Lisa nunca saiu do palco tão rápido como naquela noite. Na verdade “sair” não seria bem a palavra correta para ser usada, talvez “fuga” fosse melhor. Elisabeth fugiu do palco como Diabo foge da cruz.
Desabou na cadeira do camarim, que dividia com as outras dançarinas, ainda com o coração na boca. Rezava a Deus para que a imagem que tinha visto fosse apenas sua mente lhe pregando uma peça por ter passado o dia pensando em um certo moreno de sorriso radiante. Sua mente só podia estar lhe traindo.
Prendeu seus cabelos cor de mel em um coque mal feito enquanto tentava controlar sua respiração, passou as mãos pelo rosto e nuca, mais logo o que restava da sua paz foi drenada ao ouvir o burburinho e agitação a sua volta.
As garotas que dançavam ao seu lado no palco se espalharam pelo pequeno camarim falando todas ao mesmo tempo eufóricas, a única coisa que conseguiu entender na misturas de vozes o nome que tanto queria evitar.
Taylor Lautner!
Seu corpo afundou ainda mais na cadeira de couro vermelha. Ela só queria entender por que com tantas boates desse tipo em Munique ele escolheu logo essa, logo a boate em que ela trabalhava.
Como era azarada.
–Ele é tão lindo, acho que estou apaixonada – Ouviu uma das garotas falar.
–Meu bem, com o dinheiro que ele tem nem precisava ser bonito – Sarah, uma das mulheres mais experientes da boate, disse arrancando risadas de todas.
Tudo que Lisa queria era sumir, se enfiar em um buraco e nunca mais sair, a vergonha estava consumindo até sua alma.
–Ele não escolheu ninguém – Mia falou.
– Isso por que ele estava me esperando – A voz de Rachel se sobressaiu entre todas.
Não seria novidade se ela fosse à escolhida, Rachel era linda e muito disputada. Para Lisa o motivo de ela estar naquela boate era um verdadeiro mistério, pois com sua beleza poderia facilmente ser uma modelo famosa, o que a fazia ter certeza que o motivo, assim como o seu, não era vaidade ou luxuria, muito menos por querer algo fácil. Pois esse trabalho não tinha nada de fácil, como todos julgam.
Infelizmente essa e a primeira coisa que vem a cabeça de uma pessoa que conhece uma garota de programa, mais poucos são os casos de envolvimento por ambição ou luxuria. A maioria das mulheres nessa casa compartilha uma historia de vida cheia de idas e vindas, cheia de sofrimento até chegar aqui.
–Elisabeth – Bryan o segundo no comando da boate a despertou de seus conflitos.
– Oi – Falei soltando a respiração que não tinha notado que prendia.
–Cliente sortudo para uma garota sortuda. – Sorriu erguendo as sobrancelhas – Taylor Lautner está esperando você.
–Quem? – Lisa e todas as garotas falaram juntas e logo o burburinho começou com força total.
–Não – Disse firme – Eu não vou! – Falou mais alto atraindo a atenção para si.
–Esta louca? – Um das garotas gritou.
–Se ela não quer, eu vou – Uma delas disse, mais Lisa nem se deu o trabalho de notar quem foi, só queria fugir dessa situação.
–Como não? – Bryan a olhou serio, era um cara legal, mais não gostava de ser contrariado nunca, tinha pulso firma no negocio que tinha com o irmão. – Não lhe dei opções Elisabeth, esta aqui para trabalhar, esqueceu que tem que atender ao menos um cliente por noite.
–Eu sei, conheço as regras muito bem, mas... Bryan eu não quero atende-lo, tem tantas garotas aqui. – falou olhando em voltas e todas prestavam atenção em cada palavra dita por eles – Aposto que elas iriam sem nem pensar! Por favor, eu realmente não quero.
– E eu posso saber por que não? – Ele pergunto inflexível.
Ela somente balançou a cabeça sem ter palavras para explicar sua recusa. O que iria falar?Que o conheceu hoje cedo no parque e que agora estava com vergonha até mesmo de respirar perto dele? Nunca.
–Por favor – Sussurrou.
–Cinco minutos, Elisabeth. Se arrume ele ira sair com você – Disse já passando pelas portas duplas – Não o faça esperar.
A vontade que teve foi de chorar, mais chorar de raiva por não ter mais controle de sua própria vida, por tê-la perdido há anos atrás e como ela sua dignidade.
Tomou um banho rápido, apenas para tirar o suor do corpo e colocou uma calça jeans e blusa preta de qualquer banda que tinha no armário da boate – sempre mantinha uma ou duas peças de roupas para momento como esses em que saiam da casa com seus clientes, que na maioria das vezes eram homens conhecidos e não podia dar a entender que se tratava de prostitutas as ao seu lado.
Logo Bryan veio novamente, sempre enfatizando o prazer do cliente e todo aquele papo que tanto a enojava.
Passaram pelo salão, onde poucos homens estavam sempre cercados pelas mulheres e bebidas, e ao chegar ao corredor que saia para os fundos da boate Lisa o viu, estava ainda mais lindo do que ela conseguia se lembrar, encostado na parede enquanto falava ao celular.
Ele era muito charmoso, não podia negar.
Assim que Taylor levantou o olhar em sua direção ela rapidamente abaixou a cabeça, evitando seu contato, somente ouviu a troca de informações irrelevantes e logo depois se despedirem, sentiu a mão dele roçar em suas costas a fazendo caminhar. Saíram pela porta dos fundos da boate quando um carro que já estacionava próximo. Ela não ousou levantar o olhar para o moreno ao seu lado.
Nunca se sentiu tão mal, tão humilhada como agora. Nem mesmo no seu primeiro dia ali se sentiu de tal forma.
Sentia-se suja
Tinha sido pega de surpresa ao vê-lo no local, sentia vergonha acima de tudo.
Taylor também não sabia ao certo o que fazer ou pensar, quase não acreditou no que seus olhos viam quando Lisa subiu ao palco. Apesar da diferença na roupa e na postura era a mesma garota doce e sincera do parque, que o aconselhou e fez que admitisse seus erros como ninguém fez.
– Valeu Dre. – Disse ao pegar as chaves do carro que seu segurança e amigo lançou pelo ar. Dre notou a tensão que emanava dos dois, não pareciam uma garota de programa e seu cliente e sim um casal preste a ter um “DR”. Era observador, sua profissão exigia isso, mas tão pouco iria se meter na vida do amigo.
– Qualquer coisa me liga. – Não resistiu em dizer, porém Taylor somente assentiu já abrindo a porta do carona para Lisa e logo depois de acomodando na direção do veiculo.
Dirigiu em silencio pelas ruas geladas e quase sem movimento da cidade Alemã, dentro do carro só se ouvia o barulho de suas respirações, mas em ambas as mentes pareciam ter um ninho de mariposas que lhes tiravam o juízo.
Perdidos em pensamentos, logo chegaram ao Hotel onde ele e toda a equipe estavam hospedados. Taylor respirou fundo ao desligar o motor, o manobrista do hotel já se encontrava ao lado do carro pronto para guardá-lo, mas nenhum deles estava pronto para sair dali e enfrentar um ao outro. O moreno soltou o volante sentindo seus dedos protestarem, só se dando conta nesse momento da força exagerada que estava usando para segura-lo.
Arriscou dar uma olhadela para a garota ao seu lado ao abrir a porta do carro para entregar a chave ao rapaz loiro que aguardava, deu a volta no carro e abriu a porta, despertando Lisa de seus pensamentos. Seguiram pelo saguão do luxuoso hotel indo direto para o elevador.
Lisa se perguntava por que ele a levou para lá, ao invés de um motel tradicional, poucas meninas faziam seus encontros fora da boate, ela mesmo só saiu uma única vez ao lado de um importante homem de negócios, que não gostava de ficar perambulando em quartos de boates, mas sabia por experiências de outras meninas que sempre iam a motéis. Ela permaneceu calada por todo o caminho e a cada andar que percorriam seu coração acelerava mais um pouco, jurava que se ficasse mais tempo ali ficaria com falta de ar de tanta ansiedade misturada com medo e vergonha
Por Deus nunca tinha se sentido assim
Ao chegarem ao décimo andar saíram direto na ante-sala da suíte do ator e por um momento Lisa se deixou deslumbrar com tudo que via, nunca tinha visto nada parecido, tudo era exageradamente luxuoso. Mas logo o motivo por estar ali falou mais alto em sua mente, fazendo seu estômago contrair novamente.
Taylor jogou a carteira e celular no sofá de qualquer maneira e seguiu para a pequena cozinha depois de sussurrar um “Fique a Vontade” sem saber se ela realmente ficaria, pois para ele mesmo estava sendo difícil. Bebeu um gole de água respirando fundo e voltou para sala a encontrando do mesmo jeito – Cabeça baixa, mãos cruzadas nas costas, mas o que mais o incomodou foi a falta do sorriso que ele sabia ser incrível.
– Estudante de dança? – perguntou tentado não soar rude, queria entender essa mulher de varias facetas.
Mais somente conseguiu que ela pulasse no mesmo lugar, e ela nada respondeu.
Ele podia notar o desconforto que emanava dela, e isso fazia ele se sentir mal. Essa nunca foi sua intenção, mas afinal qual era? Ela era um garota de programa e agora estava em sua suíte, ele pagou por ela. Mais por qual motivo?
– Hey Lisa, esta tudo bem. – Fez uma careta ao pensar se Lisa era realmente o nome dela – Lisa é o seu nome, certo? Quer dizer eu não quero ser rude mais você sabe... – se enrolou com as palavras.
–Lisa. Elisabeth – Disse encontrando sua voz.
– Bom.
Foi até o bar se servindo de uma dose de uísque, solveu a bebida lentamente tentando relaxar, nunca poderia se imaginar em uma situação tão embaraçosa.
– Só quero conversar com você Lisa. – começou de forma mais branda – Eu só me surpreendi ao vê-la no palco daquela boate, eu realmente não esperava por isso. - Foi sincero –Você não era tão calada no parque. – brincou
Lisa soltou um riso de puro nervoso, respirou fundo antes de responder
- Acredite não sou. – umedeceu os lábios ressecados pela vergonha – Sabe como é, você não foi o único que foi pego de surpresa.
– Acredito que não. – disse rindo – Relaxa Lisa, está tudo bem. Quer uma dose?
– Não obrigada.
– Fico imaginando o que uma garota legal como você esta fazendo trabalhando em uma boate como aquela. – Divagou sozinho sorvendo sua bebida.
– Você não iria querer saber ou gostar dessa historia.
– Você me contaria? – perguntou tentando conter sua curiosidade.
“Eu contaria?” Perguntou-se
Estava disposta a reviver tudo o que sofreu depois que pisou nesse país?
– Se você quer ouvir um drama mexicano com direito a lágrimas e dor... – Deu de ombro.
– Devo preparar a pipoca? – Seu jeito engraçado a desarmava.
– Acho que não.
Ela não se sentia a vontade em dividir sua historia, mas contaria até a vida de todas as meninas da boate se isso evitasse as vias de fato desse “encontro”. Não que ele não fosse bonito ou atraente. – Longe disso – Mais por algum motivo sentia que “aquilo” não devia acontecer.
Talvez ele devesse ter escolhido outra garota, não sabia se seria capaz de fazer seu “ trabalho” naquela noite.
Ao olhar novamente para Taylor ela notou que aquele cara em sua frente era o mesmo cara confuso e brincalhão do parque. Aquele cara que mesmo em um assunto serio era capaz de sorrir iluminando tudo ao seu redor.
– Se importa de irmos para o quarto? – Taylor disse com a voz doce – Quero tirar essa roupa e depois podemos conversar.
– Tudo bem.
Taylor foi em sua direção colocando o copo vazio em cima da mesinha ao seu lado e pego sua mão a guiando até o quarto.
– Só um minuto querida.
Enquanto ele se trocava Elisabeth retirou seus saltos sentido alivio ao pisar no chão gelado e prendeu os cabelos em um coque com um elástico.
Lisa correu os olhos pelo espaço notando varias malas espalhadas de qualquer jeito e roupas caindo delas, segurou o riso ao notar o quando ele era bagunceiro, não havia um canto daquele quarto que não tivesse uma verdadeira "Zona".
Logo Taylor retornou ao quarto de banho tomado exalando seu perfume amadeirado por onde passava. Seu cabelo ainda molhado deixando seus cachos ainda mais definidos, estava somente de bermuda e regata deixando seus braços definidos a mostra.
– Okay. Acho que agora estou preparado – Se jogou na cama sentindo seu corpo reclamar, as cenas da noite passada ainda tinha seus efeitos no corpo do moreno, mas já estava acostumado com sua entrega no set.
Sua curiosidade não o deixaria descansar enquanto não desvendasse aquela mulher.
Lisa organizou seus pensamentos antes de começar seu monologo, fixou seu olha na parede a sua frente voltando nas cenas de anos atrás.
- Deixei Savanna há cinco anos ao lado de minha mãe Sarah. Enfim tinha conquistado meu maior sonho – ser aceita na principal escola de arte Alemã - Deixamos tudo para trás começamos do zero aqui. Com o dinheiro da casa compramos um apartamento perto da escola de arte e logo eu comecei as aulas.
Mas a vida pode ser traiçoeira com algumas pessoas, minha felicidade foi interrompida com a descoberta da doença de Sarah, minha mãe estava com um câncer raro - Pleural Mesotheliomathis, ele atinge a camada fina que envolve todos os órgãos e é um câncer muito agressivo é muitas vezes fatal, e foi assim com minha mãe. Tudo aconteceu tão rápido.
Taylor não falou nada, podia notar a dor e desconforto dela ao reviver sua historia. Ela respirou fundo e logo voltou a falar.
- Ela precisava de um tratamento específico e extremamente caro, ainda tínhamos algum dinheiro no banco e começamos o tratamento o quanto antes. Ela fez questão que eu não mudasse meus planos e assim eu fiz. Desdobrar-me era pouco perto do que eu fazia para freqüentar as aulas e cuidar dela ao mesmo tempo, mas logo vieram as receitas com vários remédios, o dinheiro foi acabando e minha mãe definhando a cada maldito dia.
Lisa se joga de qualquer jeito na cama fitando o teto de um branco maculado do hotel de luxo onde estavam.
- Minha mãe estava internada há quatro meses e em uma segunda feira eu notei que não tínhamos mais dinheiro, nem mesmo para pagar a estádia dela no hospital. Eu entrei em desespero - Lisa soltou uma risada nasalada sem humor algum. - Forcei um sorriso para ela e sai do hospital com a desculpa de que iria estudar com uma amiga, andei pelas ruas vizinhas totalmente sem rumo. Foi ai que conheci Fabrício Eytan e em um ato de desespero contei a ele nossa história, ele ouviu tudo sem ao mesmo perguntar nada e depois me fez uma proposta. Me emprestaria todo dinheiro necessário para o tratamento de Sarah, tudo que eu precisasse para salva-la e em troca eu trabalharia para ele. Sempre elogiando minha beleza ele disse que seria fácil para devolver a quantia a ele, eu era jovem e se estivesse disposta a trabalhar seria fácil. Eu perguntei do que seria o trabalho e ele me explicou.
- Você aceitou. – Não foi bem uma pergunta, e Taylor mordeu a língua assim que as palavras saíram. Não queria dar-lhe a impressão de estar julgando a sua vida, longe disso.
- Eu recusei de inicio, mas fiquei com o cartão com o contato dele, no mesmo dia comecei a procurar um emprego, qualquer coisa serviria. Passou-se quase um mês e nada, nem mesmo de garçonete na beira da estrada, meu alemão não era tão bom, o que dificultava tudo. O medico responsável por ela me informou que daria alta no dia seguinte e com isso eu precisaria pagar pelos quase cinco meses de internação sem ter dinheiro algum. Foi minha ultima opção, não tive escolha.
No começo me recusava a fazer programas, apenas dançava nos números da boate, mas eu queria sair dessa vida e... Não me orgulho disso Taylor, mas faria tudo de novo se pudesse salva-la.
- Acho que faria o mesmo em seu lugar.
Um silêncio estranho se espalhou pela suíte. E como se ele não tivesse dito nada ela continuou.
- Infelizmente meus esforços não foram bastante, Sarah faleceu três meses depois e eu acabei assim. – Ergueu os braços mostrando seu corpo – Presa a uma divida.
- Você já começou a pagar? Há quanto tempo foi isso? - Disse sem conseguir controlar sua curiosidade. Aquela menina mulher o estava fascinando.
- Já paguei boa parte, mas eu tenho que me sustentar também. Aquele sacana sabia que isso iria acontece, que isso me prenderia aqui.
- Quanto falta? E o curso de dança?
- Pouco mais de 20 euros. Consegui terminá-lo, prometi a minha mãe que o faria.
- Você acha que ele vai deixar você ir? Pra onde você vai? O que vai fazer? – Ele morde a língua mais uma vez – Desculpe. - diz rindo
Um sorriso se fez presente na face de formas pequenas dela.
- Tudo bem.
Ela virou o rosto na direção do moreno se perdendo em seus olhos castanhos tão expressivos, neles ela viu tudo o que sonhou pra si, mas a muito não se sentia merecedora de tal coisa. Amar e ser amada estavam longe de sua realidade, ela estava fadada ao fracasso.
Sentia-se suja para tal sentimento, qual homem iria querer uma mulher que já esteve nas mãos de tantos. Fechou os olhos para voltar a pensar com clareza novamente.
- Ele não me prende aqui Taylor, não sei o que vou fazer, mas voltarei para Savanna, vou reconstruir minha vida da maneira que puder. Ao menos o que restou dela.
Ele apenas assentiu sem falar nada, em sua cabeça não conseguia compreender como a vida pode ser tão ingrata com pessoas boas como Lisa, ela só queria salvar a vida da mãe.
- Dança pra mim. – sem perceber as palavras escapuliram de seus lábios sem permissão, mas não se arrependeu disso, queria vê-la dançar. Dançar para ele.
- Você me viu dançar na boate. – Disse sentindo seu rosto esquentar.
- Não. Não desse jeito, dance como antes, dance como quiser...
- Hum... OK.
Ainda acanhada ela pegou seu celular e colocou a sua seleção favorita de musicas, começava com as mais calmas, mas melancólicas e gradualmente passava para aquelas mais carnais.
Lisa conversava através do corpo, rodopiando em volta do seu próprio corpo, deslizando chão do quarto do hotel com a leveza de uma pluma. Ela interagia com a música, cantando junto com ela, seus movimentos se tornavam sons. Sua coluna parecia borracha enquanto se alongava. Suas expressões, Ah!... Traziam tudo que guardava em si.
Sua entrega era tanta que não notou os olhos castanhos que não desgrudavam de seus movimentos elegantes. E a cada movimento dela um arrepiou circulava seu corpo.
Ele a queria para si. Queria tomar seu corpo de uma forma que ninguém foi capaz de fazer, queria amá-la.
A queria com toda a sua força.
Arfou a notar as reações do seu corpo ao observá-la – Não que isso fosse raro, sempre foi um homem viril, não precisa muito para despertar tais sentimentos nele. – Mais dessa vez era diferente, tinha um "Q" de fantasia e paixão ali.
Nunca foi de acreditar em amor a primeira vista, mas estava estremecido com a possibilidade de ter tido seu coração arrebatado por ela.
Pela bela moça do parque.
Sem perceber estava a poucos passos dela, sentindo o perfume de seus cabelos que se soltaram do coque com os intensos movimentos.
“Ela é linda” pensou “Perfeita”
Sua língua passou pelos lábios secos de desejo. Desejo por ela.
Com os acordes finais da canção soando ao fundo Taylor deu mais um passo a tomando nos braços em um giro rápido e certeiro a prendendo a si.
Ainda sorrindo, feliz com a súbita fraqueza que sentia, ela abriu os olhos ainda turvos, levantando a cabeça... Foi inevitável seus olhos não se prenderem na intensidade dos olhos castanhos que a fitavam de tão perto.
- Você é uma mulher maravilhosa! – Disse com a voz baixa e rouca. Desejo emanava dela.
Ela riu sem humor.
- Não Taylor, talvez um dia eu tenha sido, agora eu sou apenas uma sombra de uma garota sonhadora. Não tenho dignidade para nada.
Soltou-se dos braços que a cercavam sem olhar em seus olhos.
- Não. Você é linda, inteligente e incrível! – Ele pegou sua mão novamente a trazendo para si – Qualquer homem adoraria de ter nos braços.
Por um segundo ele quis ser esse homem, quis protegê-la de tudo.
Sua mão subiu pelo delicado braço e se emprenhando pelos sedosos cabelos, acariciou sua nuca fitando sua boca avermelhada.
Os dois corações perderam uma batida e com muito esforço Taylor se afastou de Lisa, mesmo querendo como nunca provar seus lábios.
Não queria que fosse assim, não por que ele a comprou e sim por ser o desejo dos dois. Queria ser diferente. Queria ser melhor.
Já Lisa sentiu o gosto da rejeição na ponta da língua, um gosto tão amargo quanto o féu.
- Acho melhor eu ir embora, já se passaram algumas horas – Recolheu suas coisas ao pé da cama sem voltar a olhá-lo – Tenho que voltar
- OH não, fique aqui. Eu, eu...
- O que foi?
- Eu comprei a noite toda – Taylor nunca sentiu seu rosto tão quente como agora, não era de se envergonhar facilmente – Quer dizer, se você quiser ficar vai ser ótimo, eu estou sozinho e os caras vão demorar.
- A noite toda?- Perguntou entre a divertida e a chocada – E você tem fôlego para isso?
Seus olhos se arregalaram ao notar o que disse, não queria dar impressão errada, mas ele apenas riu.
- Você nem imagina. – disse só para provocar, pois tinha notado o embaraço dela. – Vem vou pedir comida pra gente, podíamos ver um filme.
“Apesar de que ver um filme é a ultima coisa que eu quero fazer com você sozinho em um quarto” – mordeu os lábios e resolveu ignorar seus pensamentos, se contentando com a permanência dela consigo.
Deu uma muda de roupa sua para que ela ficasse mais confortável e depois de muita insistência ela aceitou e nesse momento Taylor respirava fundo para controlar a vontade de invadir o banheiro e a tomá-la para si, exatamente como sua mente maldosa fazia questão de fantasiar.
Pediu ao serviço de quarto todo tipo de porcaria – como sua mãe dizia – para os dois. Escutou o chuveiro ser desligado enquanto decidia qual filme assistir.
Encontrava-se em um belo dilema, sabia que garotas gostavam de romance, porem poderia ter cenas mais picantes e não queria deixá-la desconfortável com isso, o mesmo acontecia com comedia, podia escolher terror – esse pensamento o fez sorrir – Tão clichê: A garota se assusta, o agarra e então um beijo acontece. – Chegou a rir dessa besteira sem sentido. Desde quando se importava com isso? Ou melhor: Desde quando precisava disso para conseguir alguma mulher? Nem em sua adolescência foi assim.
Sem saber o que escolher perguntou para Lisa, que tinha acabado de sair do banheiro exalando seu perfume em sua pele, em suas roupas.
Sem nem pensar, e para a surpresa dele a garota escolheu ação, qualquer um que tivesse muitos tiros e efeitos especiais.
- O que aconteceu com os bons e velhos romances ou com os contos de fadas modernos? - implicou
- Eles não existem. - Foi o que respondeu
- Discordo querida - Respondeu com uma voz afeminada a fazendo a rir.
Um sorriso bobo escapou de seus lábios ao ouvir o som de sua risada, nunca se sentiu tão bem assim.
Já se passava das três da manha quando Lisa acordou ao lado do moreno, pode ver por entre as pesadas cortinas que caia uma chuva fraca lá fora, na TV passava um jornal informativo qualquer. Sua cabeça estava apoiada sobre os definidos braços de Taylor e ela ao menos sabia como foi parar ali – Tão próxima, tão grudada nele – Só sabia o quão bom isso era, aquecia seu coração de uma maneira inigualável. Tentou se afastar, mas ele a apertou rente a si novamente e sem pensar muito resolveu se render ao aconchego de seus braços.
Era apenas uma noite, somente um abraço.
Estava tão cansada de afastar as pessoas de si por puro medo, sempre o maldito medo da perda. Tornou-se alguém fria aos olhos dos que a cercavam, jurou não ser fraca, não chorar, não se entregar... Mais no fundo só queria um colo, carinho, se sentir protegida – assim como estava se sentindo agora nos braços de um estranho, um estranho que não estaria ali amanhã.
Virou o rosto na direção dele e sorriu, nem se lembrava a ultima vez que sorriu tanto assim, na verdade não sabia mais o que era isso.
“Ele é tão lindo."
“Queria que tudo fosse diferente." pensou.
Passou a mão levemente em seu rosto relaxado do sono, parecia um menino. – Um grande menino travesso, com direito a biquinho é tudo. Sorriu.
“Simplesmente lindo.”
Simplesmente inalcançável.
Desenhou sua boca com a ponta dos dedos imaginando o sabor de seus lábios e se entregou ao sono.
O único lugar onde poderia ficar com o belo ator.
Um celular tocava em algum canto do quarto fazendo Taylor despertar, ao olhar para o lado se deparando com Lisa dormindo tranquilamente, resolveu levantar antes de acordá-la. Achou o celular no mesa de jantar da espaçosa suíte.
–Fala. – sussurrou
–Sei que a noite foi boa, mais está na hora de partir Don Juan. – Disse Ryan – Saímos em 1 hora, sem atraso, sabe como esses alemães são certinhos. Já fez as malas?
–Cara, devagar acabei de acordar. E sim já fiz as malas – Mentiu
–Sei que sim. – desdenhou – Quer que eu mande o café da manhã?
–Muito cedo – Disse olhando no relógio que marcava 5h39min
– Okay. 59 minutos Taylor, não atrase.
– Ryan. – Chamou mordeu a ponta da língua. Olhou pela porta aberta que separava o quarto do resto da suíte, Lisa dormia tranqüila em um sono profundo. Sentiu seu coração apertar – Faz uma coisa pra mim?
– Fala cara.
– Paga a diária do quarto, paga tudo que ela possa querer hoje.
– Ela? A garota de programa?
Respirou fundo.
– Não Ryan, para a Lisa – Coçou a cabeça sem jeito –Só faça, ok?
–Certo chefe. Mas...
–Sem perguntas. – O cortou
– Ok. 57 min...
Taylor desligou sem ao menos escutar o final da frase. Ryan era um dos seus melhores amigos, mais sabia ser chato quando queria.
Olhou mais uma vez para a garota deitada na cama com vontade de voltar para lá.
“Merda” foi tudo o que disse ao se dirigir ao banheiro fora do quarto para não acordá-la.
Juntou suas roupas de qualquer jeito ao notar que ficou tempo demais pensando sobre o chuveiro, fechou os olhos ao se aproximar da cama com a roupa dela já devidamente limpa colocando na poltrona ao lado.
Na cama ao lado dela deixou sua corrente, que tinha a muitos anos, queria que ela se lembrasse dele assim como ele sempre se lembraria dela, a doce menina do parque. Agachou em sua frente tirando uma mecha de seu rosto, sentiu seu peito aquecer.
Com pesar pressionou seus lábios levemente nos dela e ahh... Inexplicável foi a sensação do mais leve roçar de lábios.
“Merda!” pensou
Levantou pegando sua mala no canto do quarto, saiu da suíte sem olhar para trás.
Já do outro lado da cidade o moreno se encontrava sentado no confortável assento do seu jatinho particular, mais seus olhos não se desgrudavam da janela, nunca quis ficar tanto em uma cidade com agora.
– Hey! – Disse Tarik sentando na poltrona ao lado – Acorda cara, a noite foi tão boa assim?
– Do que você esta falando? – Desconversou
– Nem vem, eu e o Ryan vimos você sumir com a ruivinha.
Sorriu sem graça.
– A sua namorada sabe que você foi a uma boate de stripers? – Taylor ergueu as sobrancelhas o encarando – Sabe como é, sempre tem alguém que pode contar.
– Que isso cara, você sabe que eu só olho. Minha gata selvagem esta me esperando em casa para tirarmos...
– Okay. Ja entendi. – Falou rindo
Seus olhos voltaram para a janela ao sentir o jatinho ganhar velocidade.
- O que você tem cara? – A pergunta saiu baixa, quase como se fosse um segredo.
– Eu não sei Tarik. Não sei.
Quase meia hora depois Lisa desperta sozinha no quarto, sai a procura do moreno pela suíte, mais logo nota que não a nada dele por ali, suas malas não estão mais no canto do quarto. Somente seu cheiro a faz companhia. Logo nota suas roupas lavadas e passadas na poltrona extremamente branca.
Sentiu um desconforto em seu peito, um sentimento ruim além da sua conhecida solidão. Ela realmente gostou dele e agora se recriminava por isso, mais ao levar seus olhos para a cama ela avista a corrente que estava no pescoço do moreno.
O girou na mão pegando também a folha de papel que estava junto. Ali em uma caligrafia rústica e até elegante estavam as palavras que fizeram seu coração disparar e a palma da mão suar. Sem duvidas nunca encontrou alguém tão especial como Taylor.
“Só queria ter te encontrado antes disso tudo." Disse ao vento. Colocando o papel com cuidado na cama foi até a janela ainda com a corrente nas mãos, agarrado ao peito.
Pela janela pode ver um pouco do aeroporto da cidade, onde agora uma das pessoas mais importantes para ela estava indo embora, levando um pedacinho de seu coração junto. Sorriu com carinho ao sussurrar
“Obrigada. Eu nunca serei capaz de te esquecer."
Olhou mais uma vez para a cama onde agora estava o que mudaria sua vida.
Um bilhete com poucas frases.
Um cheque de trinta mil euros.
Uma esperança de mudar de vida.
"Bom Dia, Querida
Perdoe-me por não ter te acordado, mas eu não conseguiria dizer Adeus
Não me pergunte o porquê.
Obrigado por me fazer me sentir leve.
Esta vendo esse cheque? Mude sua vida! Eu acredito em você!
Você é especial garota, nunca esqueça disso!
Nunca esqueça de mim.
Com amor, Taylor”
PS: Te vejo na California.
Desabou na cadeira do camarim, que dividia com as outras dançarinas, ainda com o coração na boca. Rezava a Deus para que a imagem que tinha visto fosse apenas sua mente lhe pregando uma peça por ter passado o dia pensando em um certo moreno de sorriso radiante. Sua mente só podia estar lhe traindo.
Prendeu seus cabelos cor de mel em um coque mal feito enquanto tentava controlar sua respiração, passou as mãos pelo rosto e nuca, mais logo o que restava da sua paz foi drenada ao ouvir o burburinho e agitação a sua volta.
As garotas que dançavam ao seu lado no palco se espalharam pelo pequeno camarim falando todas ao mesmo tempo eufóricas, a única coisa que conseguiu entender na misturas de vozes o nome que tanto queria evitar.
Taylor Lautner!
Seu corpo afundou ainda mais na cadeira de couro vermelha. Ela só queria entender por que com tantas boates desse tipo em Munique ele escolheu logo essa, logo a boate em que ela trabalhava.
Como era azarada.
–Ele é tão lindo, acho que estou apaixonada – Ouviu uma das garotas falar.
–Meu bem, com o dinheiro que ele tem nem precisava ser bonito – Sarah, uma das mulheres mais experientes da boate, disse arrancando risadas de todas.
Tudo que Lisa queria era sumir, se enfiar em um buraco e nunca mais sair, a vergonha estava consumindo até sua alma.
–Ele não escolheu ninguém – Mia falou.
– Isso por que ele estava me esperando – A voz de Rachel se sobressaiu entre todas.
Não seria novidade se ela fosse à escolhida, Rachel era linda e muito disputada. Para Lisa o motivo de ela estar naquela boate era um verdadeiro mistério, pois com sua beleza poderia facilmente ser uma modelo famosa, o que a fazia ter certeza que o motivo, assim como o seu, não era vaidade ou luxuria, muito menos por querer algo fácil. Pois esse trabalho não tinha nada de fácil, como todos julgam.
Infelizmente essa e a primeira coisa que vem a cabeça de uma pessoa que conhece uma garota de programa, mais poucos são os casos de envolvimento por ambição ou luxuria. A maioria das mulheres nessa casa compartilha uma historia de vida cheia de idas e vindas, cheia de sofrimento até chegar aqui.
–Elisabeth – Bryan o segundo no comando da boate a despertou de seus conflitos.
– Oi – Falei soltando a respiração que não tinha notado que prendia.
–Cliente sortudo para uma garota sortuda. – Sorriu erguendo as sobrancelhas – Taylor Lautner está esperando você.
–Quem? – Lisa e todas as garotas falaram juntas e logo o burburinho começou com força total.
–Não – Disse firme – Eu não vou! – Falou mais alto atraindo a atenção para si.
–Esta louca? – Um das garotas gritou.
–Se ela não quer, eu vou – Uma delas disse, mais Lisa nem se deu o trabalho de notar quem foi, só queria fugir dessa situação.
–Como não? – Bryan a olhou serio, era um cara legal, mais não gostava de ser contrariado nunca, tinha pulso firma no negocio que tinha com o irmão. – Não lhe dei opções Elisabeth, esta aqui para trabalhar, esqueceu que tem que atender ao menos um cliente por noite.
–Eu sei, conheço as regras muito bem, mas... Bryan eu não quero atende-lo, tem tantas garotas aqui. – falou olhando em voltas e todas prestavam atenção em cada palavra dita por eles – Aposto que elas iriam sem nem pensar! Por favor, eu realmente não quero.
– E eu posso saber por que não? – Ele pergunto inflexível.
Ela somente balançou a cabeça sem ter palavras para explicar sua recusa. O que iria falar?Que o conheceu hoje cedo no parque e que agora estava com vergonha até mesmo de respirar perto dele? Nunca.
–Por favor – Sussurrou.
–Cinco minutos, Elisabeth. Se arrume ele ira sair com você – Disse já passando pelas portas duplas – Não o faça esperar.
A vontade que teve foi de chorar, mais chorar de raiva por não ter mais controle de sua própria vida, por tê-la perdido há anos atrás e como ela sua dignidade.
Tomou um banho rápido, apenas para tirar o suor do corpo e colocou uma calça jeans e blusa preta de qualquer banda que tinha no armário da boate – sempre mantinha uma ou duas peças de roupas para momento como esses em que saiam da casa com seus clientes, que na maioria das vezes eram homens conhecidos e não podia dar a entender que se tratava de prostitutas as ao seu lado.
Logo Bryan veio novamente, sempre enfatizando o prazer do cliente e todo aquele papo que tanto a enojava.
Passaram pelo salão, onde poucos homens estavam sempre cercados pelas mulheres e bebidas, e ao chegar ao corredor que saia para os fundos da boate Lisa o viu, estava ainda mais lindo do que ela conseguia se lembrar, encostado na parede enquanto falava ao celular.
Ele era muito charmoso, não podia negar.
Assim que Taylor levantou o olhar em sua direção ela rapidamente abaixou a cabeça, evitando seu contato, somente ouviu a troca de informações irrelevantes e logo depois se despedirem, sentiu a mão dele roçar em suas costas a fazendo caminhar. Saíram pela porta dos fundos da boate quando um carro que já estacionava próximo. Ela não ousou levantar o olhar para o moreno ao seu lado.
Nunca se sentiu tão mal, tão humilhada como agora. Nem mesmo no seu primeiro dia ali se sentiu de tal forma.
Sentia-se suja
Tinha sido pega de surpresa ao vê-lo no local, sentia vergonha acima de tudo.
Taylor também não sabia ao certo o que fazer ou pensar, quase não acreditou no que seus olhos viam quando Lisa subiu ao palco. Apesar da diferença na roupa e na postura era a mesma garota doce e sincera do parque, que o aconselhou e fez que admitisse seus erros como ninguém fez.
– Valeu Dre. – Disse ao pegar as chaves do carro que seu segurança e amigo lançou pelo ar. Dre notou a tensão que emanava dos dois, não pareciam uma garota de programa e seu cliente e sim um casal preste a ter um “DR”. Era observador, sua profissão exigia isso, mas tão pouco iria se meter na vida do amigo.
– Qualquer coisa me liga. – Não resistiu em dizer, porém Taylor somente assentiu já abrindo a porta do carona para Lisa e logo depois de acomodando na direção do veiculo.
Dirigiu em silencio pelas ruas geladas e quase sem movimento da cidade Alemã, dentro do carro só se ouvia o barulho de suas respirações, mas em ambas as mentes pareciam ter um ninho de mariposas que lhes tiravam o juízo.
Perdidos em pensamentos, logo chegaram ao Hotel onde ele e toda a equipe estavam hospedados. Taylor respirou fundo ao desligar o motor, o manobrista do hotel já se encontrava ao lado do carro pronto para guardá-lo, mas nenhum deles estava pronto para sair dali e enfrentar um ao outro. O moreno soltou o volante sentindo seus dedos protestarem, só se dando conta nesse momento da força exagerada que estava usando para segura-lo.
Arriscou dar uma olhadela para a garota ao seu lado ao abrir a porta do carro para entregar a chave ao rapaz loiro que aguardava, deu a volta no carro e abriu a porta, despertando Lisa de seus pensamentos. Seguiram pelo saguão do luxuoso hotel indo direto para o elevador.
Lisa se perguntava por que ele a levou para lá, ao invés de um motel tradicional, poucas meninas faziam seus encontros fora da boate, ela mesmo só saiu uma única vez ao lado de um importante homem de negócios, que não gostava de ficar perambulando em quartos de boates, mas sabia por experiências de outras meninas que sempre iam a motéis. Ela permaneceu calada por todo o caminho e a cada andar que percorriam seu coração acelerava mais um pouco, jurava que se ficasse mais tempo ali ficaria com falta de ar de tanta ansiedade misturada com medo e vergonha
Por Deus nunca tinha se sentido assim
Ao chegarem ao décimo andar saíram direto na ante-sala da suíte do ator e por um momento Lisa se deixou deslumbrar com tudo que via, nunca tinha visto nada parecido, tudo era exageradamente luxuoso. Mas logo o motivo por estar ali falou mais alto em sua mente, fazendo seu estômago contrair novamente.
Taylor jogou a carteira e celular no sofá de qualquer maneira e seguiu para a pequena cozinha depois de sussurrar um “Fique a Vontade” sem saber se ela realmente ficaria, pois para ele mesmo estava sendo difícil. Bebeu um gole de água respirando fundo e voltou para sala a encontrando do mesmo jeito – Cabeça baixa, mãos cruzadas nas costas, mas o que mais o incomodou foi a falta do sorriso que ele sabia ser incrível.
– Estudante de dança? – perguntou tentado não soar rude, queria entender essa mulher de varias facetas.
Mais somente conseguiu que ela pulasse no mesmo lugar, e ela nada respondeu.
Ele podia notar o desconforto que emanava dela, e isso fazia ele se sentir mal. Essa nunca foi sua intenção, mas afinal qual era? Ela era um garota de programa e agora estava em sua suíte, ele pagou por ela. Mais por qual motivo?
– Hey Lisa, esta tudo bem. – Fez uma careta ao pensar se Lisa era realmente o nome dela – Lisa é o seu nome, certo? Quer dizer eu não quero ser rude mais você sabe... – se enrolou com as palavras.
–Lisa. Elisabeth – Disse encontrando sua voz.
– Bom.
Foi até o bar se servindo de uma dose de uísque, solveu a bebida lentamente tentando relaxar, nunca poderia se imaginar em uma situação tão embaraçosa.
– Só quero conversar com você Lisa. – começou de forma mais branda – Eu só me surpreendi ao vê-la no palco daquela boate, eu realmente não esperava por isso. - Foi sincero –Você não era tão calada no parque. – brincou
Lisa soltou um riso de puro nervoso, respirou fundo antes de responder
- Acredite não sou. – umedeceu os lábios ressecados pela vergonha – Sabe como é, você não foi o único que foi pego de surpresa.
– Acredito que não. – disse rindo – Relaxa Lisa, está tudo bem. Quer uma dose?
– Não obrigada.
– Fico imaginando o que uma garota legal como você esta fazendo trabalhando em uma boate como aquela. – Divagou sozinho sorvendo sua bebida.
– Você não iria querer saber ou gostar dessa historia.
– Você me contaria? – perguntou tentando conter sua curiosidade.
“Eu contaria?” Perguntou-se
Estava disposta a reviver tudo o que sofreu depois que pisou nesse país?
– Se você quer ouvir um drama mexicano com direito a lágrimas e dor... – Deu de ombro.
– Devo preparar a pipoca? – Seu jeito engraçado a desarmava.
– Acho que não.
Ela não se sentia a vontade em dividir sua historia, mas contaria até a vida de todas as meninas da boate se isso evitasse as vias de fato desse “encontro”. Não que ele não fosse bonito ou atraente. – Longe disso – Mais por algum motivo sentia que “aquilo” não devia acontecer.
Talvez ele devesse ter escolhido outra garota, não sabia se seria capaz de fazer seu “ trabalho” naquela noite.
Ao olhar novamente para Taylor ela notou que aquele cara em sua frente era o mesmo cara confuso e brincalhão do parque. Aquele cara que mesmo em um assunto serio era capaz de sorrir iluminando tudo ao seu redor.
– Se importa de irmos para o quarto? – Taylor disse com a voz doce – Quero tirar essa roupa e depois podemos conversar.
– Tudo bem.
Taylor foi em sua direção colocando o copo vazio em cima da mesinha ao seu lado e pego sua mão a guiando até o quarto.
– Só um minuto querida.
Enquanto ele se trocava Elisabeth retirou seus saltos sentido alivio ao pisar no chão gelado e prendeu os cabelos em um coque com um elástico.
Lisa correu os olhos pelo espaço notando varias malas espalhadas de qualquer jeito e roupas caindo delas, segurou o riso ao notar o quando ele era bagunceiro, não havia um canto daquele quarto que não tivesse uma verdadeira "Zona".
Logo Taylor retornou ao quarto de banho tomado exalando seu perfume amadeirado por onde passava. Seu cabelo ainda molhado deixando seus cachos ainda mais definidos, estava somente de bermuda e regata deixando seus braços definidos a mostra.
– Okay. Acho que agora estou preparado – Se jogou na cama sentindo seu corpo reclamar, as cenas da noite passada ainda tinha seus efeitos no corpo do moreno, mas já estava acostumado com sua entrega no set.
Sua curiosidade não o deixaria descansar enquanto não desvendasse aquela mulher.
Lisa organizou seus pensamentos antes de começar seu monologo, fixou seu olha na parede a sua frente voltando nas cenas de anos atrás.
- Deixei Savanna há cinco anos ao lado de minha mãe Sarah. Enfim tinha conquistado meu maior sonho – ser aceita na principal escola de arte Alemã - Deixamos tudo para trás começamos do zero aqui. Com o dinheiro da casa compramos um apartamento perto da escola de arte e logo eu comecei as aulas.
Mas a vida pode ser traiçoeira com algumas pessoas, minha felicidade foi interrompida com a descoberta da doença de Sarah, minha mãe estava com um câncer raro - Pleural Mesotheliomathis, ele atinge a camada fina que envolve todos os órgãos e é um câncer muito agressivo é muitas vezes fatal, e foi assim com minha mãe. Tudo aconteceu tão rápido.
Taylor não falou nada, podia notar a dor e desconforto dela ao reviver sua historia. Ela respirou fundo e logo voltou a falar.
- Ela precisava de um tratamento específico e extremamente caro, ainda tínhamos algum dinheiro no banco e começamos o tratamento o quanto antes. Ela fez questão que eu não mudasse meus planos e assim eu fiz. Desdobrar-me era pouco perto do que eu fazia para freqüentar as aulas e cuidar dela ao mesmo tempo, mas logo vieram as receitas com vários remédios, o dinheiro foi acabando e minha mãe definhando a cada maldito dia.
Lisa se joga de qualquer jeito na cama fitando o teto de um branco maculado do hotel de luxo onde estavam.
- Minha mãe estava internada há quatro meses e em uma segunda feira eu notei que não tínhamos mais dinheiro, nem mesmo para pagar a estádia dela no hospital. Eu entrei em desespero - Lisa soltou uma risada nasalada sem humor algum. - Forcei um sorriso para ela e sai do hospital com a desculpa de que iria estudar com uma amiga, andei pelas ruas vizinhas totalmente sem rumo. Foi ai que conheci Fabrício Eytan e em um ato de desespero contei a ele nossa história, ele ouviu tudo sem ao mesmo perguntar nada e depois me fez uma proposta. Me emprestaria todo dinheiro necessário para o tratamento de Sarah, tudo que eu precisasse para salva-la e em troca eu trabalharia para ele. Sempre elogiando minha beleza ele disse que seria fácil para devolver a quantia a ele, eu era jovem e se estivesse disposta a trabalhar seria fácil. Eu perguntei do que seria o trabalho e ele me explicou.
- Você aceitou. – Não foi bem uma pergunta, e Taylor mordeu a língua assim que as palavras saíram. Não queria dar-lhe a impressão de estar julgando a sua vida, longe disso.
- Eu recusei de inicio, mas fiquei com o cartão com o contato dele, no mesmo dia comecei a procurar um emprego, qualquer coisa serviria. Passou-se quase um mês e nada, nem mesmo de garçonete na beira da estrada, meu alemão não era tão bom, o que dificultava tudo. O medico responsável por ela me informou que daria alta no dia seguinte e com isso eu precisaria pagar pelos quase cinco meses de internação sem ter dinheiro algum. Foi minha ultima opção, não tive escolha.
No começo me recusava a fazer programas, apenas dançava nos números da boate, mas eu queria sair dessa vida e... Não me orgulho disso Taylor, mas faria tudo de novo se pudesse salva-la.
- Acho que faria o mesmo em seu lugar.
Um silêncio estranho se espalhou pela suíte. E como se ele não tivesse dito nada ela continuou.
- Infelizmente meus esforços não foram bastante, Sarah faleceu três meses depois e eu acabei assim. – Ergueu os braços mostrando seu corpo – Presa a uma divida.
- Você já começou a pagar? Há quanto tempo foi isso? - Disse sem conseguir controlar sua curiosidade. Aquela menina mulher o estava fascinando.
- Já paguei boa parte, mas eu tenho que me sustentar também. Aquele sacana sabia que isso iria acontece, que isso me prenderia aqui.
- Quanto falta? E o curso de dança?
- Pouco mais de 20 euros. Consegui terminá-lo, prometi a minha mãe que o faria.
- Você acha que ele vai deixar você ir? Pra onde você vai? O que vai fazer? – Ele morde a língua mais uma vez – Desculpe. - diz rindo
Um sorriso se fez presente na face de formas pequenas dela.
- Tudo bem.
Ela virou o rosto na direção do moreno se perdendo em seus olhos castanhos tão expressivos, neles ela viu tudo o que sonhou pra si, mas a muito não se sentia merecedora de tal coisa. Amar e ser amada estavam longe de sua realidade, ela estava fadada ao fracasso.
Sentia-se suja para tal sentimento, qual homem iria querer uma mulher que já esteve nas mãos de tantos. Fechou os olhos para voltar a pensar com clareza novamente.
- Ele não me prende aqui Taylor, não sei o que vou fazer, mas voltarei para Savanna, vou reconstruir minha vida da maneira que puder. Ao menos o que restou dela.
Ele apenas assentiu sem falar nada, em sua cabeça não conseguia compreender como a vida pode ser tão ingrata com pessoas boas como Lisa, ela só queria salvar a vida da mãe.
- Dança pra mim. – sem perceber as palavras escapuliram de seus lábios sem permissão, mas não se arrependeu disso, queria vê-la dançar. Dançar para ele.
- Você me viu dançar na boate. – Disse sentindo seu rosto esquentar.
- Não. Não desse jeito, dance como antes, dance como quiser...
- Hum... OK.
Ainda acanhada ela pegou seu celular e colocou a sua seleção favorita de musicas, começava com as mais calmas, mas melancólicas e gradualmente passava para aquelas mais carnais.
Lisa conversava através do corpo, rodopiando em volta do seu próprio corpo, deslizando chão do quarto do hotel com a leveza de uma pluma. Ela interagia com a música, cantando junto com ela, seus movimentos se tornavam sons. Sua coluna parecia borracha enquanto se alongava. Suas expressões, Ah!... Traziam tudo que guardava em si.
Sua entrega era tanta que não notou os olhos castanhos que não desgrudavam de seus movimentos elegantes. E a cada movimento dela um arrepiou circulava seu corpo.
Ele a queria para si. Queria tomar seu corpo de uma forma que ninguém foi capaz de fazer, queria amá-la.
A queria com toda a sua força.
Arfou a notar as reações do seu corpo ao observá-la – Não que isso fosse raro, sempre foi um homem viril, não precisa muito para despertar tais sentimentos nele. – Mais dessa vez era diferente, tinha um "Q" de fantasia e paixão ali.
Nunca foi de acreditar em amor a primeira vista, mas estava estremecido com a possibilidade de ter tido seu coração arrebatado por ela.
Pela bela moça do parque.
Sem perceber estava a poucos passos dela, sentindo o perfume de seus cabelos que se soltaram do coque com os intensos movimentos.
“Ela é linda” pensou “Perfeita”
Sua língua passou pelos lábios secos de desejo. Desejo por ela.
Com os acordes finais da canção soando ao fundo Taylor deu mais um passo a tomando nos braços em um giro rápido e certeiro a prendendo a si.
Ainda sorrindo, feliz com a súbita fraqueza que sentia, ela abriu os olhos ainda turvos, levantando a cabeça... Foi inevitável seus olhos não se prenderem na intensidade dos olhos castanhos que a fitavam de tão perto.
- Você é uma mulher maravilhosa! – Disse com a voz baixa e rouca. Desejo emanava dela.
Ela riu sem humor.
- Não Taylor, talvez um dia eu tenha sido, agora eu sou apenas uma sombra de uma garota sonhadora. Não tenho dignidade para nada.
Soltou-se dos braços que a cercavam sem olhar em seus olhos.
- Não. Você é linda, inteligente e incrível! – Ele pegou sua mão novamente a trazendo para si – Qualquer homem adoraria de ter nos braços.
Por um segundo ele quis ser esse homem, quis protegê-la de tudo.
Sua mão subiu pelo delicado braço e se emprenhando pelos sedosos cabelos, acariciou sua nuca fitando sua boca avermelhada.
Os dois corações perderam uma batida e com muito esforço Taylor se afastou de Lisa, mesmo querendo como nunca provar seus lábios.
Não queria que fosse assim, não por que ele a comprou e sim por ser o desejo dos dois. Queria ser diferente. Queria ser melhor.
Já Lisa sentiu o gosto da rejeição na ponta da língua, um gosto tão amargo quanto o féu.
- Acho melhor eu ir embora, já se passaram algumas horas – Recolheu suas coisas ao pé da cama sem voltar a olhá-lo – Tenho que voltar
- OH não, fique aqui. Eu, eu...
- O que foi?
- Eu comprei a noite toda – Taylor nunca sentiu seu rosto tão quente como agora, não era de se envergonhar facilmente – Quer dizer, se você quiser ficar vai ser ótimo, eu estou sozinho e os caras vão demorar.
- A noite toda?- Perguntou entre a divertida e a chocada – E você tem fôlego para isso?
Seus olhos se arregalaram ao notar o que disse, não queria dar impressão errada, mas ele apenas riu.
- Você nem imagina. – disse só para provocar, pois tinha notado o embaraço dela. – Vem vou pedir comida pra gente, podíamos ver um filme.
“Apesar de que ver um filme é a ultima coisa que eu quero fazer com você sozinho em um quarto” – mordeu os lábios e resolveu ignorar seus pensamentos, se contentando com a permanência dela consigo.
Deu uma muda de roupa sua para que ela ficasse mais confortável e depois de muita insistência ela aceitou e nesse momento Taylor respirava fundo para controlar a vontade de invadir o banheiro e a tomá-la para si, exatamente como sua mente maldosa fazia questão de fantasiar.
Pediu ao serviço de quarto todo tipo de porcaria – como sua mãe dizia – para os dois. Escutou o chuveiro ser desligado enquanto decidia qual filme assistir.
Encontrava-se em um belo dilema, sabia que garotas gostavam de romance, porem poderia ter cenas mais picantes e não queria deixá-la desconfortável com isso, o mesmo acontecia com comedia, podia escolher terror – esse pensamento o fez sorrir – Tão clichê: A garota se assusta, o agarra e então um beijo acontece. – Chegou a rir dessa besteira sem sentido. Desde quando se importava com isso? Ou melhor: Desde quando precisava disso para conseguir alguma mulher? Nem em sua adolescência foi assim.
Sem saber o que escolher perguntou para Lisa, que tinha acabado de sair do banheiro exalando seu perfume em sua pele, em suas roupas.
Sem nem pensar, e para a surpresa dele a garota escolheu ação, qualquer um que tivesse muitos tiros e efeitos especiais.
- O que aconteceu com os bons e velhos romances ou com os contos de fadas modernos? - implicou
- Eles não existem. - Foi o que respondeu
- Discordo querida - Respondeu com uma voz afeminada a fazendo a rir.
Um sorriso bobo escapou de seus lábios ao ouvir o som de sua risada, nunca se sentiu tão bem assim.
Já se passava das três da manha quando Lisa acordou ao lado do moreno, pode ver por entre as pesadas cortinas que caia uma chuva fraca lá fora, na TV passava um jornal informativo qualquer. Sua cabeça estava apoiada sobre os definidos braços de Taylor e ela ao menos sabia como foi parar ali – Tão próxima, tão grudada nele – Só sabia o quão bom isso era, aquecia seu coração de uma maneira inigualável. Tentou se afastar, mas ele a apertou rente a si novamente e sem pensar muito resolveu se render ao aconchego de seus braços.
Era apenas uma noite, somente um abraço.
Estava tão cansada de afastar as pessoas de si por puro medo, sempre o maldito medo da perda. Tornou-se alguém fria aos olhos dos que a cercavam, jurou não ser fraca, não chorar, não se entregar... Mais no fundo só queria um colo, carinho, se sentir protegida – assim como estava se sentindo agora nos braços de um estranho, um estranho que não estaria ali amanhã.
Virou o rosto na direção dele e sorriu, nem se lembrava a ultima vez que sorriu tanto assim, na verdade não sabia mais o que era isso.
“Ele é tão lindo."
“Queria que tudo fosse diferente." pensou.
Passou a mão levemente em seu rosto relaxado do sono, parecia um menino. – Um grande menino travesso, com direito a biquinho é tudo. Sorriu.
“Simplesmente lindo.”
Simplesmente inalcançável.
Desenhou sua boca com a ponta dos dedos imaginando o sabor de seus lábios e se entregou ao sono.
O único lugar onde poderia ficar com o belo ator.
Um celular tocava em algum canto do quarto fazendo Taylor despertar, ao olhar para o lado se deparando com Lisa dormindo tranquilamente, resolveu levantar antes de acordá-la. Achou o celular no mesa de jantar da espaçosa suíte.
–Fala. – sussurrou
–Sei que a noite foi boa, mais está na hora de partir Don Juan. – Disse Ryan – Saímos em 1 hora, sem atraso, sabe como esses alemães são certinhos. Já fez as malas?
–Cara, devagar acabei de acordar. E sim já fiz as malas – Mentiu
–Sei que sim. – desdenhou – Quer que eu mande o café da manhã?
–Muito cedo – Disse olhando no relógio que marcava 5h39min
– Okay. 59 minutos Taylor, não atrase.
– Ryan. – Chamou mordeu a ponta da língua. Olhou pela porta aberta que separava o quarto do resto da suíte, Lisa dormia tranqüila em um sono profundo. Sentiu seu coração apertar – Faz uma coisa pra mim?
– Fala cara.
– Paga a diária do quarto, paga tudo que ela possa querer hoje.
– Ela? A garota de programa?
Respirou fundo.
– Não Ryan, para a Lisa – Coçou a cabeça sem jeito –Só faça, ok?
–Certo chefe. Mas...
–Sem perguntas. – O cortou
– Ok. 57 min...
Taylor desligou sem ao menos escutar o final da frase. Ryan era um dos seus melhores amigos, mais sabia ser chato quando queria.
Olhou mais uma vez para a garota deitada na cama com vontade de voltar para lá.
“Merda” foi tudo o que disse ao se dirigir ao banheiro fora do quarto para não acordá-la.
Juntou suas roupas de qualquer jeito ao notar que ficou tempo demais pensando sobre o chuveiro, fechou os olhos ao se aproximar da cama com a roupa dela já devidamente limpa colocando na poltrona ao lado.
Na cama ao lado dela deixou sua corrente, que tinha a muitos anos, queria que ela se lembrasse dele assim como ele sempre se lembraria dela, a doce menina do parque. Agachou em sua frente tirando uma mecha de seu rosto, sentiu seu peito aquecer.
Com pesar pressionou seus lábios levemente nos dela e ahh... Inexplicável foi a sensação do mais leve roçar de lábios.
“Merda!” pensou
Levantou pegando sua mala no canto do quarto, saiu da suíte sem olhar para trás.
Já do outro lado da cidade o moreno se encontrava sentado no confortável assento do seu jatinho particular, mais seus olhos não se desgrudavam da janela, nunca quis ficar tanto em uma cidade com agora.
– Hey! – Disse Tarik sentando na poltrona ao lado – Acorda cara, a noite foi tão boa assim?
– Do que você esta falando? – Desconversou
– Nem vem, eu e o Ryan vimos você sumir com a ruivinha.
Sorriu sem graça.
– A sua namorada sabe que você foi a uma boate de stripers? – Taylor ergueu as sobrancelhas o encarando – Sabe como é, sempre tem alguém que pode contar.
– Que isso cara, você sabe que eu só olho. Minha gata selvagem esta me esperando em casa para tirarmos...
– Okay. Ja entendi. – Falou rindo
Seus olhos voltaram para a janela ao sentir o jatinho ganhar velocidade.
- O que você tem cara? – A pergunta saiu baixa, quase como se fosse um segredo.
– Eu não sei Tarik. Não sei.
Quase meia hora depois Lisa desperta sozinha no quarto, sai a procura do moreno pela suíte, mais logo nota que não a nada dele por ali, suas malas não estão mais no canto do quarto. Somente seu cheiro a faz companhia. Logo nota suas roupas lavadas e passadas na poltrona extremamente branca.
Sentiu um desconforto em seu peito, um sentimento ruim além da sua conhecida solidão. Ela realmente gostou dele e agora se recriminava por isso, mais ao levar seus olhos para a cama ela avista a corrente que estava no pescoço do moreno.
O girou na mão pegando também a folha de papel que estava junto. Ali em uma caligrafia rústica e até elegante estavam as palavras que fizeram seu coração disparar e a palma da mão suar. Sem duvidas nunca encontrou alguém tão especial como Taylor.
“Só queria ter te encontrado antes disso tudo." Disse ao vento. Colocando o papel com cuidado na cama foi até a janela ainda com a corrente nas mãos, agarrado ao peito.
Pela janela pode ver um pouco do aeroporto da cidade, onde agora uma das pessoas mais importantes para ela estava indo embora, levando um pedacinho de seu coração junto. Sorriu com carinho ao sussurrar
“Obrigada. Eu nunca serei capaz de te esquecer."
Olhou mais uma vez para a cama onde agora estava o que mudaria sua vida.
Um bilhete com poucas frases.
Um cheque de trinta mil euros.
Uma esperança de mudar de vida.
"Bom Dia, Querida
Perdoe-me por não ter te acordado, mas eu não conseguiria dizer Adeus
Não me pergunte o porquê.
Obrigado por me fazer me sentir leve.
Esta vendo esse cheque? Mude sua vida! Eu acredito em você!
Você é especial garota, nunca esqueça disso!
Nunca esqueça de mim.
Com amor, Taylor”
PS: Te vejo na California.
![Taylor Lautner JB [FANFICS]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHTGoIs8t1Lp70uOln0Mvys0kDTuSwodnnn_m8k3UTZCwtzHg19ZdtvP9Ceb8kjaD18t_W08EgJYiFFDWTwHB1EzNfes3GhhrAtG6C5m1d7lOUwkOT0sqkz5hNwLqlLBY_ptJEtrDtfok/s1600/tljb+fanfics.png) 



 


