho recebessem alta eu os levaria para casa, para viverem ao meu lado. Pedi também que trouxessem umas mudas de roupas limpas para mim, pois eu ficaria com Bella até sua alta, pois mesmo sabendo que os Cullens só chegariam na noite seguinte após sua caça, não queria correr risco de que eles cheguem antes e venham tirar Bella e meu filho de mim. Com tudo decidido Embry e Quil fizeram o que pedi, mas antes dizendo que trariam meu carro para já ficar ali quando Bella sair do hospital.
(...)
Duas horas depois eu estava no quarto onde colocaram a Bella para repousar, agora ela dormia tranquilamente com nosso filho no bercinho ao lado... Já passava das nove da noite e eu estava ali olhando meus amores dormirem, sentado numa poltrona.
Sorri notando como as coisas de repente podem mudar, pois uma hora eu tinha certeza que passaria meus dias e anos sofrendo por não ter a mulher que amo ao meu lado. E do nada a tenho comigo, recebendo um presente do destino em saber que o filho que ela esperava é meu, e como não bastava essa felicidade os Deuses me concebem a magia da impressão, justamente com a mulher que escolhi.
O mais engraçado nessa história era que antes da impressão sempre tive a certeza de que Bella seria a única, e que sempre teve uma ligação entre nós dois que confirmava que nossas almas eram gêmeas, mas no meio de tudo havia algo que impedia, uma espécie de bloqueio... A princípio pensava que poderia ser o amor louco e doentio que ela sentia pelo vampiro, mas que agora essa hipótese não era a lógica certa, e que existia algo a mais... E que por sua vez se solidificou no momento em que a vi com nosso filho em seus braços.
Nesses pensamentos escuto uma batida na porta e meu coração vacilou por um segundo imaginando que poderia ser o sanguessuga emo, mas o som da batida do coração negou minhas suspeitas. Levantei rapidamente para atender e assim que abro a porta encontro o olhar de Sam em mim.
Como não queria fazer barulho saí do quarto fechando a porta.
–Sam... - disse.
Ele me encarou por um instante sério, mas sorriu vindo me dar um abraço.
–Parabéns irmão. - ele disse.
Retribui o seu abraço, mas logo nos desvencilhando.
–Que loucura é essa hein? - ele perguntou, mas não em um tom de crítica em sim como se fosse algo inexplicável.
–É... Inacreditável. - assenti.
–Acho que não irmão. Só é a prova de que você e Bella foram feitos um para o outro... Fazendo todo o sofrimento valer a pena.
–Verdade...
–Bem, trouxe a roupa que pediu. Todos queriam vir, mas dei ordem para esperarem... Sei que foi um dia bem cansativo. - ele me passou uma sacola com umas mudas de roupas. -Aí dentro está a chave do seu carro e algum dinheiro caso precise comprar algo para Bella na farmácia ou para o bebê.
–Valeu cara. - disse. -Olha, espere um pouco que vou me trocar e terminamos de conversar.
–Não precisa, só vim trazer essas coisas para você e saber como Bella e o bebê estão... Tenho que voltar para a reserva.
–Os dois estão bem e agora estão dormindo. Quer vê-los?
–Não... Deixa eles descansarem. Temos tempo para visitas depois...
–Sim. - assenti sorrindo.
Sam voltou a sua postura séria e disse...
–E agora Jacob? O que vai fazer? Seu pai queria vir, mas o convenci de que era melhor esperar.
Respirei fundo tentando assimilar um pouco as coisas, por fim respondendo...
–Bom, vou levar Bella e meu filho comigo para casa e não vou permitir que eles fiquem um só segundo naquele covil. E além do mais, ela é minha impressão...
Ao terminar de dizer ,Sam arregalou os olhos surpreso.
–Sério?! Como é possível? - ele perguntou incrédulo.
–Não sei, também me pergunto, mas não me importo, só o que me importa é que agora Bella é minha companheira, minha mulher... Só isso.
Ele sorriu para mim e pôs suas mãos no meu ombro, dizendo...
–Então, meu irmão... Pegue sua companheira e seu filho e os leve com você. Saiba que terá o apoio de todos.
–É o que farei e já conto com vocês. - disse.
–Bom, agora tenho que ir. Estão me esperando com notícias... Quer que mande um dos rapazes vir te ajudar com a Bella e o bebê amanhã? Quil contou que os sanguessugas estão fora e se caso eles voltarem antes e vierem procurar por ela? Não se esqueça que o Cullen mais velho é o médico do hospital.
–Sim, verdade... Pode mandar alguém... Não quero a Bella e meu filho desprotegidos.
–Certo, mandarei. - ele assentiu.
Antes que ele fosse o chamei novamente.
–Sam... Desculpa por ter estragado a comemoração.
Ele negou com a cabeça sorrindo e disse.
–Você não estragou nada, irmão. Só nos deu mais um motivo para comemorar esse dia.
–Obrigado Sam . – agradeci.
–Não por isso. Bom agora tenho que ir mesmo antes que a Emily surte, ela enlouqueceu quando soube do bebê, não vê a hora de pegar o mais novo membro da matilha no colo. – assenti e ele se virou para ir embora, porém se voltou outra vez. -Ah, Jake! Quando ver alguns fogos explodirem no céu, saiba que são pela chegada do novo Quileute... Caso ele acorde mostre a ele e diga que são para ele.
–Pode deixar que eu faço. - assenti.
Então ele voltou a caminhar até a saída e eu voltei ao quarto. Bella ainda dormia na mesma posição, enquanto Dean começava a mexer seus bracinhos mostrando estar acordando. Como não queria sujá-lo ao pegá-lo, tomei um banho rápido peguei a roupa da sacola e a vesti deixando a roupa suja na sacola e calcei os sapatos que havia ali também. Então já trocado e limpo olho para meu filho, que começava a chorar, logo o pegando em meus braços, o acalentando...
–Não chore Dean, mamãe está dormindo. Deixa ela dormir mais um pouco... - pedi sussurrando para ele que continuava fazer um biquinho de choro, então lembrei de uma canção Quileute que meu pai cantava para mim, ele dizia que quando minha mãe estava viva ela cantava para mim quando eu acordava na madrugada chorando por estar com cólicas. Então resolvi fazer o mesmo.
Caminhei em volta do quarto cantando, até que um som me despertou. Segui em direção a janela afastando a pequena cortina que a cobria, e bem ao longe... Fogos de artifícios explodiam deixando o céu colorido com suas luzes.
Posicionei Dean em meu colo de uma forma que ele poderia ver os fogos também.
–Ta vendo filhão? Esses fogos são para comemorar sua chegada... Para você ver o quanto é amado e esperado pelo seu povo...
Bella
(Because You Loved Me– Céline Dion)
Tudo parecia surreal para mim, não fazia ideia do que mudou e se essa mudança foi dada ao fato de que agora sou mãe e tenho o meu bebê em meus braços, ou se foi porque no momento em que mais precisei “dele” ,o meu sol veio me dar sua luz para me aquecer.
Por todas aquelas vezes que você me apoiou
Por toda a verdade que você me fez enxergar
Por toda a alegria que você trouxe para minha vida
Por tudo de errado que você transformou em certo
Por todo sonho que você tornou realidade
Por todo o amor que encontrei em você eu serei eternamente grata, meu bem
Você é quem me sustentou
Nunca me deixou cair
Você é quem me acompanhou, através disso tudo
Como sempre ele estava ali por mim, me transmitindo força e conforto de que tudo daria certo. Não temi ao parto e sim que poderia estar sozinha sem ninguém para me ajudar... Mas no fim tudo deu certo.
Você foi minha força quando eu estive fraca
Você foi minha voz quando eu não podia falar
Você foi meus olhos quando eu não podia ver
Você enxergou o melhor que havia em mim
Me ergueu quando eu não conseguia alcançar
Você me deu fé porque você acreditou
Eu sou tudo o que sou porque você me amou
No instante em que meu filho estava a ponto de nascer tive a certeza de que não sobreviveria longe do homem que eu amo e sabe-se Deus como sobrevivi até agora sem ele. Fui tola em me deixar ser manipulada e acima de tudo deixar o meu medo falar mais alto e esconder de Jacob que ele seria pai e que eu o amava e que ele era a minha escolha. Mas agora não me importaria mais com nada e deixaria tudo para estar ao seu lado.
Você me deu asas e me fez voar
Você tocou minha mão e eu pude tocar o céu
Eu perdi minha fé, você devolveu-a de volta pra mim
Você disse que estrela nenhuma estava fora de alcance
Você me apoiou e eu fiquei de pé
Eu tive seu amor, eu tive isso tudo
Sou grata por cada dia que você me deu
Talvez eu não saiba tanto, mas eu sei que isto é verdade
Eu fui abençoada porque fui amada por você
Sei que Edward não merece sofrer, mas sei que ele vai entender, porque muitas vezes ele disse que queria só minha felicidade e minha felicidade é ao lado de Jacob. Já não me importo mais com impressão e se um dia acontecer aceitarei as consequências, mas até lá viveria meus dias sendo feliz ao lado do meu sol como se fosse o último dia, até que só me reste os dias nublados sem ele para me aquecer, mas apesar de tudo terei ao meu lado um pedaço dele, aquecendo um pouco do frio... O nosso filho.
No momento que tinha meu Dean em meus braços a felicidade era sublime, mas algo em mim ao ver seus olhinhos, escutar seu choro em plenos pulmões, fez com que cedesse, uma barreira caiu ao chão, uma proteção se esvaiu. Com certeza era a barreira de proteção em que eu procurava me manter para evitar toda dor e sofrimento, mas que agora minha decisão mostrou que a dor não é nada, muito menos importante e com influência para eu me permitir ser feliz com quem eu quero, mesmo que esta pessoa no fim me faça sofrer. Sofrimento é não estar ao seu lado desfrutando de seu amor, o que ele me deu sem cobranças, ou fazendo com que eu sacrificasse minha vida, as pessoas que amo só para estar ao seu lado.
Você foi minha força quando eu estive fraca
Você foi minha voz quando eu não podia falar
Você foi meus olhos quando eu não podia ver
Você enxergou o melhor que havia em mim
Me ergueu quando eu não conseguia alcançar
Você me deu fé porque você acreditou
Eu sou tudo o que sou porque você me amou
Se posso considerá-lo egoísta? Isso não poderia fazer. Pois ele somente me pedia para eu manter o meu coração batendo, em troca ele me daria o seu amor. Simples e nobre, uma definição do que é Jacob Black.
No momento em que meus olhos encontraram os dele, que parecia contemplar uma deusa em sua frente, percebi uma mudança em seu olhar, mas que ao mesmo tempo parecia ligar a mim... E se isso que senti poderia definir como forte? Não posso confirmar com clareza, pois tudo que sei era que essa ligação aumentava o que sinto por ele.
Você sempre esteve lá para mim
O vento carinhoso que me levava
Uma luz no escuro, brilhando seu amor na minha vida
Você tem sido minha inspiração
Em meio a mentiras você foi a verdade
Meu mundo é um lugar melhor por sua causa
Jake mostrava emoção, como se algo glorioso tivesse acontecido, mas ele não disse nada... Contudo preferi não saber o que era, pois havia algo mais importante, que era contar a verdade a ele e foi o que eu fiz. Pude sentir sua felicidade ao saber que ele é pai de Dean e comemorando com um beijo apaixonado sem ao menos ele hesitar por uma cobrança de explicação por não ter contado a ele e não se importando com as demais testemunhas.
Mas mesmo essa cobrança não vindo, não tardou chegar à acusação... Óbvio que Jacob era bem perceptivo e saberia que Edward tinha algo a ver com a minha decisão de não contá-lo sobre minha gravidez. Mesmo querendo ter uma defesa, não tinha como dar um motivo justo para defender os atos de Edward.
Mas não importa, tudo que quero é sair do hospital com meu filho e ficar com meu sol.
Você foi minha força quando eu estive fraca
Você foi minha voz quando eu não podia falar
Você foi meus olhos quando eu não podia ver
Você enxergou o melhor que havia em mim
Me ergueu quando eu não conseguia alcançar
Você me deu fé porque você acreditou
Eu sou tudo o que sou porque você me amou
(...)
Devido às circunstâncias em que foi realizado meu parto tive que vir ao hospital, onde tanto meu filho quanto eu fomos bem recebidos, apesar de alguns olhares curiosos, por saberem que sou nora de Carlisle e não ter ninguém de sua família comigo.
Mesmo com esse detalhe as coisas deram certo e depois que a doutora me examinou me encaminhou a um quarto para ficar em repouso. Por sorte, eu não ficaria mais um dia no hospital e receberia alta no dia seguinte, por eu e meu filho estarmos bem, que mesmo nascido antes do tempo é saudável .
Em descanso, abro meus olhos escutando alguns sussurros, mas não consigo conter um sorriso ao ver Jacob segurando nosso filho em seus braços cantando uma música em que me parece uma linguagem Quileute e que por sinal parecia acalentá-lo. Fico os observando em silêncio até que o vejo ir até a janela e mostrando para Dean algo do lado de fora.
–Ta vendo filhão? Esses fogos são para comemorar sua chegada... Para você ver o quanto é amado e esperado pelo seu povo... - Jake sussurrou.
“Deus! Como pude ter sido tão burra e não ter jogado tudo para o alto e ficado com esse homem maravilhoso que você é?!” Me perguntei mentalmente.
Sem conseguir resistir levanto devagar sem fazer barulho e vou até eles, procurando não fazer barulho, mas antes que chegasse até eles, Jake se vira em minha direção.
–Bells, amor... Não deveria ter se levantado. - ele disse vindo até a mim.
–Eu estou bem, só um pouco faminta, mas eu só queria ver o que vocês observavam.
Ele sorriu levemente, respondendo...
–Estava mostrando ao nosso filho o presente de boas vindas dos meus irmãos para ele.
–Quero ver também. – pedi me postando ao seu lado.
Sem dizer nada ele ajeitou Dean em seu colo e com a outra mão segurou minha cintura me conduzindo até a janela.
–Ali... - ele indicou e no mesmo segundo olhei testemunhando lindos fogos de artifícios iluminarem o céu.
–Puxa Jake... É lindo...
–Sim...
Ficamos ali admirando aqueles fogos até que um chorinho indicando fome nos chamou atenção.
–Acho que alguém está com fome. - disse Jacob olhando para nosso filho.
–Me dá ele aqui, vou amamentá-lo. - pedi, mas Jake não me deu.
–Bells, sente-se primeiro. - rolei os olhos, mas não contestei e fiz o que ele sugeriu. Novamente acomodada na cama ele colocou Dean em meus braços, que logo esfregava seu narizinho em direção ao meu seio.
Jake me ajudou a abrir a roupa expondo meu seio para dar de mamar e mal coloquei meu seio na boquinha rosada e carnuda, ele logo o sugou com força.
–Puxa... Ele faz jus a ser filho de um lobo... - comentei sorrindo.
–Puxou ao pai. - Jake disse com orgulho.
Nós olhamos intensamente por um segundo, mas voltamos a olhar nosso bebê que parecia um bezerrinho faminto. Ficamos ali em silêncio testemunhando como dois bobos nosso filho se alimentar, até que ele voltou a dormir. Delicadamente o coloquei para arrotar e quando ele o fez Jake o pegou novamente em meus braços para colocá-lo no bercinho.
Com ele acomodado, Jake voltou para meu lado, dizendo...
–Descansa um pouco amor, vou ficar aqui com você e se ele acordar eu cuido dele.
Assenti a sua sugestão, mas ainda assim sentia uma necessidade de esclarecer umas coisas.
–Jake?
–Sim?
Hesitei um pouco tentando encontrar palavras certas, por fim resolvi não enrolar.
–Como ficarão as coisas agora?
Pensei que ele ficaria pensativo ou hesitante, porém me enganei.
–Bem, amanhã quando receber alta você e nosso filho virão morar comigo. Sei que não vai ser muito confortável e passaremos por um aperto a princípio, mas prometo que farei de tudo para não deixar faltar nada a vocês.
Não conseguia acreditar que ele queria fazer aquilo, não que eu não quisesse, pois é tudo que desejava neste mundo. Encarando meus olhos ele continuou.
–Bells, não sou rico como o seu marido, mas... Saiba que eu...
–Não importa... - o interrompi. -Sei que você será um ótimo marido e um ótimo pai. Só o que quero é estar com você.
Ao terminar de falar pude notar um brilho nos olhos do Jacob. Sem hesitar ele sentou ao meu lado me puxando para si, colando nosso lábios em um beijo terno, mas cheio de paixão... Mas que foi breve...
Jake voltou a olhar para mim, acariciando meu rosto.
–Bells... Preciso te contar uma coisa. - engoli a seco temendo que o que ele diria poderia ser algo contra o nosso amor, mas não fiz menção em falar e o esperei dizer.
–Antes de tudo, quero que saiba que independente de magia ou impressão, você sempre foi minha escolhida... E que sempre lutaria para estar ao seu lado e jamais te abandonaria. Bella eu tive o imprinting... - ao escutar aquela palavra senti meus olhos marejarem e uma confusão de sentimentos se alojar dentro de mim, porém no mesmo segundo um alívio me dominou ao escutar a conclusão das palavras de Jake. -Com você.
Não sabia se sorria ou continuava no mar de confusão, mas decidi tentar entender e desfrutar daquele fato.
–Mas como? Eu não entendo... - sussurrei confusa.
–Também não sei e estou longe de conseguir uma resposta para essa pergunta. Só sei que quando te vi com nosso filho em seus braços, percebi algo se esvair, aumentando a minha atração por você e no instante em que você olhou para mim, aconteceu. - a forma como ele explicava também mostrava a sua confusão, mas algo me chamou atenção.
–Nossa! Eu também senti algo. Eu estava olhando para nosso filho e decidindo que não queria ficar mais longe de você e algo dentro e mim, uma barreira de proteção que coloquei para me proteger saiu de mim... Não sei se isso tem lógica, mas no momento em que olhei para você, senti e sinto que te amo mais ainda. - confessei.
–É um mistério esse sentimento que nos envolve, no entanto só quero estar com você.
–Eu também. - disse.
Sem mais palavras voltamos a nos beijar, até que nos faltou o fôlego.
–Te amo tanto... – sussurrei me sentindo leve ao confessar aquelas palavras.
–Te amo... - ele sussurrou voltando a me beijar, porém lembrei de algo que sei que parece ilógico pensar nesse momento.
–Jake? - o chamei me afastando um pouco de seus lábios.
–Sim?
–Minhas coisas... Eu não posso ir morar com você sem roupas.
Ele sorriu afastando uma mecha de cabelo do meu rosto e disse...
–Já resolvi isso, como você disse que os sanguessugas só voltam amanhã à noite pedi para Embry e Quil levarem de volta o seu carro e pegarem os restos de suas coisas e algumas do bebê... Bom não é da minha vontade querer nada que foi comprado com o dinheiro daqueles sanguessugas, mas não posso deixar meu filho nu e desprotegido por orgulho, então nessa parte tive que ceder, mas só... Sei que teremos que refazer o enxoval dele, mas que será com o meu dinheiro e o que consegui com meu trabalho. Ah! E quanto aos seus documentos estão todos na sua bolsa. - ele apontou para onde estava junto com a bolsa do bebê e uma mala pequena com minhas coisas.
Respirei aliviada...
–Eu só pensei em fazer isso agora que estava perto de ter o bebê caso tivesse alguma emergência, minha mãe disse que era bom prevenir e acho que ela estava certa, porque caso contrário como você teria feito minha ficha ao dar entrada aqui no hospital?
–Isso é verdade. - ele assentiu me dando razão.
Rolei os olhos com isso, mas sorri deixando de lado esse detalhe e o puxei para novamente nos beijarmos.
Mesmo achando machista dele não querer o que já estava comprado das coisas do bebe, pelo menos ele reconheceu que teria que pegar algumas coisas para o nosso filho, então resolvi não contestar. Sei que ainda tem mais coisas para serem resolvidas, mas não comentaria nada agora, pois só queria curtir um pouco esse momento até que tenha que encarar a realidade.
![Taylor Lautner JB [FANFICS]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHTGoIs8t1Lp70uOln0Mvys0kDTuSwodnnn_m8k3UTZCwtzHg19ZdtvP9Ceb8kjaD18t_W08EgJYiFFDWTwHB1EzNfes3GhhrAtG6C5m1d7lOUwkOT0sqkz5hNwLqlLBY_ptJEtrDtfok/s1600/tljb+fanfics.png) 


